CICLO
Anos 50 – O Cinema a Meio do Caminho


Se o final da década de cinquenta foi o momento em que a “modernidade” mais perceptivelmente explodiu, na Europa com a “nouvelle vague”, nos EUA com a chegada de um cineasta como John Cassavetes, a que logo se seguiu, a partir do princípio dos anos sessenta, o efeito multiplicador criado pela profusão de “cinemas novos” um pouco por todo o mundo, a verdade é que essa terá sido uma das décadas em que, desde o princípio, o cinema mais se transformou. Com uma nova paisagem social e cultural saída da Segunda Guerra, afastada definitivamente aquela “inocência” que ainda duas décadas antes, era possível associar ao cinema (e sobretudo ao cinema de grande espetáculo, como o de Hollywood, “fábrica de sonhos”), o cinema clássico, embora ainda pujante, começa a viver em tensão, uma tensão “interna” mas também “externa” à medida que outras formas de fazer filmes (no que toca ao modo de produção como no que toca à própria natureza fílmica) se vão impondo. O resultado foi uma década onde se sucederam os filmes estranhos e inclassificáveis, muitas vezes realizados ainda dentro do sistema clássico de produção mas frequentemente apontando, já, para outro tipo de linguagem, de referências ou de universos.
Neste Ciclo navegaremos por esse oceano dos anos cinquenta, ou por uma parte dele. O foco estará, essencialmente, no cinema americano, no diálogo progressivamente mais complexo entre as produções dos grandes estúdios e as produções independentes, com alguns desvios por pontos cruciais das cinematografias europeia e asiática, também elas a passarem por uma fase de profundas mutações
 

 
29/02/2016, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Anos 50 – O Cinema a Meio do Caminho

O Pintor e a Cidade | O Pão
duração total da sessão: 51 min | M/12
 
29/02/2016, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Anos 50 – O Cinema a Meio do Caminho

Shadows
Sombras
de John Cassavetes
Estados Unidos, 1960 - 85 min
29/02/2016, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Anos 50 – O Cinema a Meio do Caminho
O Pintor e a Cidade | O Pão
duração total da sessão: 51 min | M/12

O PINTOR E A CIDADE
de Manoel de Oliveira
Portugal, 1956 – 27 min
O PÃO
de Manoel de Oliveira
Portugal, 1959-1964 – 24 min

O PINTOR E A CIDADE foi o regresso de Manoel de Oliveira ao cinema, catorze anos depois de ANIKI-BÓBÓ. Primeiro filme a cores de Oliveira, que nele, pela primeira vez, também usou planos longos. Voltando ao Porto de DOURO não fez um DOURO a cores mas um filme que é praticamente o oposto da célebre obra de 1931. A exibição do filme (em 1956) coincidiu com o início da redescoberta de Oliveira, com as primeiras homenagens prestadas ao autor e com o primeiro prémio internacional, ganho em Cork, na Irlanda em 1957. Encomenda da Federação Nacional dos Industriais de Moagem, O PÃO foi originalmente filmado em 1959 e remontado pelo realizador em 1964 (a versão que vamos exibir). “Evocando a estrutura circular ‘griffthiana’. Oliveira começa e acaba na relação dos camponeses com a terra (na instituição do casamento e na relação sexualidade/produção) para fazer um desvio estruturante que se prende sempre com uma lógica de necessidade” (José Manuel Costa).
 

29/02/2016, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Anos 50 – O Cinema a Meio do Caminho
Shadows
Sombras
de John Cassavetes
com Hugh Hurd, Lelia Goldoni, Ben Carruthers
Estados Unidos, 1960 - 85 min
legendado em português | M/12

SHADOWS, começo da obra de Cassavetes, confunde-se, para muitos, com o nascimento do “novo” cinema independente americano. SHADOWS seria, assim, o seu manifesto. Nesta sua estreia, Cassavetes utilizou técnicas do “cinema direto” e inaugurou um modo de trabalhar com os atores (onde a improvisação é um dado importante) que se tornou porventura na sua mais legítima marca distintiva.