Premiado em Veneza e nomeado para três Oscars, BRIEF ENCOUNTER é o mais sugestivo exemplo do cinema “realista” britânico dos anos quarenta. O argumento de Noel Coward conta a história de um homem e de uma mulher que se conhecem numa estação de comboios, se amam e se perdem. A fotografia de Robert Krasker, explorando o preto e branco, as sombras e os vapores das locomotivas, é um dos grandes trunfos do filme.

Em RAPSÓDIA EM AGOSTO, Kurosawa retoma uma obsessão do seu cinema, a memória e o rasto histórico da bomba atómica no Japão. Construído sob o signo da memória e da reconciliação, a sua ação dramática centra-se num encontro familiar que reúne três gerações, permitindo a descoberta da história da Segunda Guerra pela geração mais nova. “Lançaram a bomba para acabar com a guerra, mas a guerra continua em todo o lado”, diz-se no filme.

Um dos mais interessantes filmes de terror produzidos na década de noventa. Longe dos habituais efeitos especiais do cinema do género, JEEPERS CREEPERS aposta num argumento inteligente que faz do filme uma constante e aterrorizadora experiência à medida que acompanhamos as descobertas de dois irmãos sobre as “mais perversas criaturas jamais imaginadas”. O seu sucesso deu lugar a uma nova sequela realizada alguns anos depois, francamente menos conseguida.

Típico exemplar da produção da Hammer, a produtora britânica que se especializou em variados monstros que assombraram os ecrãs nos anos cinquenta e sessenta. Assinado pelo principal realizador da Hammer, com um dos seus atores mais emblemáticos, o grande Peter Cushing. Nesta interessante variação sobre o mito de Frankenstein, o Barão Frankenstein “instala” a alma de um assassino recentemente executado no corpo de uma jovem. As consequências deste gesto serão apaixonantes. Cenários de Don Mingaye.

Com argumento dela própria, Philippe Arnaud e André Téchiné, o romanesco filme de Christine Laurent é uma história de Montevideu, Uruguai, onde uma cantora, Laura, experimenta a atração da cidade, e de um continente que desconhece, enquanto procura o homem que ama. A protagonista é Laurence Côte, cúmplice de Laurent dos filmes de Rivette (LA BANDE DES QUATRE, HAUT BAS FRAGILE), o realizador com quem Laurent tem recorrentemente trabalhado como argumentista. “Em TRANSATLANTIQUE quis dar-lhe [a Laurence Côte] a possibilidade de representar uma personagem muito diferente dos seus papeis habituais (…), um papel onde a maturidade fosse progressivamente visível no seu rosto” (Christine Laurent). Primeira exibição na Cinemateca.