CICLO
As Mil Apoteoses de Minnelli


Depois de termos visto, durante o mês de maio, a faceta mais universalmente celebrada do cinema de Vincente Minnelli – os seus esplendorosos musicais, contributo decisivo para constituição do próprio género do musical – dedicamos o mês de junho à visão ou revisão da sua obra para além do musical, que basicamente consiste em comédias e melodramas. Bastaria, eventualmente, esta “para-especialização” de Minnelli em dois géneros que têm tudo para serem contrapolares (fazer rir e fazer chorar não é de todo a mesma coisa) para atestar a sua singularidade e a sua grandeza. De THE CLOCK a SOME CAME RUNNING, qualquer deles candidato a obra-prima do nosso cineasta, é evidente que a marca que Minnelli deixou no melodrama sentimental é fortíssima. Mas que dizer, também, desses retratos de grupo que são os menos vistos THE COBWEB ou THE BAD AND THE BEAUTIFUL, este último um dos primeiros filmes (na senda do SUNSET BOULEVARD de Wilder) a olhar para dentro de Hollywood e a descobrir um mar de amargura? Ou de MADAME BOVARY, para muitos ainda a melhor das muitas versões filmadas do romance de Flaubert? Esse filme também denota a que ponto a “musicalidade”, a “coralidade” e o sentido de mise en scène de Minnelli trazem para outros géneros qualquer coisa intrínseca do próprio musical. O que é, porventura, bem medido nas suas comédias, na graça leve e esvoaçante de DESIGNING WOMAN ou THE RELUCTANT DEBUTANTE, filmes que evoluem num ritmo em que uma ideia de “musicalidade” nunca está assim tão longe. Finalmente, convém chamar a atenção para as obras do período final de Minnelli, que como o de outros gigantes hollywoodianos (Preminger, por exemplo), desconcertou e continua a desconcertar muita gente. Vistos no seu “lugar” cronológico e no seu “contexto”, talvez esses filmes finais – de GOODBYE CHARLIE a A MATTER OF TIME – venham a ser, afinal de contas, as grandes revelações deste Ciclo, as últimas apoteoses de um cineasta que teve um milhar delas.

 
03/06/2016, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo As Mil Apoteoses de Minnelli

Madame Bovary
Madame Bovary
de Vincente Minnelli
Estados Unidos, 1949 - 114 min
 
03/06/2016, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo As Mil Apoteoses de Minnelli

Father of the Bride
O Pai da Noiva
de Vincente Minnelli
Estados Unidos, 1950 - 92 min
04/06/2016, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo As Mil Apoteoses de Minnelli

Father’s Little Dividend
O Pai É Avô
de Vincente Minnelli
Estados Unidos, 1951 - 82 min
06/06/2016, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo As Mil Apoteoses de Minnelli

Father of the Bride
O Pai da Noiva
de Vincente Minnelli
Estados Unidos, 1950 - 92 min
06/06/2016, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo As Mil Apoteoses de Minnelli

The Bad and the Beautiful
Cativos do Mal
de Vincente Minnelli
Estados Unidos, 1952 - 118 min
03/06/2016, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
As Mil Apoteoses de Minnelli

Retrospetiva Integral
Madame Bovary
Madame Bovary
de Vincente Minnelli
com Jennifer Jones, Van Heflin, James Mason, Louis Jourdan
Estados Unidos, 1949 - 114 min
legendado em português | M/12

Flaubert por Minnelli, com Jennifer Jones no papel de uma das mais célebres personagens femininas da literatura. A adaptação de Minnelli, típica de Hollywood, foi controversa, levando um crítico francês a escrever: “Há duas espécies de pessoas: as que acham que Madame Bovary é um romance de Flaubert e as que acham que é um filme de Minnelli.” A sequência do baile é um dos mais celebrados momentos do cinema do realizador.

03/06/2016, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
As Mil Apoteoses de Minnelli

Retrospetiva Integral
Father of the Bride
O Pai da Noiva
de Vincente Minnelli
com Spencer Tracy, Elizabeth Taylor, Joan Bennett
Estados Unidos, 1950 - 92 min
legendado eletronicamente em português | M/6

Um dos mais populares filmes de Minnelli, que inclusivamente geraria uma sequela, FATHER’S LITTLE DIVIDEND, num tempo em que elas ainda eram relativamente raras. O “pai da noiva” é Spencer Tracy, a noiva é Elizabeth Taylor, que simbolicamente o filme também faz chegar à idade adulta. E esse, no fundo, é o tema desta comédia eivada de um sentimento nostálgico, com a personagem do pai a aceitar, aos poucos, o amadurecimento da filha e, subsidiariamente, o seu próprio envelhecimento.

04/06/2016, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
As Mil Apoteoses de Minnelli

Retrospetiva Integral
Father’s Little Dividend
O Pai É Avô
de Vincente Minnelli
com Spencer Tracy, Joan Bennett, Elizabeth Tayor
Estados Unidos, 1951 - 82 min
legendado eletronicamente em português | M/12

Tão bem sucedido foi FATHER OF THE BRIDE que Minnelli e a MGM se atiraram imediatamente a uma sequela, tida, aliás, como uma das primeiras “sequelas” no sentido que muito mais tarde se tornaria comum (até demasiado comum). Mantendo o núcleo do elenco do filme anterior, FATHER’S LITTLE DIVIDEND acompanha os primeiros tempos do casamento da personagem de Taylor, e o nascimento do primeiro filho. Spencer Tracy tem agora de lidar com o facto de ser avô, num filme que prolonga o registo de nostalgia leve já visto na obra original.

06/06/2016, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
As Mil Apoteoses de Minnelli

Retrospetiva Integral
Father of the Bride
O Pai da Noiva
de Vincente Minnelli
com Spencer Tracy, Elizabeth Taylor, Joan Bennett
Estados Unidos, 1950 - 92 min
legendado eletronicamente em português | M/6

Um dos mais populares filmes de Minnelli, que inclusivamente geraria uma sequela, FATHER’S LITTLE DIVIDEND, num tempo em que elas ainda eram relativamente raras. O “pai da noiva” é Spencer Tracy, a noiva é Elizabeth Taylor, que simbolicamente o filme também faz chegar à idade adulta. E esse, no fundo, é o tema desta comédia eivada de um sentimento nostálgico, com a personagem do pai a aceitar, aos poucos, o amadurecimento da filha e, subsidiariamente, o seu próprio envelhecimento.

06/06/2016, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
As Mil Apoteoses de Minnelli

Retrospetiva Integral
The Bad and the Beautiful
Cativos do Mal
de Vincente Minnelli
com Kirk Douglas, Lana Turner, Dick Powell, Gloria Grahame, Barry Sullivan
Estados Unidos, 1952 - 118 min
legendado em espanhol | M/12

Um dos mais espantosos retratos que Hollywood fez de si própria. Com SUNSET BOULEVARD, THE BAD AND THE BEAUTIFUL “abre” um novo género, o dos filmes de crítica interna ao sistema, aproveitando a perda de poder dos estúdios. O argumento de Charles Schnee ganhou um dos cinco Óscares do filme, indo outro para Gloria Grahame como melhor atriz secundária. Um realizador, uma atriz e um argumentista evocam as suas vidas com um tirânico produtor de cinema, retrato disfarçado de Irving Thalberg.