CICLO
A Cinemateca com o Doclisboa: Peter Watkins


A retrospetiva de autor dedicada ao cineasta inglês Peter Watkins que o doclisboa e a Cinemateca organizaram este ano em colaboração, estende-se a novembro com as segundas passagens de sete dos filmes programados. Como em outubro aqui se escreveu mais extensamente, nascido em 1935, chegado ao cinema no final dos anos cinquenta, autor dos seus primeiros filmes profissionais (feitos para a BBC) em meados dos anos sessenta, Watkins é contemporâneo dos movimentos que mudaram, nessas décadas, o rosto do cinema britânico, quer através do "free cinema" quer, pela influência de uma geração vinda do teatro (os chamados "angry young men"), através de um realismo intenso e muito atento às fraturas de classe na sociedade britânica. Experimentador, mais do que "experimental", interrogador, mais do que "afirmativo", mas tão factual como hipotético, e profundamente material sem deixar de ser "teórico", o cinema de Peter Watkins forma uma das obras mais singulares dos últimos 50 anos. 
 
02/11/2016, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo A Cinemateca com o Doclisboa: Peter Watkins

Gladiatorerna
"Os Gladiadores"
de Peter Watkins
Suécia, 1969 - 105 min
 
03/11/2016, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo A Cinemateca com o Doclisboa: Peter Watkins

Edvard Munch
de Peter Watkins
Noruega, 1974 - 167 min
07/11/2016, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo A Cinemateca com o Doclisboa: Peter Watkins

Fällan
"A Armadilha"
de Peter Watkins
Suécia, 1975 - 65 min
08/11/2016, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo A Cinemateca com o Doclisboa: Peter Watkins

70'ernes Folk (Sjuttonde Talets)
"O Povo dos Anos 70"
de Peter Watkins
Dinamarca, 1975 - 127 min
09/11/2016, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo A Cinemateca com o Doclisboa: Peter Watkins

Fritaenkeren
"O Livre Pensador"
de Peter Watkins
Suécia, 1994 - 276 min
02/11/2016, 18h30 | Sala Luís de Pina
A Cinemateca com o Doclisboa: Peter Watkins
Gladiatorerna
"Os Gladiadores"
de Peter Watkins
com Keith Bradfield, Richard Bradley, Pik-Sen Lim
Suécia, 1969 - 105 min
legendado eletronicamente em português | M/12
No final da década, Peter Watkins encontrou "abrigo" na Suécia, país em que viria a realizar vários filmes. GLADIATORERNA foi o primeiro. É uma ficção futurista que descreve um tempo em que a guerra foi abolida e os países dirimem as suas diferenças no ambiente isolado e regulado de um "jogo de guerra", controlado por computadores e pelas cadeias de televisão que o transmitem para o mundo inteiro. Da "virtualização" da realidade à influência do poder mediático, GLADIATORERNA projeta, sempre no estilo semidocumental caro a Watkins, um mundo singularmente mais próximo dos nossos dias do que do remoto ano de 1969.
03/11/2016, 18h30 | Sala Luís de Pina
A Cinemateca com o Doclisboa: Peter Watkins
Edvard Munch
de Peter Watkins
com Geir Westby, Gro Fraas, Kersti Allum
Noruega, 1974 - 167 min
legendado eletronicamente em português | M/12
A sessão decorre com um intervalo
É o primeiro filme de Peter Watkins sem um tema imediatamente político – embora ele tenha comentado que era um filme "tão político como os outros". Trata-se de uma biografia, feita para a televisão norueguesa, do célebre pintor Edvard Munch, especialmente focada na sua juventude, o mais duro período da sua existência. Se é um "estudo de personagem", com uma dimensão psicológica inexistente noutros filmes de Watkins, não deixa de ser um filme histórico e um retrato da repressiva sociedade norueguesa de finais do século XIX, dado num realismo de reconstituição extraordinariamente convincente. Ingmar Bergman referiu-se a este filme como "um trabalho de génio". 
07/11/2016, 18h30 | Sala Luís de Pina
A Cinemateca com o Doclisboa: Peter Watkins
Fällan
"A Armadilha"
de Peter Watkins
com Karl Lennart Sandqvist, Bo Melander
Suécia, 1975 - 65 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Watkins de novo na televisão sueca, para outro filme que é tanto um exercício de imaginação futurista (a ação situa-se em 1999, no subterrâneo habitado por um cientista que trabalha numa estação de resíduos nucleares na costa sueca) como de invenção de possibilidades criativas permitidas pela tecnologia vídeo: FÄLLAN foi filmado em estúdio, ao longo de vários dias mas sempre "em direto", com as imagens captadas pelas quatro câmaras a serem "montadas" no momento da gravação, como forma de chegar ao espírito de "reportagem" que Watkins quase sempre procurou. Talvez o filme mais raramente visto do cineasta. 
08/11/2016, 18h30 | Sala Luís de Pina
A Cinemateca com o Doclisboa: Peter Watkins
70'ernes Folk (Sjuttonde Talets)
"O Povo dos Anos 70"
de Peter Watkins
com Jette Jorgensen, Inge Lundgren, Erik L. Christensen
Dinamarca, 1975 - 127 min
legendado eletronicamente em português | M/12
O périplo pelos países nórdicos também levou Peter Watkins à Dinamarca, para cuja televisão estatal dirigiu este retrato do "povo (dinamarquês) dos anos setenta". O filme nasceu do enigma que, para Watkins, representava o facto de a Dinamarca ter, em simultâneo, um dos mais avançados sistemas de segurança social do mundo, mas também uma das mais altas taxas de suicídio. E o filme é tanto uma investigação, que ouve verdadeiros técnicos de saúde e assistência social, como um ensaio ficcional construído em torno de duas famílias de recursos económicos díspares, que na articulação das duas linhas conflui num olhar sobre as pressões da vida numa sociedade moderna e sobre os seus efeitos na saúde mental dos cidadãos.
09/11/2016, 18h30 | Sala Luís de Pina
A Cinemateca com o Doclisboa: Peter Watkins
Fritaenkeren
"O Livre Pensador"
de Peter Watkins
com Yasmine Garbi, Anders Mattsson, Lena Settervall
Suécia, 1994 - 276 min
legendado eletronicamente em português | M/12
A sessão decorre com intervalo
Depois de Edvard Munch, FRITAENKEREN foi o segundo filme de Peter Watkins centrado num vulto da cultura nórdico, neste caso o genial dramaturgo sueco August Strindberg. Além do retrato (polémico) de Strindberg, o filme é notável pelo modo da sua feitura, já que Watkins o concebeu trabalhando com os alunos de um curso de produção vídeo de uma escola sueca, delegando e partilhando com eles muitas das responsabilidades que normalmente recaem sobre o realizador. Uma vez pronto, o filme ficou ao abandono, recusado pelas televisões suecas e ignorado pelas instuituições educativas.