Alejandro Perla (1911-1973) surge no cinema português pela mão de Leitão de Barros, sendo este (de quem Perla foi antes assistente) quem lhe abre as portas da realização, primeiro em CAIS DO SODRÉ (1946), depois em OS VIZINHOS DO RÉS-DO-CHÃO. Feito claramente sobre o êxito de O PÁTIO DAS CANTIGAS de Ribeirinho (a própria peça em que se baseia, levada à cena em 1943, já repercute esse êxito), esta segunda obra do realizador espanhol no nosso país prossegue a linhagem das comédias suportadas por grandes atores, à frente dos quais estão agora António Silva e Eunice Muñoz. A história leva a parábola social do modelo a um ponto de transparência ainda maior, tratando-se agora da convivência e da conciliação de três classes bem definidas, representadas por três famílias que habitam um único edifício: a aristocracia no primeiro andar, a pequena burguesia no rés do chão e o operariado na cave… O filme volta ao ecrã da Cinemateca um quarto de século depois da última passagem, numa cópia de 16mm que corresponde à mais completa versão sobrevivente.