CICLO
Mitchum, o Herói Feio


Durante o ano de 2017, mais exatamente no dia 6 de agosto, assinala-se o centenário do nascimento de Robert Mitchum, uma das mais lendárias figuras masculinas da Hollywood clássica. Lendárias e inimitáveis: dificilmente se pode imitar Robert Mitchum, porque nele há bem poucos sinais exteriores de uma técnica ou de um estilo – gestos, trejeitos – que possam ser imitados. Ou se é Robert Mitchum ou não se é, e parte substancial da sua presença em frente às câmaras carateriza-se pela remoção de todas essas marcas, para ficar com um semblante de inexpressividade (quase sempre ambíguo) e uma espécie de minimalismo. Terá sido o primeiro grande ator minimalista de Hollywood, e ao mesmo tempo um dos mais conscientes da importância da "aura" (ou, para o dizer mais simplesmente, da "personalidade") como elemento constitutivo do apelo de um ator de cinema. Atividade que ele, com a distância que o sempre o caraterizou (e que também está na generalidade dos seus papéis), certa vez resumiu com palavras célebres: "vou lá, digo os meus diálogos, e volto para casa". E por certo que aquele ligeiro enfado de quem, no fundo, só quer “voltar para casa”, tão bem expresso em tantos papéis de Mitchum, é aquilo que ele tem de mais inimitável.
Chegou ao cinema mais ou menos por altura do fim da Segunda Guerra, o tempo dos "heróis feios" como ele uma vez o definiu. E nos seus modos bruscos e interiorizados de mestre do "underacting" ele foi um desses "heróis feios", frequentemente na linha ténue que os separa dos "anti-heróis", nalguns dos géneros que, nas décadas de quarenta, mais se prestavam a eles: o "noir", o filme de guerra, o western. A aura "desalinhada" de Mitchum teve um reforço no final dos anos quarenta, quando foi preso por posse de marijuana – no que terá sido também uma forma de Hollywood tentar "alinhar" e domar a sua rebeldia de carácter. Mas isso, conjuntamente com tudo que dele se foi dizendo e com tudo o que ele foi dizendo sobre o que dele se dizia ("dizem que não me dou ao trabalho de decorar os meus diálogos; é falso: estou só demasiado bêbedo para me lembrar deles") apenas ajudou ao fortalecimento da sua "persona" e da sua "fealdade".
Vamos ver uma seleção dos muitos filmes em que entrou, dos anos quarenta aos noventa, reunindo papéis muito célebres e títulos mais obscuros, dos filmes de guerra (como o de Wellman, THE STORY OF G.I. JOE) dos inícios ao momento da despedida (DEAD MAN), onde Jarmusch o filmou como memória viva, símbolo da Hollywood antiga.
20/01/2017, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Mitchum, o Herói Feio

Maria’s Lovers
Os Amantes de Maria
de Andrei Konchalovski
Estados Unidos, 1984 - 109 min
23/01/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Mitchum, o Herói Feio

Maria’s Lovers
Os Amantes de Maria
de Andrei Konchalovski
Estados Unidos, 1984 - 109 min
23/01/2017, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Mitchum, o Herói Feio

Dead Man
Homem Morto
de Jim Jarmusch
Estados Unidos, 1995 - 121 min
24/01/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Mitchum, o Herói Feio

Dead Man
Homem Morto
de Jim Jarmusch
Estados Unidos, 1995 - 121 min
25/01/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Mitchum, o Herói Feio

Out of the Past
O Arrependido
de Jacques Tourneur
Estados Unidos, 1947 - 96 min
20/01/2017, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Mitchum, o Herói Feio
Maria’s Lovers
Os Amantes de Maria
de Andrei Konchalovski
com Nastassja Kinski, John Savage, Robert Mitchum
Estados Unidos, 1984 - 109 min
legendado em português | M/12
Abandonando a União Soviética depois de SIBERIADE, no final da década de setenta, Andrei Konchalovski assinava aqui o seu primeiro filme americano, produzido pela famosa Cannon de Yoram Globus e Menahem Golan, que durante os anos oitenta produziu tudo o que mexesse, de Chuck Norris a Jean-Luc Godard. MARIA’S LOVERS, à época bastante bem sucedido, permanece como um dos melhores filmes de Konchalovski na América, o olhar sobre a ruralidade americana dos anos quarenta a fazer uma ponte harmoniosa com a obra soviética do realizador, e um par de atores que estava então no auge, Nastassja Kinski e John Savage (que reencontra a Pensilvânia do DEER HUNTER, e as comunidades ortodoxas do filme de Cimino).
23/01/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Mitchum, o Herói Feio
Maria’s Lovers
Os Amantes de Maria
de Andrei Konchalovski
com Nastassja Kinski, John Savage, Robert Mitchum
Estados Unidos, 1984 - 109 min
legendado em português | M/12
Abandonando a União Soviética depois de SIBERIADE, no final da década de setenta, Andrei Konchalovski assinava aqui o seu primeiro filme americano, produzido pela famosa Cannon de Yoram Globus e Menahem Golan, que durante os anos oitenta produziu tudo o que mexesse, de Chuck Norris a Jean-Luc Godard. MARIA’S LOVERS, à época bastante bem sucedido, permanece como um dos melhores filmes de Konchalovski na América, o olhar sobre a ruralidade americana dos anos quarenta a fazer uma ponte harmoniosa com a obra soviética do realizador, e um par de atores que estava então no auge, Nastassja Kinski e John Savage (que reencontra a Pensilvânia do DEER HUNTER, e as comunidades ortodoxas do filme de Cimino).
23/01/2017, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Mitchum, o Herói Feio
Dead Man
Homem Morto
de Jim Jarmusch
com Johnny Depp, Gary Farmer, John Hurt, Robert Mitchum
Estados Unidos, 1995 - 121 min
legendado em português | M/12
Há quem defenda, como Jonathan Rosenbaum, que DEAD MAN é não apenas a obra-prima de Jim Jarmusch mas um dos filmes fundamentais das últimas décadas do cinema americano. É uma variação sobre as paisagens e os estereótipos do western (mas sem nada de pastiche ou de “spaghetti”), fundada no misticismo e na religiosidade dos povos nativos, e temperada com o imaginário poético de William Blake. Um filme sobre uma América heteróclita, miscigenada também, ou sobretudo, a nível cultural. Foi o último papel de Robert Mitchum.
24/01/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Mitchum, o Herói Feio
Dead Man
Homem Morto
de Jim Jarmusch
com Johnny Depp, Gary Farmer, John Hurt, Robert Mitchum
Estados Unidos, 1995 - 121 min
legendado em português | M/12
Há quem defenda, como Jonathan Rosenbaum, que DEAD MAN é não apenas a obra-prima de Jim Jarmusch mas um dos filmes fundamentais das últimas décadas do cinema americano. É uma variação sobre as paisagens e os estereótipos do western (mas sem nada de pastiche ou de “spaghetti”), fundada no misticismo e na religiosidade dos povos nativos, e temperada com o imaginário poético de William Blake. Um filme sobre uma América heteróclita, miscigenada também, ou sobretudo, a nível cultural. Foi o último papel de Robert Mitchum.
25/01/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Mitchum, o Herói Feio
Out of the Past
O Arrependido
de Jacques Tourneur
com Robert Mitchum, Jane Greer, Kirk Douglas, Rhonda Fleming
Estados Unidos, 1947 - 96 min
legendado em português | M/12
Grande clássico do cinema americano dos anos quarenta, OUT OF THE PAST é um dos mais famosos filmes de Tourneur e de Robert Mitchum, para cuja carreira contribuiu definitivamente. Mitchum interpreta a figura de um homem que tenta refazer a sua vida, mas é agarrado pelo passado. Obra-prima do filme negro, OUT OF THE PAST joga, como poucos, na atmosfera e nos contrastes entre a luz e a sombra, o dia e a noite.