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Assunto: Programação
Data: 16/10/2025
Pelos trilhos de Wellman e do cinema feito por artistas portugueses
Pelos trilhos de Wellman e do cinema feito por artistas portugueses
Em novembro arrancam dois importantes ciclos na Cinemateca: uma grande retrospetiva William A. Wellman, que decorrerá até janeiro de 2026 reunindo cerca de sessenta filmes, e a primeira parte de um ciclo dedicado ao cinema feito por artistas portugueses. No próximo mês a Cinemateca vai ainda homenagear três enormes atores – Robert Redford e Diane Keaton, recentemente falecidos, e Maria Barroso, nos 100 anos do seu nascimento –, além de continuar a Viagem ao Fim do Mudo com três novos títulos do período final do cinema mudo com acompanhamento ao piano e receber a habitual colaboração com o festival Olhares do Mediterrâneo. São estes os trilhos que a Cinemateca vai percorrer ao longo de novembro.
 
Na linha das duas últimas grandes retrospetivas de autor dos pioneiros-clássicos Allan Dwan e Michael Curtiz, o Ciclo "O Trilho do Gato - William A. Wellman" propõe nova incursão no cinema americano de Hollywood, para dar a ver a obra realizada entre meados dos anos 1920 e os anos finais da década de 1950. Nas salas da Cinemateca, a partir do início de novembro e até ao final de janeiro de 2026, o cinema de William A. Wellman é projetado em todo o seu esplendor, percorrendo cerca de sessenta títulos da filmografia fértil e criativa que participa dos alicerces do cinema clássico. Tão extensa quanto possível na medida da disponibilidade de materiais neste momento, a retrospetiva aproxima-se de uma integral Wellman, contando mais duas dezenas de títulos do que o programa dedicado ao cineasta que teve lugar em 1993, na Cinemateca. A maioria dos filmes será apresentada em cópias 35 mm, somando a uma série de outras resultantes de digitalizações recentes. Trata-se de uma obra realizada no contexto do cinema dos estúdios por um cineasta de espírito independente que subiu a pulso em Hollywood onde, nas palavras de Frank Capra, “travou muitas batalhas, algumas delas com os punhos, pelo direito de fazer os seus filmes à sua maneira”. Mais informações aqui.
 
A primeira parte do já anunciado ciclo dedicado ao cinema experimental realizado por artistas portugueses vai arrancar em novembro, e incluirá filmes de Ana Hatherly, Luís Noronha da Costa, Ernesto de Sousa, António Palolo, Carlos Calvet, Julião Sarmento, Lourdes Castro, Helena Almeida, Vítor Pomar, Silvestre Pestana e Fernando Calhau. A lista de nomes é extensa e o número de filmes também, naquele que se pretende o mais exaustivo programa sobre a obra de um conjunto de artistas que, nos anos sessenta e setenta, expandiram a sua prática ao cinema, prosseguindo neste novo meio experiências que vinham a desenvolver em áreas como a pintura, a escultura, a performance, o desenho ou a fotografia. Artistas que, no período em questão, recorreram sobretudo a formatos dito amadores, nomeadamente Super 8 e 8mm, mais raramente ao 16mm (e muito excecionalmente ao vídeo). Este programa, que terá uma segunda parte em meados de 2026, é o resultado de um trabalho continuado de prospeção, conservação e digitalização, desenvolvido ao longo dos últimos anos na Cinemateca. A aproximação da obra fílmica destes artistas, pensada a partir do ponto de vista do cinema, procurará assim interrogar as origens de um cinema dito experimental feito em Portugal. Vários filmes serão projetados nos seus suportes originais.
 
Também em novembro, a Cinemateca irá homenagear três grandes atores: Robert Redford e Diane Keaton, com a apresentação de um punhado de filmes protagonizados por estes dois atores que nos deixaram recentemente, e Maria Barroso, no centenário do seu nascimento. No Ciclo “Viagem ao Fim do Mudo”, o novo trio de filmes mudos com acompanhamento ao piano pelos pianistas residentes da Cinemateca é composto por FOOLISH WIVES, a apresentar na versão restaurada de 2020, a que mais se aproxima da versão completa do filme de Erich von Stroheim, GOSTA BERLINGS SAGA / A Lenda de Gösta Berling, de Mauritz Stiller e com uma muito jovem Greta Garbo, e WINGS, o primeiro filme oscarizado e uma das primeiras grandes obras de William A. Wellman, a apresentar em cruzamento com a retrospetiva dedicada ao cineasta.
 
Destaque ainda para nova colaboração com o festival Olhares do Mediterrâneo, com o programa “Dois Olhares Sobre a Guerra: Jasmila Zbanic + Mirjana Karanovic”, uma mostra de filmes destas duas cineastas balcânicas sobre a Guerra Civil Jugoslava, que contará com a presença de Mirjana Karanovic em Lisboa. Por fim, no dia 22, a Cinemateca Júnior propõe uma sessão que se prevê inesquecível: BARON PRÁSIL / O Barão Aventureiro, de Karel Zeman, com acompanhamento ao vivo pelo multi-instrumentista Philippe Lanzini, que criou uma banda sonora original para este que é um dos grandes títulos da filmografia do mago da animação checa.