CICLO
Um Século de Cinema Romeno


Se existe um “cinema nacional” que mereça celebração especial nos últimos dez anos, esse é, sem dúvida, o cinema romeno. Desde que Cristian Mungiu recebeu uma Palma de Ouro, em 2007, por 4 MESES, 3 SEMANAS, 2 DIAS, que o cinema romeno tem sido alvo de distribuição regular pelo mundo inteiro (Portugal incluído, seja no circuito comercial como no circuito dos festivais). A nível europeu, o cinema romeno é aquele que apresenta, igualmente, uma regularidade invejável na qualidade das suas produções, tanto pela sua originalidade narrativa como por uma certa “aisance” no momento de contar uma história de fundo social, sem se tornar moralista, ou no seu especial recurso ao humor e à sua visão cómico-trágica da pequena vida íntima das personagens. Este é o momento ideal, por isso, para mergulharmos na História do cinema romeno e descobrir uma inventividade que vai além dos autores que se tornaram (justamente) conhecidos nestes últimos anos, e que continuarão a ocupar, muito provavelmente, as listas das competições internacionais dos festivais, pelo mundo fora, e a oferecerem boas surpresas aos espectadores mais atentos do circuito cinéfilo.
À imagem dos restantes países europeus cuja história, no século XX, é feita de atribulação política, agitação social, e tentativas frustradas (e de consequências humanitárias terríveis), por parte de um regime político em impor uma ditadura fantasiosa e cruel sobre o seu povo (Ceausescu terá mesmo sido um dos mais perigosos e “iluminados” ditadores comunistas da História europeia), o cinema romeno sofreu, também, várias fases e, até aos dias de hoje, um mesmo fio comum de instabilidade. No entanto, a sua História, e os seus sucessivos contextos políticos, ajudaram também a criar um panorama de diversidade e de resistência a uma estética comum. “Um Século de Cinema Romeno” é, por isso, uma escolha de uma vintena de títulos de realizadores diferentes, que, entre filmes realistas, épicos históricos, obras romanescas, vanguardistas, clássicas ou ainda musicais, criaram, desde o início do século XX, e com particular incidência no pós-guerra, os alicerces de uma indústria que é hoje celebrada como das mais vibrantes do cinema mundial. Os filmes a apresentar são, todos eles, inéditos comercialmente em Portugal, e primeiras exibições na Cinemateca.
 
21/01/2017, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Um Século de Cinema Romeno

Felix si Otilia
“O Enigma de Otília”
de Iulian Mihu
Roménia, 1972 - 120 min
 
24/01/2017, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Um Século de Cinema Romeno

Reconstituirea
“A Reconstituição”
de Lucian Pintilie
Roménia, 1968 - 100 min
25/01/2017, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Um Século de Cinema Romeno

Mama
“A Mãe”
de Elisabeta Bostan
Roménia, 1976 - 83 min
26/01/2017, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Um Século de Cinema Romeno

Mihai Viteazul
“Mihai, o Valente”
de Sergiu Nicolaescu
Roménia, 1970 - 203 min
27/01/2017, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Um Século de Cinema Romeno

Iacob
de Mircea Daneliuc
Roménia, 1988 - 117 min
21/01/2017, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Um Século de Cinema Romeno

Em colaboração com Dacinsara e Instituto Cultural Romeno Lisboa
Felix si Otilia
“O Enigma de Otília”
de Iulian Mihu
com Radu Boruzescu, Julieta Szönyi, Sergiu Nicolaescu
Roménia, 1972 - 120 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Uma certa comédia de costumes entre as diferentes classes da antiga sociedade romena (a aristocracia, o clero e a plebe), Iulian Mihu inspirara-se, alegadamente, em elementos dos primeiros musicais de Jacques Demy (no conflito entre personagens jovens e os seus progenitores, no tom de musical de alguns trechos da sua banda-sonora) para adornar uma adaptação de Enigma Otiliei, de George Călinescu, uma obra clássica da literatura romena. A apresentar em cópia digital.
24/01/2017, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Um Século de Cinema Romeno

Em colaboração com Dacinsara e Instituto Cultural Romeno Lisboa
Reconstituirea
“A Reconstituição”
de Lucian Pintilie
com George Constantin, Emil Botta, George Mihaita
Roménia, 1968 - 100 min
legendado eletronicamente em português | M/12
A segunda longa-metragem de Lucian Pintilie é um marco da década de sessenta do cinema romeno — a década das novas vagas europeias. Agindo sob instrução do novo regime de Ceausescu, RECONSTITUIREA seria uma “reconstituição” de uma luta entre estudantes embriagados num restaurante, obrigados a isso por várias figuras simbólicas da autoridade romena. O que seria um filme de encomenda e de forte moralismo social tornou-se, por outro lado, numa crítica inteligente e subliminar ao regime e uma representação, também, da asfixia da nova juventude romena. Censurado poucas semanas após a sua estreia, RECONSTITUIREA seria um dos filmes recuperados, após a queda de Ceausescu (em 1989), para ser publicamente aclamado como um dos objetos mais importantes do cinema romeno. A apresentar em cópia digital.
25/01/2017, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Um Século de Cinema Romeno

Em colaboração com Dacinsara e Instituto Cultural Romeno Lisboa
Mama
“A Mãe”
de Elisabeta Bostan
com Lyudmila Gurchenko, Mikhail Boyarskiy, Oleg Popov
Roménia, 1976 - 83 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Uma espécie de PEAU D’ÂNE do cinema romeno, MAMA é uma fábula musical inteiramente cantada e filmada com o elenco do Circo Estatal de Moscovo, e do reconhecido Ballet Bolshoi, a partir da história “O Lobo e os Sete Cabritinhos” dos Contos de Grimm. Uma produção que não afasta as influências musicais e estéticas da pop, do rock’n roll e do psicadelismo na sua direção artística e banda sonora (não fosse o seu título, em inglês, “Rock’n Roll Wolf”). A apresentar em cópia digital.
26/01/2017, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Um Século de Cinema Romeno

Em colaboração com Dacinsara e Instituto Cultural Romeno Lisboa
Mihai Viteazul
“Mihai, o Valente”
de Sergiu Nicolaescu
com Amza Pellea, Ion Besoiu, Olga Tudorache
Roménia, 1970 - 203 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Com intervalo de 10 minutos
Um épico histórico monumental, à escala da produção romena e europeia (e que mereceu, inclusivamente, propostas de produção por parte de Hollywood com atores norte-americanos), MIHAI VITEAZUL é uma reconstituição histórica da vida (e lenda) de Miguel, o Valente, herói da História romena e unificador, no século XVI, do seu sentimento nacional. Apesar do controlo do regime comunista romeno sobre a produção e o argumento (tal como Estaline tentara fazer com IVAN, O TERRÍVEL, na reprodução dos seus acontecimentos históricos), não deixa de ser curioso como a influência hollywoodiana (nomeadamente, todas as caraterísticas de um “blockbuster” histórico) entram pelo projeto histórico e nacionalista, por excelência, do cinema comunista romeno. A apresentar em cópia digital.
27/01/2017, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Um Século de Cinema Romeno

Em colaboração com Dacinsara e Instituto Cultural Romeno Lisboa
Iacob
de Mircea Daneliuc
com Dorel Visan, Ion Besoiu, Florin Zamfirescu
Roménia, 1988 - 117 min
legendado eletronicamente em português | M/12
IACOB é uma aproximação a um maior realismo social, no cinema romeno, no retrato de uma classe trabalhadora que vivia, então, os últimos anos do regime opressivo de Ceausescu. Uma história de sobrevivência, e de tragédia, de um (e outros) mineiro(s) que, perante a miséria nas suas vidas, buscam todos os meios para subsistir e sustentar a sua família. Iacob é um desses mineiros que, na possibilidade de roubar ouro junto à sua mina, sofre as consequências tanto dos seus atos como da sua pobreza sistemática. A apresentar em cópia digital.