CICLO
Anos 50 – O Cinema a Meio do Caminho


Se o final da década de cinquenta foi o momento em que a “modernidade” mais perceptivelmente explodiu, na Europa com a “nouvelle vague”, nos EUA com a chegada de um cineasta como John Cassavetes, a que logo se seguiu, a partir do princípio dos anos sessenta, o efeito multiplicador criado pela profusão de “cinemas novos” um pouco por todo o mundo, a verdade é que essa terá sido uma das décadas em que, desde o princípio, o cinema mais se transformou. Com uma nova paisagem social e cultural saída da Segunda Guerra, afastada definitivamente aquela “inocência” que ainda duas décadas antes, era possível associar ao cinema (e sobretudo ao cinema de grande espetáculo, como o de Hollywood, “fábrica de sonhos”), o cinema clássico, embora ainda pujante, começa a viver em tensão, uma tensão “interna” mas também “externa” à medida que outras formas de fazer filmes (no que toca ao modo de produção como no que toca à própria natureza fílmica) se vão impondo. O resultado foi uma década onde se sucederam os filmes estranhos e inclassificáveis, muitas vezes realizados ainda dentro do sistema clássico de produção mas frequentemente apontando, já, para outro tipo de linguagem, de referências ou de universos.
Neste Ciclo navegaremos por esse oceano dos anos cinquenta, ou por uma parte dele. O foco estará, essencialmente, no cinema americano, no diálogo progressivamente mais complexo entre as produções dos grandes estúdios e as produções independentes, com alguns desvios por pontos cruciais das cinematografias europeia e asiática, também elas a passarem por uma fase de profundas mutações
 

 
11/02/2016, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Anos 50 – O Cinema a Meio do Caminho

Sweet Smell of Success
Mentira Maldita
de Alexander Mackendrick
Estados Unidos, 1957 - 96 min
 
12/02/2016, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Anos 50 – O Cinema a Meio do Caminho

The Tales of Hoffmann
Os Contos de Hoffmann
de Michael Powell, Emeric Pressburger
Reino Unido, 1951 - 119 min
12/02/2016, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Anos 50 – O Cinema a Meio do Caminho

M
Matou
de Joseph Losey
Estados Unidos, 1951 - 88 min
15/02/2016, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Anos 50 – O Cinema a Meio do Caminho

I Vitelloni
Os Inúteis
de Federico Fellini
Itália, 1953 - 100 min
16/02/2016, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Anos 50 – O Cinema a Meio do Caminho

Le Notti Bianche
Noites Brancas
de Luchino Visconti
Itália, 1957 - 94 min
11/02/2016, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Anos 50 – O Cinema a Meio do Caminho
Sweet Smell of Success
Mentira Maldita
de Alexander Mackendrick
com Burt Lancaster, Tony Curtis, Susan Harrison, Barbara Nichols
Estados Unidos, 1957 - 96 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Por motivo de atraso no envio da cópia por parte do distribuidor europeu – a que a Cinemateca é totalmente alheia – não é possível manter a projecção prevista para dia 9, às 19h00 com o filme SWEET SMELL OF SUCCESS. Assim, dia 9, na sessão das 19h00, será exibido SOMMARLEK, de Ingmar Bergman. SWEET SMELL OF SUCCESS, de Alexander Mackendrick será então exibido na quinta-feira, dia 11, na sessão das 21h30. Lamentamos o incómodo provocado por esta alteração, e agradecemos a compreensão dos espectadores.

Para muitos SWEET SMELL OF SUCCESS é uma espécie de “obra-prima ignorada”, um pouco à imagem da relativa subalternidade em que ainda está a obra de Alexander Mackendrick. Para este filme, história de cupidez e vaidade centrada num célebre cronista nova-iorquino (Lancaster) e no seu ambicioso agente (Curtis), Mackendrick baseou-se num argumento de Ernest Lehman e Clifford Odets para descrever os círculos mais “in” na Nova Iorque dos anos cinquenta, num ambiente onde a vida noturna da “big apple” e a música jazz são dois ingredientes fundamentais. A apresentar em cópia digital.

12/02/2016, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Anos 50 – O Cinema a Meio do Caminho
The Tales of Hoffmann
Os Contos de Hoffmann
de Michael Powell, Emeric Pressburger
com Robert Rounsenville, Robert Helpmann, Moira Shearer, Ludmilla Tcherina, Leonilde Massine
Reino Unido, 1951 - 119 min
legendado eletronicamente em português | M/12

Adaptação da ópera de Offenbach, cantada em inglês, sobre a relação do poeta Hoffmann com três mulheres diferentes, que são outras tantas miragens, em situações manipuladas pelo diabo. Aproveitando-se da trama da ópera, Powell recusa qualquer noção de verosimilhança, nomeadamente os cenários naturais, tão frequentemente utilizados nos filmes de ópera. Leva-nos para o domínio da fantasia e do sonho, em que é um mestre. A direção musical é de Thomas Beecham, que vemos de relance. A apresentar em cópia digital.

12/02/2016, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Anos 50 – O Cinema a Meio do Caminho
M
Matou
de Joseph Losey
com David Wayne, Howard da Silva, Martin Gabel
Estados Unidos, 1951 - 88 min
legendado em francês e eletronicamente em português | M/12

Exatamente vinte anos depois da estreia do filme homónimo de Fritz Lang chegava às salas este insólito “remake”, que pega no essencial da linha narrativa do M de 1931 e o transpõe para a paisagem urbana da América de 1951. O produtor foi o mesmo nos dois casos: Seymour Nebenzal, entretanto emigrado para os EUA e estabelecido, sem grande sucesso, como produtor independente. O filme de Losey refaz quase a papel químico (mas de maneira brilhante) algumas passagens da obra de Lang (por exemplo toda a sequência inicial) e, sendo seguramente mais “pobre” (em termos de meios, pelo menos) do que o original, a sua implantação num ambiente realista faz dele um filme tremendamente áspero e perturbante – sobretudo quando articulado com o contexto paranoico (o mccarthyismo) que os EUA então viviam. A apresentar em cópia digital, numa primeira exibição na Cinemateca.

15/02/2016, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Anos 50 – O Cinema a Meio do Caminho
I Vitelloni
Os Inúteis
de Federico Fellini
com Franco Interlenghi, Alberto Sordi, Franco Fabrizi
Itália, 1953 - 100 min
legendado em espanhol | M/12

Projeção autobiográfica das memórias da juventude de Fellini, em Rimini. Um grupo de rapazes (“os inúteis”) que preenche o vazio dos dias de farra em farra, de namorisco em namorisco; no fim, um deles percebe que de que sair dali, e apanha um comboio para Roma – e essa personagem é o alter ego do realizador. Um dos melhores Fellinis de sempre, porventura o mais agridoce. Entre as mais notáveis sequências conta-se a da festa, perto do final, onde o amanhecer vem anunciar às personagens aquilo que só elas ainda não perceberam: que estão completamente perdidas.

16/02/2016, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Anos 50 – O Cinema a Meio do Caminho
Le Notti Bianche
Noites Brancas
de Luchino Visconti
com Marcello Mastroianni, Maria Schell, Jean Marais
Itália, 1957 - 94 min
legendado em espanhol | M/12

Leão de Prata no Festival de Veneza de 1957, nem por isso LE NOTTI BIANCHE ficou como um dos Visconti mais célebres. O que é profundamente injusto para esta adaptação da novela de Dostoievski, banhada num ambiente “mágico”, sempre numa serenidade “tensa” e num fatalismo à espera da sua confirmação, onde Maria Schell espera fielmente pelo homem que ama, um papel dentro do estilo que a popularizou na Alemanha.