sessão apresentada por Gonçalo Mota, bolseiro de investigação do projeto “Atrás da câmara”
CABO VERDE DE RELANCE
de Miguel Spiguel
Portugal, 1961 – 17 min
PARA UM ÁLBUM DE LISBOA
de Faria de Almeida
Portugal, 1966 – 13 min
POSTAL DE LUANDA
de Faria de Almeida
Portugal, 1970 – 10 min
CENAS DE CAÇA NO BAIXO ALENTEJO
de António de Macedo
Portugal, 1973 – 20 min
VERÃO 74
de Nuno Shearman de Macedo Alvarenga
Portugal, 1974 – 7 min
Esta sessão abre com um filme a cores, tecnicolor e em formato anamórfico, de Miguel Spiguel, realizador que se especializa em filmes turísticos sobre Portugal e as ex-colónias. Nestes filmes salta à vista o uso de longas panorâmicas na descrição da paisagem cabo-verdiana. Os anos sessenta são anos de mudança nos modos de fazer cinema em Portugal e os dois filmes de Faria de Almeida integrados na sessão são exemplo disso. No primeiro, o realizador oferece-nos uma visão satírica de Lisboa com recursos a técnicas do cinema mudo (tais como intertítulos), ou mesmo a imagens de arquivo. No segundo, aquilo que aparenta ser um filme assumidamente turístico e convencional, com planos aéreos, a dieta habitual de “pitoresco angolano” e um claro abuso na utilização de zoom, revela-se mais interessante, com a introdução de um comentário na primeira pessoa sobre a cidade ao som da música de Carlos Paredes, que altera por completo o tom do filme. Também António de Macedo necessitou de realizar filmes de encomenda para poder trabalhar, mas não sem ver neles um campo de experimentação, como neste filme rodado no Baixo Alentejo, que acaba por se construir, nas palavras do próprio autor, como um “antifilme”. A fechar a sessão, um pequeno filme amador de uma família em férias na praia. São imagens cândidas, filmadas em 8 mm, que prenunciam o acesso generalizado a meios de captura de imagem e som, que entretanto atingiram níveis massivos no registo de práticas turísticas e de viagem das sociedades contemporâneas.