CICLO
Centenário da Nikkatsu, Uma Saudação ao Japão


Fundada em 1912, a Nikkatsu é a mais antiga das grandes produtoras japonesas e assinala cem anos de produção contínua. Conhecendo um primeiro apogeu com a pluralidade de géneros a que se dedicou nas décadas de vinte, trinta e quarenta, as principais alterações ao seu sistema de produção surgiram durante a Segunda Guerra Mundial, quando submetida a uma lógica profundamente governamentalizada reconquistada autonomia coincidiu com uma profunda mutação do sistema de estúdios em que se fundara o cinema clássico japonês e, em meados da década de sessenta, as principais produções da Nikkatsu eram filmes destinados a um público jovem, que precederam uma aposta clara no cinema de ação (“Nikkatsu action”) e uma especialização no “roman porno”, um cinema erótico soft-core de tendência de autor, característico dos seus anos setenta. Acompanhando a renovação do cinema japonês, a par de um cinema mais conformista, a Nikkatsu produziu sempre “autores” com visões extremamente singulares, que testemunham a vitalidade do cinema do seu país. O ecletismo desta muito pequena seleção, que se concentra em títulos realizados por alguns dos “franco-atiradores” da Nikkatsu, como Shohei Imamura, Yuzo Kawashima, Kon Ichikawa, Kiriro Urayama ou Jun Ichikawa, ilumina a diversidade das suas produções.
A estes filmes produzidos pela Nikkatsu, somamos duas longas-metragens de produção contemporânea com que pretendemos homenagear o Japão e o povo japonês: o admirável “UMA VIAGEM COM HARU”, de Masahiro Kobayashi, e “QUARTETO!”, de Junichi Mimura, um filme interrompido pelo grande terramoto de 2011 e concluído durante a recuperação. Com exceção de “DESEJO PROFANO” e “O BAIRRO DO PRAZER E DA ALEGRIA”, os filmes são estreias na Cinemateca.
 

 
13/12/2012, 22h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo Centenário da Nikkatsu, Uma Saudação ao Japão

Kamome Shokudo
“Restaurante Kamome”
de Naoko Ogigami
Japão, Finlândia, 2006 - 102 min
 
14/12/2012, 22h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo Centenário da Nikkatsu, Uma Saudação ao Japão

Ashita No Watashi No Tsukurikata
“Como Tornar-me em Mim Próprio”
de Jun Ichikawa
Japão, 2007 - 97 min
17/12/2012, 19h00 | Sala Dr. Félix Ribeiro
Ciclo Centenário da Nikkatsu, Uma Saudação ao Japão

Akai Satsui
“Desejo Profano”
de Shohei Imamura
Japão, 1964 - 150 min
13/12/2012, 22h00 | Sala Luís de Pina
Centenário da Nikkatsu, Uma Saudação ao Japão

Com o apoio da Japan Film Foundation e da Embaixada do Japão em Portugal
Kamome Shokudo
“Restaurante Kamome”
de Naoko Ogigami
com Hairi Katagiri, Satomi Kobayashi, Tarja Markus, Masako Motai, Jarkko Niemi, Markku Peltola
Japão, Finlândia, 2006 - 102 min
legendado eletronicamente em português

KAMOME SHOKUDO é a segunda longa-metragem escrita e dirigida por Naoko Ogigami. O cenário escolhido é Helsínquia, a capital europeia mais próxima do Japão, onde a protagonista abre um restaurante japonês. O filme aborda inteligentemente o que é ser estrangeiro numa terra estranha, ao mesmo tempo que apresenta a comida como centro do entendimento cultural. Uma aposta da Nikkatsu num cinema contemporâneo mais indie, que conquistou o público do seu país.

14/12/2012, 22h00 | Sala Luís de Pina
Centenário da Nikkatsu, Uma Saudação ao Japão

Com o apoio da Japan Film Foundation e da Embaixada do Japão em Portugal
Ashita No Watashi No Tsukurikata
“Como Tornar-me em Mim Próprio”
de Jun Ichikawa
com Juri Oshima, Hinako Hanada, Satsuki Oshima, Masashi Sugitani
Japão, 2007 - 97 min
legendado eletronicamente em português

Ao evocar Jun Ichikawa é difícil não referir o nome de Yasujiro Ozu, cineasta que muito o influenciou. Em ASHITA NO WATASHI NO TSUKURIKATA Ichikawa regressa ao espírito juvenil da sua longa de estreia, que em 1987 o identificava com um género: os seishun eiga (filmes de juventude). A herança da subtileza, da beleza e do rigor característicos de Ozu sentem-se neste filme delicado, que aponta para uma certa transcendência ao abordar a história de duas colegas de liceu que, no processo de crescimento, têm de lidar com a questão da identidade numa sociedade conformista que tende a anular as diferenças.

17/12/2012, 19h00 | Sala Dr. Félix Ribeiro
Centenário da Nikkatsu, Uma Saudação ao Japão

Com o apoio da Japan Film Foundation e da Embaixada do Japão em Portugal
Akai Satsui
“Desejo Profano”
de Shohei Imamura
com Masumi Harukawa, Ko Nishimura, Shigeru Tsuyuguchi, Yuko Kusonoki
Japão, 1964 - 150 min
legendado eletronicamente em português

AKAI SATSUI é a sétima longa-metragem de Imamura e conta a história de uma mulher, considerada portadora de um atraso mental, que é roubada e violada, num meio social que só via uma saída para esta situação: o suicídio. Esta é mais uma “heroína” que inverte uma situação à partida desfavorável, como é habitual no cinema de Imamura, cineasta considerado por muitos como o último dos clássicos e o primeiro dos modernos, que começou por trabalhar em oposição ao cinema de Ozu, num registo brutal, antes de reconhecer, com o passar do tempo, a grandeza do mestre, de quem fora assistente.