05/02/2020, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Jean Grémillon – O Outro Gigante
Chartres | Maldone
Duração total da sessão: 98 minutos| M/12
Com acompanhamento ao piano por Filipe Raposo
CHARTRES
França, 1923 – 13 min / mudo, legendado eletronicamente em português
MALDONE
de Jean Grémillon
com Charles Dullin, Roger Karl, Genica Athanasiou
França, 1927 – 85 min / mudo, legendado eletronicamente em português
Encomendado por um serviço público, CHARTRES é a primeira das dezassete curtas-metragens a terem sido realizadas por Grémillon antes de passar às longas-metragens de ficção. O filme não se limita à célebre catedral gótica da cidade, preferindo, como observou João Bénard da Costa, uma “originalíssima concepção: articular a cidade com a catedral”. Com MALDONE, a sua primeira longa-metragem, Grémillon realizou um filme que se passa sobretudo ao ar livre, à beira de rios e canais. O protagonista afastou-se da sua rica família por vontade própria e possui uma barcaça, com a qual faz transporte de mercadorias. Mas quando o irmão morre, é reencontrado e volta ao lar familiar, como legítimo herdeiro. Porém, acostumado a uma vida livre e com saudades da cigana que fora sua amante, o homem já não se sente à vontade naquele meio. O filme foi produzido pelo seu protagonista, a grande ator Charles Dullin, um dos primeiros nomes importantes do teatro francês a acreditar no cinema, que consegue transmitir perfeitamente “a luta trágica entre duas personalidades antagonistas no mesmo homem, num filme cheio de audácias visuais, tais como insólitos ângulos de câmara, elipses e montagem acelerada” (Albert Decamps).
06/02/2020, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Jean Grémillon – O Outro Gigante
La Petite Lise
de Jean Grémillon
com Alcover, Nadia Sibirskaïa, Julien Bertheau
França, 1930 - 82 min
legendado eletronicamente em português | M/12
O primeiro filme sonoro de Grémillon é um extraordinário objeto cinematográfico, típico dos grandes filmes deste período de transição, na medida em que não obedece a nenhuma regra, nenhum código narrativo. Alguns críticos viram em LA PETITE LISE ecos de Stroheim. A fusão entre “realismo” e evasão, que está no cerne do cinema de Grémillon, faz-se aqui de forma aguda. O filme começa num campo de forçados da Guiana Francesa e continua em Paris, para onde regressa um dos forçados, libertado antes do fim da sua pena e que vai em busca da filha. Grémillon domina totalmente a novidade que era a linguagem do cinema sonoro, com uma segurança impressionante, usando com mestria exemplar a escala de planos e a mudança de ângulos. O resultado é do nível do cinema de Renoir ou Pabst no período, mas o filme foi um fracasso crítico e comercial. A apresentar em cópia digital.
07/02/2020, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Jean Grémillon – O Outro Gigante
Daïnah la Métisse
de Jean Grémillon
com Charles Vanel, Laurence Clavius, Habib Benglia
França, 1931 - 49 min
legendado eletronicamente em português | M/12
O fracasso comercial de LA PETITE LISE tornou o nome de Grémillon “maldito” entre os produtores e ele começou então uma “travessia do deserto”, de que DAÏNAH, LA MÉTISSE é o primeiro exemplo. Mas também este filme foi “maldito”, pois desagradou aos produtores e foi reduzido de 120 minutos para 90, à revelia do realizador, que o renegou. Quando foi restaurado em 1986, por ocasião dos cinquenta anos da Cinemateca Francesa, o material aproveitável era ainda mais curto, embora seja possível acompanhar as grandes linhas da narração. Mas mesmo mutilado, DAÏNAH, LA MÉTISSE é um objeto surpreendente. A ação tem lugar num transatlântico de luxo, no qual viajam a protagonista e um prestidigitador negro. O simples facto de dois negros serem os protagonistas de um filme francês de 1931 torna DAÏNAH, LA MÉTISSE um objeto insólito e este aspeto é reforçado pela trama narrativa, que chega ao seu ponto culminante num baile de máscaras, uma das muitas festas no cinema de Grémillon a acabar em desgraça. Um filme extraordinário, a (re)descobrir. A apresentar em cópia digital.
10/02/2020, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Jean Grémillon – O Outro Gigante
Chartres | Maldone
Duração total da sessão: 98 minutos| M/12
Com acompanhamento ao piano por Filipe Raposo
CHARTRES
França, 1923 – 13 min / mudo, legendado eletronicamente em português
MALDONE
de Jean Grémillon
com Charles Dullin, Roger Karl, Genica Athanasiou
França, 1927 – 85 min / mudo, legendado eletronicamente em português
Encomendado por um serviço público, CHARTRES é a primeira das dezassete curtas-metragens a terem sido realizadas por Grémillon antes de passar às longas-metragens de ficção. O filme não se limita à célebre catedral gótica da cidade, preferindo, como observou João Bénard da Costa, uma “originalíssima concepção: articular a cidade com a catedral”. Com MALDONE, a sua primeira longa-metragem, Grémillon realizou um filme que se passa sobretudo ao ar livre, à beira de rios e canais. O protagonista afastou-se da sua rica família por vontade própria e possui uma barcaça, com a qual faz transporte de mercadorias. Mas quando o irmão morre, é reencontrado e volta ao lar familiar, como legítimo herdeiro. Porém, acostumado a uma vida livre e com saudades da cigana que fora sua amante, o homem já não se sente à vontade naquele meio. O filme foi produzido pelo seu protagonista, a grande ator Charles Dullin, um dos primeiros nomes importantes do teatro francês a acreditar no cinema, que consegue transmitir perfeitamente “a luta trágica entre duas personalidades antagonistas no mesmo homem, num filme cheio de audácias visuais, tais como insólitos ângulos de câmara, elipses e montagem acelerada” (Albert Decamps).
11/02/2020, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Jean Grémillon – O Outro Gigante
Pour un Sou d’Amour
“Por um Tostão de Amor”
de Jean Grémillon
com André Baugé, Josseline Gaël, Gabrielle Fota, Raymond Cordy
França, 1932 - 95 min
legendado eletronicamente em português| M/12
Jean Grémillon não assinou a realização deste seu terceiro filme sonoro, que lhe fora proposto pelo importante produtor Jacques Haïk, tendo como vedeta André Baugé, então famoso cantor de charme. A trama narrativa gira à volta de um quiproquó e de uma conhecida situação narrativa: um milionário, que quer encontrar uma jovem que o ame sinceramente, faz-se passar por pobre e seduz a sobrinha de um velho avarento, que sonhava em encontrar um marido rico para ela. Sobre esta trama, André Baugé lança-se em variadas canções, o que terá sido um desafio interessante para Grémillon, que além de cineasta era músico, tendo inclusive composto a música de alguns dos seus filmes. Um filme extremamente raro, em primeira apresentação na Cinemateca.