26/03/2015, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Foi rodado em 1977 e concluído em 83. Foi em 77 que Tonacci iniciou uma série de projetos sobre comunidades indígenas em que percorreu, para além do Brasil, os Estados Unidos, o México, o Peru e a Bolívia. A eles pertencem OS ARARA (1981/83) e CONVERSAS NO MARANHÃO. “Se OS ARARA é uma espécie de cinediário, CONVERSAS NO MARANHÃO seria uma espécie de carta coescrita entre Tonacci e os Timbira, em que eles mostrariam um pouco do que são – do que fazem, de como vivem, de como falam, de onde habitam – e reivindicariam para o governo uma demarcação mais honesta de suas terras. O regime de coautoria aparece aqui em toda sua força: à tribo cabe a escolha do ‘o quê’, aquilo que vai estar no filme e sua função principal (a reivindicação por uma nova demarcação de terras), enquanto a Tonacci cabe exclusivamente a magia da mise-en-scène, realizada aqui não a partir de enquadramentos e movimentos de câmaras, mas da distância estabelecida entre sentido do filme e espectador. É nesse momento que, para os índios, o filme é uma coisa (um instrumento), e para os brancos – a quem, conscientemente, Tonacci dirige seu filme – é outra: uma tentativa de olhar para si mesmo mais do que para o outro, uma contradevoração do olhar, um processo, enfim, de aprendizagem. Não uma antropologia, mas uma autoscopia” (Ruy Gardnier). Primeira exibição na Cinemateca.