CICLO
Cinema Eslovaco


Em outubro de 1918, no fim da Primeira Guerra Mundial, nasceu a República da Checoslováquia, formada pela Boémia, a Morávia e a Eslováquia, sobre as ruínas do Império Austro-Húngaro. Esta união, embora interrompida no período 1939-45, quando a Boémia foi anexada pela Alemanha e a Eslováquia foi transformada numa república fantoche, durou até ao dia 1 de janeiro de 1993, quando, por iniciativa eslovaca, o país se cindiu pacificamente em dois. Foi só então que, fora das fronteiras da antiga Checoslováquia, se prestou realmente atenção ao cinema feito na Eslováquia. É verdade que até aí o cinema mais importante feito na Checoslováquia (um cinema especialmente brilhante nos anos trinta e nos anos sessenta) vinha da Boémia, mais exatamente de Praga, cidade com importantes tradições intelectuais e artísticas, que também era sede dos estúdios, da escola de cinema e do poder político. Num texto publicado há 20 anos num catálogo do Centro Pompidou, em Paris, Eva Zaoralová lembra que as primeiras produções checas datam de 1898, ao passo que os primeiros filmes rodados na Eslováquia datam de 1908, acrescentando: “Embora muito próximas, as duas nações falam línguas diferentes e têm tradições históricas, sociais e culturais igualmente diferentes. Por conseguinte, as suas cinematografias, apesar de traços comuns, têm características específicas”. Segundo a historiadora, entre 1918 e 1968 o cinema checo predominou, tanto em quantidade como em qualidade e “não se pode falar de produção contínua na Eslováquia antes dos anos cinquenta. No decénio seguinte, as duas cinematografias viveram uma idade de ouro, que foi brutalmente interrompida pela invasão dos tanques soviéticos, num dia de agosto de 1968”. Vinte e um anos depois, a “revolução de veludo” pôs fim ao regime comunista e não tardou a ser seguida pela “separação de veludo”, pela cisão do país em dois, o que, como é evidente, tornou cada vez mais diferentes as suas cinematografias. Neste importante Ciclo, apresentamos seis filmes eslovacos realizados durante a existência da Checoslováquia e quatro produzidos depois da independência política da Eslováquia. Dois deles (“O SOL NA REDE” e “O PUGILISTA E A MORTE”) são importantes e conhecidos exemplos das “novas vagas” que existiram nos mais variados países nos anos sessenta; quatro datam do longo período da “normalização” (1969-89), cujas vicissitudes refletem; os restantes são exemplos da variedade da produção eslovaca dos últimos quinze anos. A variedade formal dos filmes apresentados é grande, assim como a sua qualidade: há três títulos documentais, filmes de narrativa direta e outros de narrativa oblíqua, parábolas. Todos os filmes apresentados são inéditos na Cinemateca.
 
11/10/2016, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Cinema Eslovaco

Ja Milujem, Ty Miluješ
“Eu Amo, Tu Amas”
de Dušan Hanák
Checoslováquia, 1988 - 95 min
 
12/10/2016, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Cinema Eslovaco

Všetko, Čo Mám Rád
“Tudo Aquilo que Amo”
de Martin Šulík
Eslováquia, 1992 - 90 min
14/10/2016, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Cinema Eslovaco

Sila Ľudskosti - Nicholas Winton
“O Poder do Bem – Nicholas Winton”
de Matej Mináč
Eslováquia, 2002 - 64 min
17/10/2016, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Cinema Eslovaco

Papierové Hlavy
“Cabeças de Papel”
de Dušan Hanák
Eslováquia, 1995 - 96 min
18/10/2016, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Cinema Eslovaco

Slepé Lásky
“Amores Cegos”
de Juraj Lehotský
Eslováquia, 2008 - 77 min
11/10/2016, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Cinema Eslovaco

Em colaboração com a Embaixada da República da Eslováquia e o Instituto de Cinema Eslovaco (Bratislava)
Ja Milujem, Ty Miluješ
“Eu Amo, Tu Amas”
de Dušan Hanák
com Roman Klossowski, Iva Janzurová, Milan Jelic
Checoslováquia, 1988 - 95 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Nascido em 1938, Dusan Hanák é um dos nomes importantes a surgir no cinema eslovaco em finais dos anos sessenta; o seu filme de estreia, 322 (1969), recebeu o grande prémio no Festival de Mannheim, que era então uma importante caixa de ressonância dos novos cinemas. O filme foi proibido na Checoslováquia até 1988. JÁ MILUJEM, TY MILUJES foi proibido, embora apenas durante um ano, por “estetização da fealdade”, antes de obter o Urso de Prata no Festival de Berlim para o melhor realizador. Trata-se de uma comédia situada numa pequena cidade de província sobre um solteirão que bebe mais do que deve e tenta desesperadamente atrair a atenção das mulheres. O filme mistura realismo e sentido do absurdo numa série de cenas curtas, habilmente ligadas.
12/10/2016, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Cinema Eslovaco

Em colaboração com a Embaixada da República da Eslováquia e o Instituto de Cinema Eslovaco (Bratislava)
Všetko, Čo Mám Rád
“Tudo Aquilo que Amo”
de Martin Šulík
com Juraj Nvota, Gina Bellman, Zdena Studenková
Eslováquia, 1992 - 90 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Nascido em 1962, Martin Šulík era um adolescente no período da “Revolução de Veludo” e da separação da Eslováquia das outras regiões que formavam a Checoslováquia. VŠETKO, ČO MÁM RÁD, a sua terceira longa-metragem, é um filme de atmosfera, em que um homem de cerca de 35 anos é confrontado a uma dupla crise pessoal: a sua namorada inglesa decide deixar a Eslováquia e o seu filho adolescente quer sair de casa, em busca de novos horizontes. Mais do que a “solução” para estes problemas, o realizador descreve a indecisão e o pequeno vazio da vida da personagem A apresentar em cópia digital.
14/10/2016, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Cinema Eslovaco

Em colaboração com a Embaixada da República da Eslováquia e o Instituto de Cinema Eslovaco (Bratislava)
Sila Ľudskosti - Nicholas Winton
“O Poder do Bem – Nicholas Winton”
de Matej Mináč
Eslováquia, 2002 - 64 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Nascido em 1961, Matej Minác fez-se conhecer pela trilogia que consagrou a Nicholas Winton, formada por dois docudramas e por este documentário sobre “o poder do bem”. Winton era um corretor de ações inglês, que entre março e agosto de 1939 organizou o transporte de cerca de setecentas crianças judias de Praga para a Grã-Bretanha, salvando-lhes a vida. A sua proeza só foi descoberta meio século depois, quando a sua mulher encontrou um caderno de apontamentos em que tudo é revelado. A apresentar em cópia digital.
17/10/2016, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Cinema Eslovaco

Em colaboração com a Embaixada da República da Eslováquia e o Instituto de Cinema Eslovaco (Bratislava)
Papierové Hlavy
“Cabeças de Papel”
de Dušan Hanák
Eslováquia, 1995 - 96 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Segundo filme de Dusan Hanák apresentado neste Ciclo, PAPIEROVÉ HLAVY é um documentário que foi iniciado logo após a “Revolução de Veludo” em 1989 e concluído logo a seguir ao fim da Checoslováquia, que se cindiu em dois países a partir de 1 de janeiro de 1993. O realizador define o filme, que cobre cinquenta anos de História e alterna material de arquivo e testemunhos contemporâneos, como “uma colagem emocional”, destinada a mostrar como o ser humano se comporta “diante de um poder totalitário que o manipula, como ele é humilhado, espoliado, amedrontado, comprometido, mas também como resiste”. A apresentar em cópia digital.
18/10/2016, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Cinema Eslovaco

Em colaboração com a Embaixada da República da Eslováquia e o Instituto de Cinema Eslovaco (Bratislava)
Slepé Lásky
“Amores Cegos”
de Juraj Lehotský
com Peter Kolesár, Iveta Koprdová, Miro Daniel
Eslováquia, 2008 - 77 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Neste documentário, o realizador acompanhou durante quatro anos a vida de quatro pessoas cegas: um professor de música, um jovem cigano “bon vivant”, uma mulher que engravida pela primeira vez e outra, que busca amigos e amores na internet. Como observou Sophie Mayer na revista Sight & Sound, neste filme, “o mundo visível, que sempre foi considerado um domínio profundo e preciso do cinema, é transformado numa ténue capa, sob a qual misteriosas profundidades são exploradas”. A apresentar em cópia digital.