07/09/2017, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
1917 no Ecrã I
Asneobichainie Prikliuchenia Mistera Vesta vb Strane Bolshevikov
“As Aventuras Extraordinárias de Mr. West no País dos Bolchevistas”
de Lev Kulechov
com Boris Barnet, Vladimir Vogel, Pyotr Galadzhev, Anatoli Gorchilin
URSS, 1924 - 70 min
mudo, intertítulos em russo, legendados eletronicamente em português | M/12
Sessão apresentada por Peter Bagrov
Com acompanhamento ao piano por Mário Laginha
Grande clássico da história do cinema, "As Aventuras Extraordinárias de Mr. West no País dos Bolchevistas" é uma comédia, em que Lev Kulechov, um dos nomes mais ilustres da extraordinária escola soviética do período mudo, parodia com muito humor e talento o cinema burlesco americano. Assistimos às deambulações de um americano, Mr. West, e do seu guarda-costas “cowboy” (interpretado pelo futuro realizador Boris Barnet) em Moscovo, lutando contra um grupo de malfeitores, descobrindo as conquistas do socialismo e pondo de lado os clichés sobre a realidade soviética. Mas Kulechov era um verdadeiro formalista e não se limita a fazer uma paródia. Estiliza um género, atento à precisão da montagem e ao modo de representação dos atores.
08/09/2017, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
1917 no Ecrã I
Bronenosets Potiomkine
O Couraçado Potemkine
de Sergei M. Eisenstein
com Aleksander Antonov, Grigori Alexandrov, Vladimir Barsky
URSS, 1925 - 74 min
mudo – versão musicada, intertítulos em russo legendados em português | M/12
Na primeira metade dos anos vinte, a União Soviética conheceu um extraordinário florescimento artístico, em todos os domínios, com obras duplamente de vanguarda: do ponto de vista formal e do ponto de vista político. O COURAÇADO POTEMKINE é, sem dúvida, a mais célebre destas obras e foi, sem dúvida, aquela que mais propagou o ideal e a mitologia da revolução comunista. No entanto, o filme de Eisenstein não aborda a revolução de 1917 e sim a de 1905. Mas quantos espectadores se lembram disto ou até mesmo se apercebem disto ao ver o filme? Pondo em prática as suas teorias sobre a montagem, elemento fundamental em todo o cinema de vanguarda, Eisenstein fez deste filme de encomenda um momento absolutamente eletrizante, com a mais célebre sequência da história do cinema: o massacre na escadaria de Odessa. A apresentar na versão musicada com trechos de Chostakovich, organizada por Naum Kleiman, grande especialista da obra de Eisenstein. Chama-se a atenção para a apresentação da rara versão alemã de 1930 do filme, no dia 26 (ver entrada respetiva).
09/09/2017, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
1917 no Ecrã I
Oktiabr
Outubro
de Sergei M. Eisenstein
com Vassili Nikandrov, Nikolai Boris Lianov
URSS, 1927 - 100 min
mudo – versão musicada, intertítulos em russo, legendados em português | M/12
segunda exibição em outubro
Realizado dois anos depois de O COURAÇADO POTEMKINE, OUTUBRO foi uma encomenda oficial para o décimo aniversário da Revolução Bolchevique e marca o começo do fim do estado de graça de Eisenstein junto às autoridades, o que prenunciava o fim do grande cinema revolucionário soviético. Substituindo a “montagem de atrações” de POTEMKINE pela “montagem intelectual”, numa tentativa de veicular ideias abstratas através de imagens, OUTUBRO é o filme mais “experimental” alguma vez feito por Eisenstein e marca o apogeu da convergência entre vanguarda formal e vanguarda política, durante o breve período em que ambas foram inseparáveis na URSS. O filme teve também um papel decisivo na configuração do mito da Revolução, cujos acontecimentos decisivos, que acarretaram a abdicação do czar, ocorreram em fevereiro de 1917, ao passo que em outubro daquele ano deu-se um golpe de Estado (a multidão não invadiu o palácio, como acontece no filme) que garantiu a vitória dos comunistas. Neste sentido, o filme é o mais célebre e perfeito exemplo da reinvenção de um acontecimento histórico pelo cinema.
11/09/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
1917 no Ecrã I
Dr Zhivago
Dr. Jivago
de David Lean
com Omar Shariff, Julie Christie, Geraldine Chaplin, Rod Steiger, Tom Courtenay, Alec Guiness
Estados Unidos, 1965 - 200 min
legendado em espanhol | M/12
Sessão com intervalo
Três anos depois de LAWRENCE OF ARABIA, David Lean realizou mais uma superprodução em 70 mm, com um elenco de vedetas internacionais: DR. JIVAGO, que foi filmado em Espanha. O filme aproveitou-se do escândalo que cercara a publicação do romance de Boris Pasternak (1957), proibido na URSS, mas trazido clandestinamente para Itália, onde foi publicado no ano seguinte por um importante editor, que era membro do Partido Comunista, do qual foi expulso por este motivo. Grande escritor, Pasternak recebeu o Prémio Nobel de Literatura em 1958, por motivos inegavelmente políticos, mas as autoridades soviéticas obrigaram-no a recusá-lo. A narrativa estende-se por vários anos entre a Revolução de 1905 e a guerra civil que se seguiu à Revolução de 1917, com um epílogo situado nos anos cinquenta. Através destes acontecimentos históricos, acompanhamos as peripécias vividas pela personagem titular, um médico, que é alistado à força no Exército Vermelho e é separado da mulher que ama. Como em LAWRENCE OF ARABIA, os acontecimentos históricos são um pano de fundo para um grande espetáculo, embora a segunda parte do filme seja romanesca e psicológica, menos espetacular. A música de Maurice Jarre, sobretudo o “tema de Lara”, tornou-se mundialmente célebre. O filme não é apresentado na Cinemateca desde 1998.
11/09/2017, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
1917 no Ecrã I
Padenie Dinasty Romanovicht | Revolucioner
duração total da projeção: 121 min | M/12
PADENIE DINASTY ROMANOVICHT
“A Queda da Dinastia Romanov”
de Esther Chub
URSS, 1927 – 87 min / mudo, intertítulos em russo, legendados eletronicamente em português
REVOLUCIONER
“O Revolucionário”
de Evgueni Bauer
com Ivan Perestriani, Vladimir Strijevsky, Zoia Barancevich
Rússia, 1917 – 34 min / mudo, intertítulos em russo legendados eletronicamente em português
Esther Chub foi uma das inventoras do filme de montagem, que reorganiza numa nova estrutura material filmado anteriormente. Em 1924, colaborou com Eisenstein numa remontagem de DR. MABUSE DER SPIELER, de Fritz Lang, rebatizado “A PODRIDÃO DOURADA”, hoje perdido. Realizado no âmbito das comemorações do décimo aniversário da revolução bolchevique, “A QUEDA DA DINASTIA ROMANOV” segue um fio narrativo, que acompanha o período final do regime czarista na Rússia. O filme reúne imagens da família real (tratadas muitas vezes de modo irónico) e da vida na Rússia, imagens da guerra e dos acontecimentos de fevereiro e outubro de 1917. Um importante documento. A completar a sessão, o trecho que sobreviveu de “O REVOLUCIONÁRIO”, realizado pelo nome mais célebre do cinema russo do período czarista – Evgueni Bauer – mestre de um elaborado uso da luz e do movimento dos atores em melodramas requintados, de quem a Cinemateca já programou vários filmes. Foi talvez o primeiro filme russo a fazer eco da revolução: foi distribuído em abril de 1917 e Bauer faleceu em julho, por conseguinte, antes da vitória dos bolchevistas. REVOLUCIONER é uma primeira exibição na Cinemateca.