24/02/2020, 18h30 | Sala Luís de Pina
Jean Grémillon – O Outro Gigante
Pattes Blanches
de Jean Grémillon
com Paul Bernard, Suzy Delair, Michel Bouquet, Arlette Thomas
França, 1948 - 103 min
legendado eletronicamente em português | M/12
PATTES BLANCHES deveria ter sido realizado por Jean Anouilh, que escreveu o argumento. Mas apenas dez dias antes do início da rodagem, o dramaturgo desistiu da tarefa, que foi confiada a Grémillon. Este realizou algumas alterações no argumento, que transpôs para o presente e a Bretanha, quando a história original se situava no século XIX e num país imaginário. Embora Grémillon só se tenha ligado ao filme ao último momento, este corresponde ao seu universo, pois permite-lhe ao mesmo tempo ilustrar e ultrapassar o realismo. Um castelão que tem a alcunha de “Patas Brancas” devido às polainas que usa, torna-se amante de uma criada do bar da aldeia, que também é amante do seu meio-irmão e inimigo. Paralelamente a estas relações puramente sexuais, uma criada corcunda está apaixonada em segredo pelo aristocrata. Como em outros filmes de Grémillon, é durante uma festa que o drama explode. Como observou à época Georges Sadoul, fiel admirador do realizador, neste filme ele “une perfeitamente tema e estilo, realidade e sonho, fantástico e observação social”.
24/02/2020, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Jean Grémillon – O Outro Gigante
Gardiens de Phare
de Jean Grémillon
com Geymond Vital, Genica Athanasiou, Gabrielle Fontan
França, 1929 - 78 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Em GARDIENS DE PHARE, a sua segunda longa-metragem, Grémillon concilia elementos narrativos melodramáticos, tirados da peça teatral de êxito da qual o filme foi extraído (um faroleiro tem um confronto fatal com o seu filho, que foi mordido por um cão raivoso) e elementos visuais próximos das vanguardas da época, sobretudo na configuração do espaço do farol onde se passa boa parte da ação. Outro elemento espacial importante no filme é o mar, que acentua o isolamento dos personagens, que estão como que presos numa armadilha. Neste filme, que alguns aproximaram do Kammerspiel alemão, Grémillon, “cuja referência estética é sempre musical: trata-se de orquestrar, de modular” (Henri Agel), articula o filme através de equivalências visuais.
26/02/2020, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Jean Grémillon – O Outro Gigante
Remorques
“Reboques”
de Jean Grémillon
com Jean Gabin, Michèle Morgan, Madeleine Renaud
França, 1939-41 - 85 min
legendado em inglês e com legendas eletrónicas em português| M/12
Último filme de Grémillon antes da Segunda Guerra Mundial e da ocupação da França pela Alemanha. Estes acontecimentos perturbaram a realização: a rodagem começou em maio de 1939 e foi interrompida em setembro, quando estalou a guerra. Foi retomada no ano seguinte, quando Gabin já deixara a Europa, com a sua participação no filme inteiramente concluída. Em REMORQUES, Grémillon afasta-se do “realismo”, pois Gabin, capitão de um barco que socorre náufragos, tem uma relação amorosa com uma mulher misteriosa, vinda do mar (Michèle Morgan, sem nada da sua languidez habitual). Entretanto, a mulher do capitão definha no seu leito de morte. O desenlace, com uma tempestade no mar e cantos religiosos na banda sonora, aproxima-se do cinema fantástico, da pura poesia.
26/02/2020, 18h30 | Sala Luís de Pina
Jean Grémillon – O Outro Gigante
Le Six Juin à l’Aube | Les Charmes de l’Existence | Les Désastres de la Guerre
Duração total da sessão: 80 minutos | M/12
LE SIX JUIN À L’AUBE
de Jean Grémillon
França, 1944-45 – 40 min / legendado eletronicamente em português
LES CHARMES DE L’EXISTENCE
de Jean Grémillon e Pierre Kast
França, 1949 – 20 min / legendado eletronicamente em português
LES DÉSASTRES DE LA GUERRE
de Pierre Kast
França, 1951 - 20 min / legendado eletronicamente em português
O “dia 6 de Junho de madrugada” do título do filme que abre esta sessão, foi 6 de Junho de 1944, o “D-Day”, quando as tropas aliadas desembarcaram na Normandia, numa etapa decisiva da derrota alemã na Segunda Guerra Mundial. Grémillon, que era normando, quis “apenas atestar da maneira mais exata o estado da Normandia depois das batalhas do Verão de 1944”, mas teve dificuldades com as autoridades militares americanas, que restringiram os seus movimentos, provavelmente para tentar ocultar a violência que a libertação da região fez sofrer aos seus habitantes. Pierre Kast considera o filme “um exemplo de lucidez e de sentido artístico na articulação de uma narrativa”. Grémillon também escreveu a música do filme e fez a sua locução. Segue-se LES CHARMES DE L’EXISTENCE, co-realizado por Pierre Kast, que Grémillon conhecera em 1945 e com quem teve uma intensa amizade. LES CHARMES DE L’EXISTENCE é subtitulado “Pequena Crónica Cinematográfica dos Salões de Pintura de 1866 a cerca de 1914”, com obras de “pintores eminentes daquela época”. Esta afirmação é irónica e o filme ridiculariza discretamente, fingindo elogiá-la, a pintura académica do período abordado. Henri Agel define LES DÉSASTRES DE LA GUERRE como um filme que é “ao mesmo tempo panfleto, poema e meditação”. Embora ilustrado pelas águas-fortes epónimas de Goya, o nome do pintor nunca é citado, pois trata-se de um filme sobre a guerra de modo geral. Embora Kast tenha assinado sozinho a realização, o trabalho de Grémillon, que escreveu o texto da narração, foi o de um co-realizador
26/02/2020, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Jean Grémillon – O Outro Gigante
Gardiens de Phare
de Jean Grémillon
com Geymond Vital, Genica Athanasiou, Gabrielle Fontan
França, 1929 - 78 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Em GARDIENS DE PHARE, a sua segunda longa-metragem, Grémillon concilia elementos narrativos melodramáticos, tirados da peça teatral de êxito da qual o filme foi extraído (um faroleiro tem um confronto fatal com o seu filho, que foi mordido por um cão raivoso) e elementos visuais próximos das vanguardas da época, sobretudo na configuração do espaço do farol onde se passa boa parte da ação. Outro elemento espacial importante no filme é o mar, que acentua o isolamento dos personagens, que estão como que presos numa armadilha. Neste filme, que alguns aproximaram do Kammerspiel alemão, Grémillon, “cuja referência estética é sempre musical: trata-se de orquestrar, de modular” (Henri Agel), articula o filme através de equivalências visuais.