CICLO
Sessões Junho 2013


Em junho, a programação da Cinemateca continua a seguir um modelo ditado pelas circunstâncias do presente. Como já lembrámos no mês passado, historicamente, por natureza e essência, a programação desta Cinemateca – das cinematecas do mundo inteiro – segue uma lógica de Ciclos e retrospetivas, de autor, temáticas, por cinematografias, encarando o cinema e a sua História, os diálogos e as rimas por eles sugeridos, em programas organizados em regra mensalmente e combinando apostas de maior ambição com rubricas regulares de programação. Assim pautada, uma programação deste tipo pretende ir construindo uma história cujo sentido e dimensão existem tanto no plano do conjunto de cada uma das iniciativas como no do desenho mais abrangente que a cada mês se sugere. É isto que distingue a programação de uma Cinemateca do de uma simples “sala de reprise”.
A realidade actual obriga-nos a mudar a regra: sem condições para continuar a cumprir o padrão desejável, a programação da Cinemateca assume uma mudança de rumo, sem prescindir de propor as suas sessões – cinco por dia, seis dias por semana. Junho de 2013 será, portanto, e outra vez, um mês “de sessões” – cuja variedade e desejo de riqueza “apesar de tudo” ficam expressos nas muitas notas que se seguem, incluído algumas insistências e recorrências temáticas que deixamos aos espectadores o prazer de descobrir através dos títulos e dos textos incluídos neste programa.
A principal excepção a esta regra surge numa pequena retrospetiva da obra de Jiri Trnka, possível graças ao apoio da nossa confrade checa (o Narodny Filmovy Archiv) e da Embaixada da República Checa em Portugal. E não deixamos, também, de continuar a colaborar com cineastas e produtores portugueses, bem como com outras entidades, para as tradicionais “ante-estreias” e outras sessões de carácter especial.
 

01/06/2013, 15h30 | Sala Dr. Félix Ribeiro
Ciclo Sessões Junho 2013

The Woman on the Beach
A Mulher Desejada
de Jean Renoir
Estados Unidos, 1946 - 70 min
01/06/2013, 19h00 | Sala Dr. Félix Ribeiro
Ciclo Sessões Junho 2013

O Passado e o Presente
de Manoel de Oliveira
Portugal, 1971 - 116 min
01/06/2013, 19h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Sessões Junho 2013

Phantom
“Fantasma”
de Friedrich W. Murnau
Alemanha, 1922 - 118 min
01/06/2013, 21h30 | Sala Dr. Félix Ribeiro
Ciclo Sessões Junho 2013

Ugetsu Monogatari
Contos da Lua Vaga
de Kenji Mizoguchi
Japão, 1953 - 96 min
01/06/2013, 22h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo Sessões Junho 2013

La Belle et la Bête
A Bela e o Monstro
de Jean Cocteau, René Clément
França, 1945 - 100 min
01/06/2013, 15h30 | Sala Dr. Félix Ribeiro
Sessões Junho 2013
The Woman on the Beach
A Mulher Desejada
de Jean Renoir
com Joan Bennett, Robert Ryan, Charles Bickford
Estados Unidos, 1946 - 70 min
legendado em português

Inicialmente, Jean Renoir fizera deste filme uma espécie de prolongamento de LA BÊTE HUMAINE como estudo da relação entre o desejo sexual e a pulsão criminosa, com uma forte carga erótica. Mas, às primeiras projeções privadas, ficou claro que o público não entendia o objetivo do realizador, que o remontou, surgindo THE WOMAN ON THE BEACH dentro da linha do “filme negro”, com mulher fatal e um herói traumatizado da guerra. Um dos mais insólitos e perturbantes filmes de Renoir.

01/06/2013, 19h00 | Sala Dr. Félix Ribeiro
Sessões Junho 2013
O Passado e o Presente
de Manoel de Oliveira
com Maria de Saisset, Bárbara Vieira, Pedro Pinheiro, Manuela de Freitas, Duarte de Almeida
Portugal, 1971 - 116 min

Adaptado de uma peça de Vicente Sanches, O PASSADO E O PRESENTE é um dos mais discutidos filmes de Oliveira e um dos seus trabalhos mais próximos do humor feroz de Luis Buñuel. Uma sátira social sobre uma mulher obcecada pelas memórias dos maridos defuntos e que não consegue amar os maridos vivos. A morte do segundo vem fazer reviver uma série de situações, juntando o macabro e o grotesco. O grande “necrofilme português” como lhe chamou João César Monteiro.

01/06/2013, 19h30 | Sala Luís de Pina
Sessões Junho 2013
Phantom
“Fantasma”
de Friedrich W. Murnau
com Alfred Abel, Frida Richard, Aud Egede Nissen, Lil Dagover, Grete Berger
Alemanha, 1922 - 118 min
mudo, com intertítulos em francês e flamengo

Murnau filma “FANTASMA” a partir de um argumento de Thea von Harbou, à época mulher de Fritz Lang, que por sua vez adapta uma obra de Hauptmann. “Tudo nele revela o mesmo sentido plástico e de movimento que distingue o realizador (…) e o seu aspecto mais insólito e inquietante não deixa de ser o facto deste homem que ‘vê fantasmas’, ser afinal um personagem perfeitamente real ou, pelo menos, com o mesmo grau de realismo dos outros habitantes da intriga” (José Manuel Costa).

01/06/2013, 21h30 | Sala Dr. Félix Ribeiro
Sessões Junho 2013
Ugetsu Monogatari
Contos da Lua Vaga
de Kenji Mizoguchi
com Kinuyo Tanaka, Masayuki Mori, Machiko Kyo
Japão, 1953 - 96 min
legendado em português

Este é não só o mais célebre título da obra de Mizoguchi, mas provavelmente também o mais complexo, e o preferido de inúmeros cinéfilos. Uma extraordinária experiência narrativa, que mistura um clássico da literatura japonesa, lendas chinesas e ainda umas pitadas de Maupassant (sem falar no teatro tradicional japonês) para criar um universo fantástico (inclusive em termos visuais) onde tempo e espaço se dissolvem e se transformam numa “coisa mental”.

01/06/2013, 22h00 | Sala Luís de Pina
Sessões Junho 2013
La Belle et la Bête
A Bela e o Monstro
de Jean Cocteau, René Clément
com Jean Marais, Josette Day, Marcel André, Michel Auclair
França, 1945 - 100 min
legendado em português

A mais bela adaptação ao cinema do famoso conto de Leprince de Beaumont, segundo contos tradicionais franceses. Cocteau dá-lhe um toque de fantasia e irreverência, numa espécie de prólogo-comentário, mas é na encenação fantasmagórica da história que se apoia o triunfo internacional do filme. O deslumbramento visual é particularmente sugestivo nas cenas do palácio do monstro, com os seus misteriosos corredores iluminados por "braços-candelabros" e jardins poéticos, onde o monstro passeia as suas saudades da Bela (cujo pai se perdeu por uma rosa). Jean Marais no mais lendário papel da sua carreira.