01/07/2019, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
A Noite
La Voce della Luna
duração total da projeção: 120 min | M/12
Um atraso na chegada a Lisboa da cópia de projeção de DÉSIRÉ (Sacha Guitry, 1937), programado com IN DER NACHT (Walter Ruttmann, 1931) no Ciclo “A Noite”, obriga à alteração da primeira sessão do mês de julho, às 15h30 de dia 1. Em sua substituição, é apresentado LA VOCE DELLA LUNA (Federico Fellini, 1989), um dos títulos exibidos na sessão “Double bill” do último sábado e que, na Cinemateca, teve essa única projeção até à data. A exibição de IN DER NACHT e DÉSIRÉ mantém-se como previsto na sessão de 5 de julho, às 22h30. Lamentando o sucedido, a Cinemateca agradece a compreensão dos espectadores.
LA VOCE DELLA LUNA
A Voz da Lua
de Federico Fellini
com Roberto Benigni, Paolo Villaggio, Nadia Ottaviani, Marisa Tomasi
Itália, 1989 – 120 min / legendado em português
LA VOCE DELLA LUNA foi o ponto final da obra de Federico Fellini, e uma despedida bastante amarga – tão amarga que é, facilmente, um filme de que "todos" se esquecem, quase como se não existisse. Como outros filmes imediatamente anteriores de Fellini (GINGER & FRED, INTERVISTA) é um filme dum luto (não do cinema, mas duma sociedade que tinha o cinema no centro), e um filme que aponta claramente um inimigo: a televisão, que em Itália foi o meio diretamente responsável pela ascensão de Silvio Berlusconi (explicitamente mencionado no filme). Fellini morreu em 1993, mas este seu filme anunciava muito do que aconteceu e continua a acontecer, na Europa, depois da sua morte. Revê-lo agora será percebê-lo melhor, e fazer justiça à extrema lucidez de Federico Fellini.
01/07/2019, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
A Noite
Quatre Nuits d’un Rêveur
Quatro Noites de Um Sonhador
de Robert Bresson
com Isabelle Weingarten, Guillaume des Forêts, Maurice Monnoyer
França, 1971 - 90 min
legendado eletronicamente em português | M/12
O “sonhador” é Jacques, um jovem pintor sem grandes ambições que “por acaso” se depara com Marthe no preciso momento em que esta está prestes a suicidar-se, na Pont-Neuf, em Paris. Descobrindo gradualmente que, naquela noite, Marthe esperava alguém que nunca chegou, Jacques apaixona-se por ela. Na quarta noite, o rapaz por quem Marthe esperara acaba por aparecer. O argumento nasce de Noites Brancas de Dostoievski, já anteriormente adaptado ao cinema por Visconti. Bresson sublinha a dimensão sonhada da novela, entra na noite de Paris, observa os amantes numa existência “moderna” e as suas vidas que fluem num mesmo mover das águas noturnas do rio Sena. "Um pleno momento de felicidade […] será isto pouco para a vida de um homem?"A apresentar em cópia digital.
01/07/2019, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
A Noite
The Very Eye of Night | Daïnah la Métisse
duração total da projeção: 65 min | M/12
THE VERY EYE OF NIGHT
de Maya Deren
Estados Unidos, 1959 – 15 min / sem diálogos
DAÏNAH LA MÉTISSE
de Jean Grémillon
com Laurence Clavius, Charles Vanel, Habib Benglia
França, 1931 – 50 min / legendado eletronicamente em português
THE VERY EYE OF NIGHT é um ponto alto do cinema vanguardista de Maya Deren, que o estimava particularmente, e um filme que permanece relativamente secreto – “Um ballet da noite”: num fundo de noite estrelada, flutuam bailarinos que lembram figuras gregas em etéreas “imagens negativas”. Realizado entre 1952 e 1955, em colaboração com o coreógrafo Antony Tudor, e distribuído em 1959, quando foi lhe acrescentada a banda musical de Teiji Ito, é o último filme acabado de Deren. O notável Jean Grémillon foi um “realizador maldito” e um dos mais malditos dos seus filmes foi DAÏNAH LA MÉTISSE, que à época foi remontado contra a sua vontade e encurtado em quase meia hora, ficando truncado para sempre. Ainda assim, o que sobrou forma um filme extraordinário, todo ele passado a bordo de um luxuoso transatlântico, cujos elegantes protagonistas são um casal negro e em que a sequência de um insólito baile de máscaras destila o hipnotismo ilusionista que marca o filme. Daïnah, único papel no cinema de Laurence Clavius, é a perturbadora mulher que sucumbe ao próprio poder de sedução erótica.
02/07/2019, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
A Noite
Sommarnattens Leende
Sorrisos de uma Noite de Verão
de Ingmar Bergman
com Ulla Jacobson, Gunnar Björnstrand, Eva Dahlbeck, Harriet Andersson
Suécia, 1955 - 105 min
legendado em português | M/12
SOMMARNATTENS LEENDE foi o primeiro grande sucesso internacional de Bergman, o filme que, definitivamente, o impôs como um dos grandes nomes do cinema. Adaptação muito livre de Sonho de Uma Noite de Verão, de Shakespeare, SOMMARNATTENS LEENDE é, sob o registo de comédia, um verdadeiro tratado sobre a condição humana. Bergman chamou-lhe um jogo a partir de uma equação matemática envolvendo dois homens e duas mulheres. Também foi o filme em que iniciou “a dança com a morte”, como observou João Bénard da Costa. A apresentar em cópia digital.
02/07/2019, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
A Noite
Irma la Douce
Irma la Douce
de Billy Wilder
com Shirley MacLaine, Jack Lemmon, Lou Jacobi
Estados Unidos, 1963 - 142 min
legendado em português | M/12
Por lapso, as sessões das 19h dos próximos dias 2 e 3 de Julho foram anunciadas com a ordem trocada, o que, dada a duração dos dois filmes respetivamente em causa, força à consequente alteração de programa, para a qual agradecemos a compreensão dos espectadores:
Terça-feira, 2 de julho, 19h – é exibido IRMA LA DOUCE (Billy Wilder, 1963, 142’)
Quarta-feira, 3 de julho, 19h – é exibido THEY LIVE BY NIGHT (Nicholas Ray, 1949, 95’)
Proibido em Portugal até ao 25 de abril, IRMA LA DOUCE foi também um “caso” no seu país de origem. Apesar de já se estar em 1963 e de a censura andar a ser “batida” aos pontos por realizadores rebeldes, a forma como se representaram as prostitutas a trabalhar, sem eufemismos para a profissão, foi considerada demasiada audaciosa. Mas todo o filme joga tanto com o que é mostrado como com o que é elidido no extraordinário bairro parisiense dos Halles reproduzido em estúdio por Alexander Trauner. IRMA LA DOUCE, uma das mais divertidas, irreverentes e provocantes comédias de Wilder, foi outro “prego” no caixão do código de censura, com Shirley MacLaine como prostituta, num dos papéis da sua vida, e Jack Lemmon inesquecível na figura do polícia-chulo que tem ciúmes de si mesmo. Os turnos e a exaustão noturnos da personagem masculina, que se desdobra num enigma clandestino, não são menos cintilantes.