CICLO
A Cinemateca com o Doclisboa: Peter Watkins


A retrospetiva de autor dedicada ao cineasta inglês Peter Watkins que o doclisboa e a Cinemateca organizaram este ano em colaboração, estende-se a novembro com as segundas passagens de sete dos filmes programados. Como em outubro aqui se escreveu mais extensamente, nascido em 1935, chegado ao cinema no final dos anos cinquenta, autor dos seus primeiros filmes profissionais (feitos para a BBC) em meados dos anos sessenta, Watkins é contemporâneo dos movimentos que mudaram, nessas décadas, o rosto do cinema britânico, quer através do "free cinema" quer, pela influência de uma geração vinda do teatro (os chamados "angry young men"), através de um realismo intenso e muito atento às fraturas de classe na sociedade britânica. Experimentador, mais do que "experimental", interrogador, mais do que "afirmativo", mas tão factual como hipotético, e profundamente material sem deixar de ser "teórico", o cinema de Peter Watkins forma uma das obras mais singulares dos últimos 50 anos. 
 
10/11/2016, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo A Cinemateca com o Doclisboa: Peter Watkins

Aftenlandet
"Terra da Noite"
de Peter Watkins
Dinamarca, 1977 - 109 min
 
11/11/2016, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo A Cinemateca com o Doclisboa: Peter Watkins

La Commune
de Peter Watkins
França, 2000 - 345 min
10/11/2016, 18h30 | Sala Luís de Pina
A Cinemateca com o Doclisboa: Peter Watkins
Aftenlandet
"Terra da Noite"
de Peter Watkins
com Bent Andersen, Mogens Andersen
Dinamarca, 1977 - 109 min
legendado eletronicamente em português | M/12
70'ERNES FOLK foi bastante mal recebido na Dinamarca, com o argumento de que um "estrangeiro" nunca poderia perceber bem os meandros do país. Isso não impediu Peter Watkins de ficar na Dinamarca para o seu filme seguinte, e de continuar em AFTENLANDET a investigação das brechas e contradições do sistema social dinamarquês, e na sua articulação com a política e a economia à escala europeia. O foco está aqui no operariado, e na greve levada a cabo pelos funcionários de um estaleiro (que acabou de receber a encomenda de construir um submarino nuclear para a marinha francesa). Ao mesmo tempo, e num eco das profundas tensões políticas e frequentes atos terroristas que sacudiram os anos setenta europeus, há um ministro que é raptado. Mais uma vez, articulando linhas distintas que relevam tanto de uma âncora na realidade como de uma suposição ficcional, Watkins compõe um retrato de conjunto que capta, em profundidade, o "ar" de um tempo e de um lugar, olhando ao mesmo tempo além deles.
11/11/2016, 18h30 | Sala Luís de Pina
A Cinemateca com o Doclisboa: Peter Watkins
La Commune
de Peter Watkins
França, 2000 - 345 min
legendado eletronicamente em português | M/12
A sessão decorre com intervalo
O último filme de Peter Watkins (e o único que realizou em França) é um regresso ao simulacro histórico que tantas vezes cultivou ao longo da sua obra. Se a situação identificada são os acontecimentos na Comuna de Paris em 1871, fulcrais na História do socialismo europeu, e que Watkins "reconstituiu", todo o século seguinte está contido no filme, a partir de diálogos que referem acontecimentos posteriores e aludem a dispositivos tecnológicos (como a televisão e os media em geral) longe de estarem inventados no século XIX. O culminar perfeito – se Watkins, como tudo indica, não voltar a filmar – para uma obra obcecada com o trabalho de reflexão histórica e com os modos (técnicos e conceptuais) da sua representação.