Último projeto de Nicholas Ray, feito no difícil período final da sua vida. Revelado numa primeira versão no Festival de Cannes em 1973, Ray montou e remontou o material de WE CAN’T GO HOME AGAIN até à sua morte em 1979, sem nunca dar o filme como acabado. A versão que veremos nesta sessão foi montada por Susan Ray, a partir das nove horas de material inacabado deixadas por Ray, e foi estreada no Festival de Roterdão em 1980. A cópia de Roterdão ardeu e entre as raras cópias que subsistiram conta-se a que foi adquirida em Portugal pela Fundação Calouste Gulbenkian, entretanto depositada na Cinemateca (segundo Serge Daney, “nenhuma cinemateca poderá dormir em paz se não tiver nas suas reservas uma cópia de WE CAN’T GO HOME AGAIN”). Filmado em 35, 16, super 8, 8mm e em vídeo, utilizando a técnica do split-screen, o incompleto WE CAN’T GO HOME AGAIN (expressão que significa “não se pode voltar ao passado”) é o requiem da obra de Nicholas Ray. A cópia que agora exibimos resulta de um restauro que foi terminado em 2011, e que foi apresentado em estreia no Festival de Veneza, a assinalar o centenário do nascimento do cineasta. Como escreveu Susan Ray, que acompanhou este trabalho, esta cópia produzida e duplicada pelo nosso laboratório em 2003 a partir da cópia depositada pela Gulbenkian, baseia-se na imagem da primeira versão do filme apresentada em 1973 em Cannes, à qual se acrescentou a narrativa registada posteriormente por Nick, procurando devolver ao som de WE CAN’T GO HOME AGAIN todo o seu esplendor. Para além da sumptuosa cópia final desta versão do filme, a Cinemateca produziu ainda novos elementos de tiragem para a imagem e para o som, materiais que pela importância de WE CAN’T GO HOME AGAIN, se revelam como verdadeiras preciosidades da nossa coleção.