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Assunto: Exibição
Data: 31/01/2024
FILMar inicia ÚLTIMA VAGA, que levará mais de 100 filmes a todo o país até abril
FILMar inicia ÚLTIMA VAGA, que levará mais de 100 filmes a todo o país até abril
A partir de 1 de fevereiro, a Cinemateca Portuguesa apresenta um vasto programa de sessões de filmes em novas cópias digitalizadas, no âmbito do projeto FILMar, em mais de 30 locais, e em parceria com uma rede de exibidores diversos.
 
Até 30 de abril, serão quase 100 filmes, apresentados em sessões organizadas com cineclubes, cineteatros, cinemas e museus, num conjunto de quase 200 sessões, aos quais se acrescentam quatro exposições, num ciclo a que demos o nome de ÚLTIMA VAGA.
 
Com uma variedade de títulos, registos e datas, os filmes criam um arco entre 1913 (O NAUFRÁGIO DO VERONESE, da Invicta Films) e 2007 (TERRA SONÂMBULA, de Teresa Prata) que unirão uma rede de parceiros que se juntaram para mostrar como o mar é elemento estruturante do património cinematográfico nacional. O FILMar vai passar por Almada, Coimbra, Covilhã, Culatra, Elvas, Évora, Funchal, Guimarães, Ílhavo, Lisboa, Leiria, Loulé, Luso, Mealhada, Montemor-o-Novo, Ovar, Peniche, Pombal, Porto, Porto Santo, Póvoa de Varzim, Santarém, Sesimbra, Setúbal, Torres Vedras, Vila do Conde, Vila Franca de Xira e Vila Nova de Famalicão, para além do Luxemburgo, Clermont-Ferrand (França) e Oslo (Noruega), com extensões nas cinematecas norueguesas.
 
Digitalizados com o apoio do Mecanismo Financeiro Europeu EEAGrants 2020-2024, os filmes apresentados integram o número, entretanto ultrapassado, de 10 mil minutos de património fílmico relacionado com o mar com o qual a Cinemateca se comprometeu, com a assinatura do protocolo de cooperação, que inclui ainda um conjunto de filmes noruegueses, digitalizados pelo Norsk Film Institutt. Iniciado em 2020, o projeto FILMar desenvolveu um intenso trabalho de inventariação, preservação, digitalização e difusão desse património, em estreita colaboração com festivais nacionais ao longo dos últimos três anos. Estendemos agora a presença no território com uma intensa e ambiciosa retrospetiva nacional.
 
Um dos objetivos complementares à digitalização e acessibilidade dos títulos, é a sua devolução às comunidades, razão pela qual os filmes são apresentados em diálogo estreito com projetos que operam no terreno e que, desse modo, permitem, por exemplo, que dediquemos ciclos que atravessam grande parte do século XX, como os que apresentamos no Funchal, em colaboração com o Screenings Funchal, com filmes rodados no arquipélago da Madeira, entre eles O FAUNO DAS MONTANHAS (Manuel Luiz Vieira, 1926) e PORTO SANTO (Vicente Jorge Silva, 1997), ou em Loulé, com o Cineteatro Louletano, onde mostraremos filmes rodados na região do Algarve, como LAGOA (Filmes Castello Lopes, 1929) ou A CONQUISTA DE FARO (Rita Azevedo Gomes, 2005). Do mesmo modo, levaremos uma retrospetiva do cinema de António Campos a Leiria, onde nasceu (1922-1999), em colaboração com o MiMo – Museu da Imagem em Movimento e o Teatro Miguel Franco. Estas diálogos especiais permitem que possamos levar filmes como AREIA, LODO E MAR (Amílcar Lyra, 1977), à Ilha da Culatra, NUM MAR DE MOLIÇO(1966)  e BÁRBARA (1980), de Alfredo Tropa, a Ílhavo, BALADA DA PRAIA DOS CÃES (José Fonseca e Costa, 1986) a Elvas e Sesimbra, ou O PASSARINHO DA RIBEIRA (Augusto Fraga, 1958), à ribeira do Porto. São muitos os exemplos, num trabalho de construção de uma rede de cumplicidades, que permitiu que muitos destes filmes possam ser exibidos pela primeira vez em condições adequadas, e contribuindo para uma rede de públicos que, esperamos, possam construir um sentimento de pertença, não apenas com o território, mas com o cinema português.
 
Destacamos, do vasto leque de títulos, a exibição de AS ILHAS ENCANTADAS, de Carlos Vilardebó, já a partir de 1 de fevereiro, em Coimbra, Elvas, Évora, Funchal, Guimarães, Lisboa, Luxemburgo, Mealhada, Montemor-o-Novo, Porto, Porto Santo, Santarém, ao qual se acrescenta um ciclo na Cinemateca Portuguesa, onde exibiremos, pela primeira vez, um conjunto de videoclips rodados com Amália Rodrigues para a televisão francesa, uma exposição na Biblioteca Municipal de Marvila, em Lisboa, com fotografias de Augusto Cabrita, na rodagem do filme, em 1965, e a edição de um catálogo.

Ainda, e nos muitos títulos que se cruzam com a comemoração dos 50 anos do 25 de Abril, apresentaremos A FUGA, de Luís Filipe Rocha (1978), que relata a fuga do preso político Dias Lourenço da fortaleza de Peniche, na abertura do Museu Nacional Resistência e Liberdade, seguindo-se exibições em Évora, Coimbra, Lisboa, Porto e Vila Franca de Xira, e ainda QUE FAREI EU COM ESTA ESPADA?, de João César Monteiro (1975), onde se pergunta se ainda acreditamos na democracia.
 
Na lista de títulos encontramos várias gerações de realizadores, todos eles participantes ativos de uma história do cinema português com muitas páginas ainda por escrever: Alfredo Tropa, António Veríssimo, Augusto Cabrita, Amílcar Lyra, António Campos, António de Macedo, Carlos Vilardebó, Daniel Del-Negro, Francisco Manso, Joaquim Pinto, João César Monteiro, João Mendes, Jorge Brum do Canto, Jorge Silva Melo, José Fonseca e Costa, José Leitão de Barros, Luís Filipe Rocha, Manuel Guimarães, Manuel Luiz Vieira, Manoel de Oliveira, Raquel Soeiro de Brito, Ricardo Costa, Ricardo Neto, Rita Azevedo Gomes, Solveig Nordlund, Teresa Prata ou Vicente Jorge Silva, para além de muitos autores de curtas-metragens, num mapa estético, narrativo e visual muitíssimo amplo que é, praticamente pela primeira vez, posto em perspetiva. Muitas das curtas-metragens serão exibidas, ainda, no programa CINEMAX, da RTP, até Junho, para além de ficarem, em grande parte, disponíveis na página da Cinemateca Portuguesa, através da Cinemateca Digital.
 
O programa inclui uma vasta seleção de curtas-metragens de realizadores que experimentaram no cinema modos de resistência, o que permite que possamos trabalhar os filmes em projetos de formação e educativos, nomeadamente com o Plano Nacional das Artes, o Plano Nacional de Cinema, a Escola das Artes – Universidade Católica do Porto, a Universidade da Beira Interior e a NOVA FCSH.
 
Ainda, ÚLTIMA VAGA vai contemplar a coorganização de 4 exposições, no Biblioteca Municipal de Marvila (Lisboa), Galeria Solar (Vila do Conde), MiMO – Museu da Imagem Movimento (Leiria), e Museu Marítimo de Ílhavo, onde os filmes dialogarão entre si, em dispositivos que expandem a sua relação com o espaço, os territórios onde se inscrevem e o cinema, e relacionando-os com as práticas sociais e laborais das comunidades piscatórias, bem como dos contextos políticos e económicos que as limitaram, durante grande parte do século XX, e sobre os quais o cinema foi  testemunha denunciadora ou cúmplice.
 
O programa integra ainda a edição de 4 livros, entre eles um dedicado ao cinema de Manuel Faria de Almeida, realizador de CATEMBE (1965), coeditado com a Tinta da China, da autoria de Maria do Carmo Piçarra e que incluirá o filme; e a edição em DVD do filme OS FAROLEIROS, que inclui mais de duas horas de extras, e a gravação da partitura encomendada juntamente com o Batalha-Centro de Cinema ao compositor Daniel Moreira, interpretada pelo Quarteto Arditti.
 
A integralidade do programa será apresentada nas redes sociais da Cinemateca ao longo dos meses de fevereiro, março e abril.

Consulte o programa completo aqui.