Depois de se revelar com PIC NIC (2012), Eloy Enciso, admirador de Straub-Huillet, Bresson e Pedro Costa, afirmou-se com esta sua segunda longa-metragem. O filme aborda um lugar quase mítico, Couto Mixto, situado na fronteira entre a Galiza e Portugal, que até ao século XIX foi um “no man’s land” quase inacessível, que se autogovernava. O realizador aborda este sítio quase lendário tal como é hoje, de forma documental, mas tendo como fio narrativo o romance O Bosque, de Jenaro Marinho do Vale, que introduz um elemento de ficção, neste filme sobre as fronteiras: geográficas, entre géneros cinematográficos, entre o fantástico e o real. O resultado é de “uma destreza absolutamente excecional na mescla de preocupações de olhar documental, drama de costumes, performatividade, tragédia e ensaio filosófico”, na opinião de Carlos Natálio, no sítio À Pala de Walsh.