CICLO
Allan Dwan (Parte III)


Terceira e última parte da retrospetiva da obra de Allan Dwan que iniciámos em dezembro, e ao longo da qual mostrámos (contando com os filmes de fevereiro) um total de 65 títulos (entre curtas e longas-metragens) do realizador americano de origem canadiana. Nunca, em lado algum, se viu tanto Dwan num só contexto.
Tendo em conta as restrições mais severas decorrentes da pandemia que condicionaram o acesso dos espectadores às nossas salas durante a primeira semana de janeiro, optámos por voltar a exibir três dos títulos mais prejudicados por essa circunstância (BLACK SHEEP, FLIGHT NURSE e WOMAN THEY ALMOST LYNCHED), além de podermos finalmente exibir EASTSIDE WESTSIDE e YOUNG PEOPLE, inicialmente programados, respetivamente, para dezembro e janeiro, mas cujas cópias só agora foi possível assegurar. Quanto aos títulos “novos” do programa de fevereiro, com uma única exceção (I DREAM OF JEANIE, que é um filme dos anos 1950), eles incidem na produção de Dwan entre os anos 1910 e 1930, e para além de tudo o que convidamos o espectador a descobrir há que assinalar alguns dos maiores e mais relevantes momentos desta obra: DAVID HARUM (o filme da invenção do “travelling” vertical), o genial ROBIN HOOD (um dos pináculos de Dwan e do cinema americano de ação e aventuras), e os dois filmes com Gloria Swanson (ZAZA e STAGE STRUCK), qualquer deles uma obra-prima absoluta. 
E assim concluímos a nossa viagem pela obra do “mais prolífico cineasta que alguma vez viveu”, na certeza de que, entre surpresas e confirmações, entre coisas que já sabíamos porque tínhamos lido e coisas que ficámos a saber porque, finalmente, vimos, esta obra é um dos maiores e mais ricos monumentos de toda a história do cinema.
 
 
08/02/2022, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Allan Dwan (Parte III)

I Dream of Jeanie
de Allan Dwan
Estados Unidos, 1952 - 90 min
 
08/02/2022, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Allan Dwan (Parte III)

Chances
de Allan Dwan
Estados Unidos, 1931 - 71 min
09/02/2022, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Allan Dwan (Parte III)

David Harum | Manhattan Madness
Duração total da projeção: 107 min
10/02/2022, 19h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Allan Dwan (Parte III)

The Three Musketeers
Os Três ‘Mosquiteiros’
de Allan Dwan
Estados Unidos, 1939 - 72 min
11/02/2022, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Allan Dwan (Parte III)

Robin Hood
Robin dos Bosques
de Allan Dwan
Estados Unidos, 1922 - 143 min
08/02/2022, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Allan Dwan (Parte III)
I Dream of Jeanie
de Allan Dwan
com Ray Middleton, Bill Shirley, Muriel Lawrence
Estados Unidos, 1952 - 90 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Um “biopic” do compositor e autor de canções Stephen Foster, cujo trabalho em meados do século XIX lhe valeu o epíteto de “pai da música americana”. Dwan contou a Bogdanovich que na Republic lhe pediram um filme musical, mas, por questões de “budget”, a música tinha que estar em domínio público para não ter que se pagar os direitos. Foi Dwan quem se lembrou de Stephen Foster, cujo património correspondia a esses pré-requisitos, “e assim cozinhámos uma história sobre ele e tentámos enfiar todas as suas canções no mesmo filmezinho”. A apresentar em cópia digital. Primeira apresentação na Cinemateca.

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08/02/2022, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Allan Dwan (Parte III)
Chances
de Allan Dwan
com Douglas Fairbanks Jr., Rose Hobart, Holmes Herbert
Estados Unidos, 1931 - 71 min
legendado eletronicamente em português | M/12
CHANCES tem a curiosidade de trazer Dwan a trabalhar com o “júnior” de Douglas Fairbanks, que fora o seu principal colaborador na década anterior. Claro que Fairbanks Jr. nunca teria uma carreira como a do seu pai – algo que Dwan percebeu logo, e o filme indicia. Mas, a propósito de atores, é uma ocasião para ver a sempre magnífica (mas muito rara) Rose Hobart. O filme, ambientado na frente da I Guerra Mundial, era um dos de que Dwan mais gostava nesta fase inicial do sonoro, mas queixou-se de uma intromissão dos produtores: narrando uma retirada do exército britânico, achou-se que isso ia “matar” o filme no mercado inglês, pelo que o estúdio inseriu uma cena em que os oficiais britânicos decidiam fingir que retiravam... O resto do filme ficou igual, mas passou a ser tudo a “fingir”. A apresentar em cópia digital. Primeira apresentação na Cinemateca.

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09/02/2022, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Allan Dwan (Parte III)
David Harum | Manhattan Madness
Duração total da projeção: 107 min
mudos, legendados eletronicamente em português | M/12
com acompanhamento ao piano por João Paulo Esteves da Silva
DAVID HARUM
de Allan Dwan
com William H. Crane, Harold Lockwood, May Allison
Estados Unidos, 1915 – 68 min

MANHATTAN MADNESS
Loucuras de Nova Iorque
de Allan Dwan
com Douglas Fairbanks, Jewell Carmen, George Beranger
Estados Unidos, 1916 – 39 min

A importância de DAVID HARUM é histórica e transcende a obra de Allan Dwan. No mesmo ano de THE BIRTH OF A NATION, Dwan, de modo discretíssimo, trazia para o cinema americano um processo revolucionário: o movimento de câmara “vertical”, para a frente e para trás, ao longo da profundidade do campo (e já não apenas “lateral”, como se praticava desde os primórdios), numa cena em que se segue o percurso do protagonista ao longo de toda uma rua. “Foi a primeira vez que mexemos a câmara. E não recebemos muitos elogios por isso – pelo contrário, só insultos. A cena era eficaz, mas quando o filme estreou, o movimento – segundo nos disseram os gerentes das salas – perturbou o público. Diziam que os deixava tontos. Alguns agarravam-se às cadeiras porque pensavam que eram eles que se estavam a mexer. Portanto, em vez de elogios, tivemos reprimendas. Mas aperfeiçoámos o processo e passámos a usá-lo”. MANHATTAN MADNESS tem um princípio semelhante ao empregue por John Ford num filme do ano seguinte (BUCKING BROADWAY), com Harry Carey: trazer cowboys para as urbaníssimas ruas de Manhattan. O cowboy, no filme de Dwan, é Douglas Fairbanks. “Queríamos, Fairbanks e eu, fazer um filme em Nova Iorque, e os produtores queriam que ele fizesse um western, de maneira que decidimos: ‘muito bem, faremos um western em Nova Iorque’. Como é que isso se faz? Bom, traz-se um cowboy para Nova Iorque e pomo-lo a cavalgar pelo movimento da cidade. Recordo-me que o filme era muito rápido – e que essa rapidez foi conseguida pelo trabalho da câmara, não pela montagem”. Primeiras apresentações na Cinemateca.

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10/02/2022, 19h30 | Sala Luís de Pina
Allan Dwan (Parte III)
The Three Musketeers
Os Três ‘Mosquiteiros’
de Allan Dwan
com Ritz Brothers, Don Ameche, Binnie Barnes
Estados Unidos, 1939 - 72 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Vimos em dezembro, neste Ciclo, THE GORILLA, outro filme de Allan Dwan com os Ritz Brothers. Este foi o primeiro e o mais famoso, uma paródia do universo criado por Alexandre Dumas e que Dwan já tinha filmado mais do que uma vez, nos tempos do mudo, com Douglas Fairbanks (nomeadamente no portentoso THE IRON MASK). Os Ritz Brothers tinham contrato com a Fox mas ninguém sabia o que fazer com eles, pelo se pediu a Dwan que tivesse uma ideia. Ele teve esta, pô-los como fortuitos mosqueteiros (os “mosquiteiros”, como lhes chamou o título português) para o D’Artagnan de Don Ameche, ator e personagem que Dwan tratou como uma versão “music hall” de Fairbanks.

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11/02/2022, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Allan Dwan (Parte III)
Robin Hood
Robin dos Bosques
de Allan Dwan
com Douglas Fairbanks, Wallace Beery, Sam de Grasse
Estados Unidos, 1922 - 143 min
mudo, legendado eletronicamente em português | M/12
com acompanhamento ao piano por Daniel Schevtz
Um dos pontos mais altos da obra muda de Dwan, assim como da sua colaboração com Douglas Fairbanks, e certamente o título resultante dessa colaboração que mais rivaliza, em grandeza, com THE IRON MASK. ROBIN HOOD foi um sucesso colossal e bateu todos os recordes de bilheteira no seu tempo, sendo aliás uma das razões por que o universo de Robin dos Bosques se implantou tão poderosamente no imaginário cultural americano e europeu. E, exatamente cem anos depois (!), continua a ser um festim, cheio de invenções, uma conceção da aventura “narrativa” que não dispensa a aventura “física”, o movimento, a proeza “real” documentada com um mínimo de batota. Primeira apresentação na Cinemateca.

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