17/09/2019, 18h30 | Sala Luís de Pina
Luz e Espectros – Cinema de Weimar 1919-1933
Morgen Beginnt das Leben
“A Vida Começa Amanhã”
de Werner Hochbaum
com Erich Haubmann, Hilde von Stolz, Harry Frank, Walter von Lennep, Edith Schollwer
Alemanha, 1933 - 77 min
legendado eletronicamente em português | M/12
De 1933, é o filme mais tardio do programa, realizado no termo da República de Weimar mas considerado como “um canto de cisne às qualidades do cinema” desse período, concentrado na experiência visual da sua proposta. A utilização de imagens documentais, uma iluminação expressionista e uma montagem ousada, o minimalismo dos diálogos, fazem do filme de Werner Hochbaum um singular retrato de Berlim, composto à volta de um casal e seguindo os conflitos interiores das personagens que se procuram uma à outra no tumulto da cidade no dia em que uma delas sai da prisão. Primeira exibição na Cinemateca.
17/09/2019, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Luz e Espectros – Cinema de Weimar 1919-1933
Die Strasse
“A Rua”
de Karl Grune
com Eugen Klöpfer, Lucie Höflich, Anton Edthofer, Aud Egede-Nissen, Max Schreck
Alemanha, 1923 - 95 min
mudo, legendado eletronicamente em português | M/12
acompanhado ao piano por Daniel Bruno Schvetz e na percussão Jorge Moniz
Tido como uma precoce experiência “do cinema da rua” alemão, é um filme composto com um forte sentido visual que confere à cidade uma imagem pontuada pelo frenesim e o risco, associando o perigo à própria rua. Realizado por Karl Grune a partir de um argumento de Carl Mayer, com pouquíssimos intertítulos, DIE STRASSE segue um enredo de consequências trágicas, concentrando-se no périplo de uma noite de um homem de meia-idade que procura evadir-se à monotonia da sua vida, cruzando-o com outras personagens e linhas narrativas confluentes: a ligação entre um homem cego e o neto que perde na multidão, um campónio que vem passar uma noite à cidade. A alucinação interior, a atmosfera de pesadelo da cidade e o trabalho formal da mise-en-scène e recursos visuais como exposições múltiplas, planos subjetivos ou inserts fazem deste filme uma obra fundamental do cinema de Weimar. Primeira exibição na Cinemateca.
18/09/2019, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Luz e Espectros – Cinema de Weimar 1919-1933
Inflation | Die Verrufenen. Der Fünfte Stand
duração total da projeção: 118 min | M/12
acompanhado ao piano por João Paulo Esteves da Silva
INFLATION
de Hans Richter
Alemanha, 1928 – 3 min / mudo, sem intertítulos
DIE VERRUFENEN. DER FÜNFTE STAND
“Bairros de Lata de Berlim”
de Gerhard Lamprecht
com Aud Egede-Nissen, Bernhard Goetzke, Mady Christians, Arthur Bergen
Alemanha, 1925 – 115 min / mudo, legendado eletronicamente em português
INFLATION é o ensaio cinematográfico que o vanguardista Hans Richter compõe à volta do motivo do dinheiro e da sua volatilidade, encadeando fotografias e técnicas de animação em stop motion. Argumentista e realizador prolífero entre as décadas de vinte e cinquenta, Gerhard Lamprecht (também ator, cinéfilo, colecionador de cinema, fundador e primeiro diretor da Deutsche Kinemathek) notabilizou-se pelas representações de Berlim nos seus filmes. DIE VERRUFENEN surpreende pelo realismo social que destila indo ao encontro do propósito do realizador, “a representação realista da vida no interior de um enredo cinematográfico”, aqui inspirada no trabalho do ilustrador e fotógrafo Heinrich Zille sobre a miséria das condições de vida da classe operária na Alemanha de Weimar. Zille surge numa sequência inicial, filmada no estúdio de Lamprechet, mas o filme foi maioritariamente rodado em exteriores e conta com vários atores não profissionais, destacando-se pela sua sensibilidade realista. A história conta o embate de um homem socialmente ostracizado quando sai da prisão onde cumpriu uma pena de vários anos por um crime que não cometeu. DIE VERRUFENEN é apresentado em cópia digital, numa primeira exibição na Cinemateca.
18/09/2019, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Luz e Espectros – Cinema de Weimar 1919-1933
Frühlings Erwachen. eine Kindertragödie
“Despertar Primaveril”
de Richard Oswald
com Mathilde Sussin, Toni van Eyck, Paul Henckels, Carl Balhaus
Alemanha, 1929 - 97 min
mudo, legendado eletronicamente em português | M/12
acompanhado ao piano por Daniel Bruno Schvetz
Richard Oswald (nascido em Viena de Áustria em 1880), prolífero realizador do cinema alemão a partir de 1914, escreveu e realizou os seus filmes no seio da produtora que fundou dois anos mais tarde e até ser forçado a fugir da Alemanha nazi. Do seu trabalho da época constam adaptações literárias, obras de registo não naturalista, filmes sobre a educação e a higiene sexual, um filme que lida com a homossexualidade masculina (ANDERS ALS DIE ANDERN, 1919), um “clássico” do terror (UNHEIMLICHE GESCHITEN, 1932). Adaptado da peça homónima de Frank Wedekind, FRÜHLINGS ERWACHEN é “uma tragédia sexual da juventude” que antecipa o espírito de mais tardios “teenage movies”, centrando-se em questões de costumes e sexualidade adolescente. O enredo parte da expulsão iminente de um rapaz do colégio em que é surpreendido com um ensaio intitulado “Vergonha e Luxúria”, e da gravidez de uma rapariga. Primeira exibição na Cinemateca.
19/09/2019, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Luz e Espectros – Cinema de Weimar 1919-1933
Brüder
“Irmãos” / “Docas de Hamburgo”
de Werner Hochbaum
com Gyula Balogh, Erna Schumacher, Ilse Berger
Alemanha, 1929 - 76 min
mudo, legendado eletronicamente em português | M/12
acompanhado ao piano por Daniel Bruno Schvetz
Werner Hochbaum, cujos filmes foram elogiados pela crítica da sua época mas esquecidos durante décadas até à redescoberta da obra nos anos setenta, continua a ser algo secreto. “O cinema de Hochbaum é um cinema da melancolia, quando não desespero, eivado de energia e jovialidade. […] Tanto na vida (1899-1946) como nos filmes, o realizador alemão era um homem que se situava entre ambições de vanguarda e oportunidades populares, o envolvimento político e idiossincrasias poéticas” (Joachim Schatz). BRÜDER foi financiado pelo Partido Social Democrata e pelos sindicatos de Hamburgo, em cuja zona portuária foi rodado com um elenco maioritariamente amador, alinhando com as representações da classe operária de outros filmes do cinema de Weimar, desde logo alguns dos que Hochbaum realizou ou LOHNBUCHHALTER KREMKE de Marie Harder. O enredo reflete a luta travada pelos trabalhadores das docas de Hamburgo no final do século XIX. Primeira exibição na Cinemateca.