CICLO
24 Imagens – Cinema e Fotografia (II)


Construído na pluralidade da relação estabelecida entre o cinema e a fotografia, o programa, apresentado no texto divulgado em maio e disponível para consulta na página eletrónica da Cinemateca, prossegue o diálogo de filmes que reflete o arco cronológico da história dessa relação e a sua abertura, transversal a cinematografias, autores, olhares e territórios cinematográficos. O cruzamento de práticas e experiências de cineastas e cineastas-fotógrafos, na ficção, no ensaio, no diário, no cinema militante ou no cinema experimental reflete-se na organização do programa em seis eixos temáticos – Álbuns fotográficos; O fluxo, o instante; Vestígios do real; Investigações fotográficas; Figuras do fotógrafo e Géneros do fotográfico.
O trabalho de Weegee, William Klein, Morris Engel, Robert Frank, Johan van Der Keuken está representado no núcleo de filmes que, em junho, apresenta obras de fotógrafos-cineastas. Entre os “fotofilmes”, contam-se os últimos trabalhos de David Perlov e Jean-Daniel Pollet, e ainda filmes de Chris Marker e Agnès Varda. Dos “fotorromances” apresenta-se este mês um filme de Raoul Ruiz. Mostram-se títulos importantes de Ken Jacobs, Harun Farocki, Hollis Frampton, Paul Sharits ou Rose Lowder, Jean-Luc Godard e Anne-Marie Miéville. Sergei Eisentein, Jules Dassin e Federico Fellini assinam três outros dos filmes do mês em que pontua uma sessão Michael Snow, fundamental no programa. Dele consta ainda um lote de filmes dos primórdios do cinema reconstituídos fotograficamente em “paper prints” da Library of Congress e a oportunidade rara da projeção de um conjunto de “Screen tests” de Andy Warhol, vindo da coleção do MoMA. Susana de Sousa Dias vem à Cinemateca apresentar o filme anterior ao recente LUZ OBSCURA, 48. A viagem de 48 programas pelo cinema e fotografia termina com a projeção de JE VOUS SALUE SARAJEVO e LE PETIT SOLDAT.
 
 
04/06/2018, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo 24 Imagens – Cinema e Fotografia (II)

Broadway by Light | Qui Êst-Vous, Polly Maggoo?
duração total da projeção: 112 min | M/12
 
05/06/2018, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo 24 Imagens – Cinema e Fotografia (II)

My Stills 1952-2002
de David Perlov
Israel, 2003 - 58 min
06/06/2018, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo 24 Imagens – Cinema e Fotografia (II)

One Second in Montreal Wavelength
duração da projeção: 64 min | M/12
07/06/2018, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo 24 Imagens – Cinema e Fotografia (II)

I’ll Be Your Mirror
de Nan Goldin, Edmund Coulthard
Estados Unidos, França, 1996 - 50 min
07/06/2018, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo 24 Imagens – Cinema e Fotografia (II)

48
de Susana de Sousa Dias
Portugal, 2009 - 93 min | M/12
04/06/2018, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
24 Imagens – Cinema e Fotografia (II)
Broadway by Light | Qui Êst-Vous, Polly Maggoo?
duração total da projeção: 112 min | M/12
Géneros do fotográfico
BROADWAY BY LIGHT
de William Klein
França, 1958 – 10 min / sem diálogos
QUI ÊST-VOUS, POLLY MAGGOO?
de William Klein
com Dorothy McGowan, Jean Rochefort, Sami Frey, Grayson Hall, Delphine Seyrig, Philippe Noiret
França, 1966 – 102 min / legendado eletronicamente em português

William Klein, fotógrafo e cineasta, é reconhecido como um dos mais relevantes fotógrafos do pós-guerra e trabalhou muito, nas suas imagens, a perspetiva da reportagem e da moda. BROADWAY BY LIGHT é um colorido estudo noturno da Broadway e foi o seu primeiro filme em finais dos anos cinquenta, contando com legendas francesas de Chris Marker: “Os americanos inventaram o jazz para se consolarem da morte, a estrela para se consolarem da mulher. Para se consolarem da noite, inventaram a Broadway”. QUI ÊST-VOUS, POLLY MAGGOO? (Prémio Jean Vigo) é a primeira longa-metragem de ficção de William Klein, uma sátira a preto e branco sobre o mundo da alta-costura parisiense, inspirada na sua própria experiência como fotógrafo da revista americana Vogue, em Nova Iorque. Com Dorothy McGowan no papel da supermodelo Polly Maggoo que se vê a ser perseguida por uma equipa da televisão francesa. Primeiras exibições na Cinemateca.
 
05/06/2018, 18h30 | Sala Luís de Pina
24 Imagens – Cinema e Fotografia (II)
My Stills 1952-2002
de David Perlov
Israel, 2003 - 58 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Álbuns fotográficos
Nos últimos anos da sua vida, David Perlov (1930-2003) começou a trabalhar quase exclusivamente em fotografia, realizando várias exposições individuais. O seu último filme baseia-se em fotografias tiradas ao longo de mais de 50 anos, característica que o distingue dos seus famosos diários filmados. MY STILLS é construído como um tríptico: a primeira parte conduz o espectador às raízes da imagem ao propor uma reflexão sobre os dispositivos fotográfico e cinematográfico; a segunda centra-se em três fotógrafos que Perlov muito admirou – David Seymour, Lartigue e Henryk Roth, cujas fotos constituíram prova no julgamento de Eichmann; e a última concentra-se em fotografias realizadas por Perlov sempre a partir do mesmo lugar, a sua mesa de pequeno-almoço num café de Telavive, partilhando a filosofia de Auguste Renoir: "Encontrar a eternidade, mesmo ao virar da esquina." Primeira exibição na Cinemateca.
 
06/06/2018, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
24 Imagens – Cinema e Fotografia (II)
One Second in Montreal Wavelength
duração da projeção: 64 min | M/12
O fluxo, o instante
ONE SECOND IN MONTREAL
de Michael Snow
Canadá, 1969 – 22 min / mudo, sem intertítulos
WAVELENGTH
de Michael Snow
com Hollis Frampton, Amy Toubin, Joyce Wieland
Estados Unidos, 1967 – 45 min / sem legendas

Como escreveu P. Adams Sitney, "ONE SECOND IN MONTREAL é uma coleção de cenas de neve, todos elas imagens fotográficas de sítios potenciais para um monumento em Montreal (logo não são fotografias 'artísticas') que se sucedem, uma após outra, durante 22 minutos". Mas acima de tudo trata-se de uma experiência extraordinária em torno da duração que a cada imagem fixa é imposta pelo cinema. WAVELENGTH, obra fundamental do cinema de vanguarda, compõe-se basicamente de um longo movimento que parte de um plano geral do interior de um apartamento para se deter numa fotografia afixada na parede e é interrompido pela entrada e saída de algumas personagens. A fotografia representa o mar e foi capa do álbum Four Organs (1970), de Steve Reich, pioneiro do minimalismo na música. A experiência da duração, o jogo entre o dentro e o fora de campo e a “falsidade” do plano único fazem de WAVELENGTH um caso único na história do cinema. ONE SECOND IN MONTREAL é uma primeira exibição na Cinemateca.
 
07/06/2018, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
24 Imagens – Cinema e Fotografia (II)
I’ll Be Your Mirror
de Nan Goldin, Edmund Coulthard
com Nan Goldin, Bruce Balboni, Sharon Niesp, Gotscho
Estados Unidos, França, 1996 - 50 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Álbuns fotográficos
Em I’LL BE YOUR MIRROR, documentário que recupera o título de uma famosa exposição e de um importante catálogo de imagens, Nan Goldin evoca a sua vida e um importante corpus fotográfico passado. Cobrindo várias décadas de uma prática fotográfica ela própria autobiográfica, I’LL BE YOUR MIRROR prolonga e desenvolve a experiência do “slide-show” “The Ballad of Sexual Dependency” (1980-86), que chegou a ser apresentado sob a forma de filme. Através de entrevistas com alguns dos amigos que fotografou insistentemente ao longo dos anos, de excertos de filmes “de família”, da música, e de muitas fotografias, Nan Goldin (em colaboração com Edmund Coulthard) regressa ao retrato íntimo de uma geração americana em grande parte “perdida” por toda uma história que foi a sua. 
 
07/06/2018, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
24 Imagens – Cinema e Fotografia (II)
48
de Susana de Sousa Dias
Portugal, 2009 - 93 min | M/12
Vestígios do real

com a presença de Susana de Sousa Dias
Prosseguindo o trabalho que tem vindo a desenvolver desde NATUREZA MORTA-VISAGES D’UNE DICTATURE (2005), Susana de Sousa Dias centra-se em 48 num núcleo de fotografias de cadastro de prisioneiros políticos da ditadura portuguesa, procurando “mostrar os mecanismos através dos quais um sistema autoritário se tentou perpetuar, durante 48 anos”. Questionando “O que pode uma fotografia de um rosto revelar sobre um sistema político? O que pode uma imagem tirada há mais de 35 anos dizer sobre a nossa atualidade?”, 48 fixa os rostos cadastrados em fotografias dos arquivos da PIDE e as vozes que testemunham experiências terríveis de sofrimento e tortura.