21/02/2020, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Jean Grémillon – O Outro Gigante
Gueule d’Amour
Passou uma Mulher
de Jean Grémillon
com Jean Gabin, Mireille Balin, René Lefebvre
França, 1937 - 90 min
legendado eletronicamente em português| M/12
Terceiro dos quatro filmes (o segundo fora LES PATTES DE MOUCHE) realizados em Berlim por Grémillon, GUEULE D’AMOUR teve grande êxito de bilheteira, o que pôs o realizador numa posição de destaque no cinema francês. O filme é feito à volta de Jean Gabin, então a maior vedeta francesa, juntando-o a Mireille Balin, que contracenara com ele em PEPÉ LE MOKO no ano anterior, de modo a aproveitar o êxito daquele filme. Em GUEULE D’AMOUR, Gabin é um garboso soldado, um sedutor, que é seduzido por uma mulher que ele ignora ser uma prostituta de luxo. Depois de deixar a tropa, o homem vai trabalhar numa gráfica e perde o prestígio de que gozava junto dela. Jean Gabin tem uma presença extraordinariamente intensa neste filme, que valoriza ao máximo a sua imagem de símbolo sexual proletário e de homem fundamentalmente bom que é levado, por paixão, a transformar-se num criminoso. Um dos grandes filmes de Jean Grémillon e um dos momentos mais fortes da presença de Jean Gabin no cinema. A apresentar em cópia digital.
21/02/2020, 18h30 | Sala Luís de Pina
Jean Grémillon – O Outro Gigante
Valse Royale
Valsa Real
de Jean Grémillon
com Henri Garat, Renée Saint-Cyr, Bernard Lancret, Mila Parély
França, 1935 - 86 min
legendado eletronicamente em português| M/12
Depois do seu exílio espanhol em 1934-35, Jean Grémillon expatriou-se em Berlim, a convite de Raoul Ploquin, que dirigia o departamento de língua francesa da UFA, um dos maiores estúdios da Europa. Ali Grémillon realizaria quatro filmes, em excelentes condições técnicas, o primeiro dos quais foi VALSE ROYALE, versão em língua francesa de um filme originalmente feito em alemão, KOENIGS WALZTER, de Herbert Marisch, com a vedeta Willy Forst e cenários de Walter Röhrig, que colaborara com Murnau nos anos 20. Tudo começa quando um aristocrata ajuda uma mulher a pôr o seu xaile, que fora arrastado pelo vento, pede um beijo como recompensa e o cavalo dele morde-a. Isto causa um escândalo, que será resolvido através de valsas e intrigas de corte. Um excelente exemplo dos filmes feitos em diversas “versões” (isto é, em diversas línguas) e nos mesmos cenários, nos primeiros tempos do cinema sonoro. Primeira apresentação na Cinemateca.
21/02/2020, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Jean Grémillon – O Outro Gigante
Le Ciel Est à Vous
de Jean Grémillon
com Madeleine Renaud, Charles Vanel, Jean Debucourt
França, 1943 - 105 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Último filme realizado por Grémillon durante a Segunda Guerra Mundial (“a Ocupação”, para os franceses), LE CIEL EST À VOUS é um dos mais amados pelos admiradores do cineasta. Trata-se da história de uma mãe de família, que depois de voar de avião pela primeira vez, decide, com o apoio do marido, bater um recorde aéreo (Grémillon substitui os efeitos especiais espetaculares, de que não dispunha, por uma rica banda sonora). À época, o filme foi visto por muitos como um apelo à resistência e à luta, embora, paradoxalmente alguns admiradores do Marechal Pétain também o tenham apreciado, por outros motivos (a ideia de sacrifício, a união familiar). De certa forma, LE CIEL EST À VOUS contém a essência do cinema de Grémillon, que declarou a propósito deste filme: “A aviação é apenas um pretexto. Trata-se da transformação de um meio humano numa realidade superior”. A apresentar em cópia digital.
22/02/2020, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Jean Grémillon – O Outro Gigante
L’Étrange Madame X
de Jean Grémillon
com Michèle Morgan, Henri Vidal, Maurice Escande
França, 1951 - 95 min
legendado eletronicamente em português | M/12
A segunda longa-metragem realizada por Grémillon a seguir à Segunda Guerra Mundial foi uma encomenda que o realizador aceitou depois de ver frustrados nada menos do que quatro projetos ambiciosos. O filme marca o seu reencontro com Michèle Morgan, com quem trabalhara em REMORQUES e que retomara a sua posição de vedeta a seguir à guerra, que passara em Hollywood. Morgan, que contracena com Henri Vidal, seu marido na vida real, é uma mulher “com um passado”, casada com um homem rico e tem um amante proletário, que trabalha numa serraria. A mulher compartimenta de tal maneira a sua vida com o marido e a sua relação com o amante, tendo literalmente uma “dupla vida”, que o seu amante pensa que ela é criada de servir na mansão onde vive. Apesar de cenários de qualidade sofrível, o filme mostra a afinidade de Grémillon com o tema da transfiguração dos personagens e a sua capacidade em fazer com que música ritme e comente a ação. Um filme a redescobrir, em primeira apresentação na Cinemateca.
24/02/2020, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Jean Grémillon – O Outro Gigante
L’Étrange Monsieur Victor
Um Erro Judiciário
de Jean Grémillon
com Raimu, Pierre Blanchar, Madeleine Renaud, Viviane Romance
França, 1938 - 113 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Último dos quatro filmes realizados por Grémillon para os estúdios da UFA, em Berlim, L’ÉTRANGE MONSIEUR VICTOR é, no entanto, típico do cinema francês dos anos 30: uma trama narrativa que tem uma súbita reviravolta, um ator cuja presença é marcante (Raimu, num desempenho fabuloso), cenários “realistas” de estúdio (e alguns cenários naturais) e magnífica fotografia, com fortes contrastes entre a sombra e a luz. A ação tem lugar em Toulon e o protagonista tem uma dupla vida: de dia é um respeitável comerciante, à noite um temível malfeitor, chefe e receptador de um bando de ladrões. Um jovem sapateiro que fora condenado por um homicídio cometido por Monsieur Victor e fora desterrado para a Guiana foge e chega a Toulon, o que complica a situação. O filme é uma notável pintura da honradez de fachada e é mais um exemplo da excelência da mise en scène de Grémillon.