13/02/2020, 22h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Jean Grémillon – O Outro Gigante
La Dolorosa
de Jean Grémillon
com Rosita Diaz, Agustin Godoy, Amparito Bosc, Pilar Garcia
Espanha, 1934 - 74 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Depois do fracasso comercial de DAÏNAH LA MÉTISSE e da experiência de POUR UN SOU D’AMOUR, Grémillon expatriou-se em Espanha, onde realizou dois filmes, o primeiro dos quais foi LA DOLOROSA. Neste mesmo período Luis Buñuel deixara Paris e instalara-se em Madrid, onde participou da produção e, ao que parece, da realização de filmes destinados ao “grande público”. Como diz o genérico, LA DOLOROSA é a “adaptação da famosa zarzuela, com música de José Serrano e libreto de Juan José Lorente”. Embora este género musical espanhol seja associado a temas alegres e embora o desenlace sugira um final feliz, o argumento de LA DOLOROSA é melodramático: uma jovem é seduzida, engravidada e abandonada, o pintor que a amava castamente entra para um convento. As cenas cantadas, oito no total, não são coreografadas, nem se situam num palco. Na passagem cantada mais importante, o dueto do par de protagonistas, o canto é em off, numa ideia original.
14/02/2020, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Jean Grémillon – O Outro Gigante
Valse Royale
Valsa Real
de Jean Grémillon
com Henri Garat, Renée Saint-Cyr, Bernard Lancret, Mila Parély
França, 1935 - 86 min
legendado eletronicamente em português| M/12
Depois do seu exílio espanhol em 1934-35, Jean Grémillon expatriou-se em Berlim, a convite de Raoul Ploquin, que dirigia o departamento de língua francesa da UFA, um dos maiores estúdios da Europa. Ali Grémillon realizaria quatro filmes, em excelentes condições técnicas, o primeiro dos quais foi VALSE ROYALE, versão em língua francesa de um filme originalmente feito em alemão, KOENIGS WALZTER, de Herbert Marisch, com a vedeta Willy Forst e cenários de Walter Röhrig, que colaborara com Murnau nos anos 20. Tudo começa quando um aristocrata ajuda uma mulher a pôr o seu xaile, que fora arrastado pelo vento, pede um beijo como recompensa e o cavalo dele morde-a. Isto causa um escândalo, que será resolvido através de valsas e intrigas de corte. Um excelente exemplo dos filmes feitos em diversas “versões” (isto é, em diversas línguas) e nos mesmos cenários, nos primeiros tempos do cinema sonoro. Primeira apresentação na Cinemateca.
14/02/2020, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Jean Grémillon – O Outro Gigante
Centinela Alerta!
de Jean Grémillon (realização parcial e não assinada)
com Ana Maria Custodio, Angelillo, Angel Sampredo, Luis Heredia
Espanha, 1935 - 73 min
legendado eletronicamente em português| M/12
Este segundo filme espanhol de Grémillon tem algumas semelhanças com LA DOLOROSA: também aqui uma jovem é seduzida, engravidada e abandonada, porém neste filme o malfeitor regressa para tirar-lhe dinheiro. Entretanto, um cantor, dito o “Rouxinol da Andaluzia”, que está apaixonado por ela, julga-se traído. O filme também contém elementos cómicos e termina com um número musical de palco, em que o casal se reencontra. Para este filme, foi feito um concurso para encontrar a “Shirley Temple espanhola” para o papel da filha da protagonista. Grémillon não concluiu o filme, que não é assinado e talvez tenha sido terminado por Luis Buñuel, que foi o seu diretor de produção. Primeira apresentação, em cópia digital, na Cinemateca.
17/02/2020, 18h30 | Sala Luís de Pina
Jean Grémillon – O Outro Gigante
Daïnah la Métisse
de Jean Grémillon
com Charles Vanel, Laurence Clavius, Habib Benglia
França, 1931 - 49 min
legendado eletronicamente em português | M/12
O fracasso comercial de LA PETITE LISE tornou o nome de Grémillon “maldito” entre os produtores e ele começou então uma “travessia do deserto”, de que DAÏNAH, LA MÉTISSE é o primeiro exemplo. Mas também este filme foi “maldito”, pois desagradou aos produtores e foi reduzido de 120 minutos para 90, à revelia do realizador, que o renegou. Quando foi restaurado em 1986, por ocasião dos cinquenta anos da Cinemateca Francesa, o material aproveitável era ainda mais curto, embora seja possível acompanhar as grandes linhas da narração. Mas mesmo mutilado, DAÏNAH, LA MÉTISSE é um objeto surpreendente. A ação tem lugar num transatlântico de luxo, no qual viajam a protagonista e um prestidigitador negro. O simples facto de dois negros serem os protagonistas de um filme francês de 1931 torna DAÏNAH, LA MÉTISSE um objeto insólito e este aspeto é reforçado pela trama narrativa, que chega ao seu ponto culminante num baile de máscaras, uma das muitas festas no cinema de Grémillon a acabar em desgraça. Um filme extraordinário, a (re)descobrir. A apresentar em cópia digital.
17/02/2020, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Jean Grémillon – O Outro Gigante
Gueule d’Amour
Passou uma Mulher
de Jean Grémillon
com Jean Gabin, Mireille Balin, René Lefebvre
França, 1937 - 90 min
legendado eletronicamente em português| M/12
Terceiro dos quatro filmes (o segundo fora LES PATTES DE MOUCHE) realizados em Berlim por Grémillon, GUEULE D’AMOUR teve grande êxito de bilheteira, o que pôs o realizador numa posição de destaque no cinema francês. O filme é feito à volta de Jean Gabin, então a maior vedeta francesa, juntando-o a Mireille Balin, que contracenara com ele em PEPÉ LE MOKO no ano anterior, de modo a aproveitar o êxito daquele filme. Em GUEULE D’AMOUR, Gabin é um garboso soldado, um sedutor, que é seduzido por uma mulher que ele ignora ser uma prostituta de luxo. Depois de deixar a tropa, o homem vai trabalhar numa gráfica e perde o prestígio de que gozava junto dela. Jean Gabin tem uma presença extraordinariamente intensa neste filme, que valoriza ao máximo a sua imagem de símbolo sexual proletário e de homem fundamentalmente bom que é levado, por paixão, a transformar-se num criminoso. Um dos grandes filmes de Jean Grémillon e um dos momentos mais fortes da presença de Jean Gabin no cinema. A apresentar em cópia digital.