CICLO
Manoel de Oliveira


Os filmes de Manoel de Oliveira são presença assídua na programação da Cinemateca, que em breve, em ocasião a anunciar, há de voltar ao conjunto da obra, a que já dedicou três retrospetivas entre 1981 e 2003. Este mês, um ano decorrido sobre o desaparecimento de Oliveira, a proposta é regressar a VIAGEM AO PRINCÍPIO DO MUNDO (1997) e a VISITA OU MEMÓRIAS E CONFISSÕES (o filme póstumo realizado em 1981, a apresentar numa sessão organizada em colaboração com a Universidade Católica Portuguesa), e ainda ao documental MI RICORDO, SÌ, IO MI RICORDO, de Ana Maria Tatò, rodado em julho de 1996 durante as filmagens de VIAGEM AO PRINCÍPIO DO MUNDO, de Manoel de Oliveira, (numa sessão organizada em colaboração com a 8 ½ Festa do Cinema Italiano).

 

Na sala Luís de Pina, sábado, 8, a partir das 17h, tem lugar a projeção de MARCELLO MASTROIANNI – MI RICORDO, Sì, IO MI RICORDO, de Ana Maria Tatò (1997, 198 min) – ver entrada em “8 ½ Festa do Cinema Italiano”.
 

 
02/04/2016, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Manoel de Oliveira

Viagem ao Princípio do Mundo
de Manoel de Oliveira
Portugal, 1997 - 95 min
 
08/04/2016, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Manoel de Oliveira

Visita ou Memórias e Confissões
de Manoel de Oliveira
Portugal, 1981 - 68 min | M/12
02/04/2016, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Manoel de Oliveira
Viagem ao Princípio do Mundo
de Manoel de Oliveira
com Marcello Mastroianni, Jean-Yves Gautier, Leonor Silveira, Diogo Dória, Isabel de Castro
Portugal, 1997 - 95 min
legendado em português | M/12

Marcello Mastroianni, naquele que foi o seu último trabalho, interpreta a personagem de um realizador, “duplo” do próprio Manoel de Oliveira, numa das mais explícitas incursões autobiográficas da obra do cineasta português. No entanto, nem tudo é autobiografia, nem tudo é explícito: VIAGEM AO PRINCÍPIO DO MUNDO é o filme do mistério do reencontro com as raízes (em duplo sentido literal e metafórico), para o que muito contribui a espantosa participação de Isabel de Castro, no papel de uma velha camponesa incapaz de entender a língua francesa falada pelo seu neto criado em França.

08/04/2016, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Manoel de Oliveira
Visita ou Memórias e Confissões
de Manoel de Oliveira
com Manoel de Oliveira, Maria Isabel Oliveira, Urbano Tavares Rodrigues, Teresa Madruga, Diogo Dória
Portugal, 1981 - 68 min | M/12
Conferência em Cultura e Conflito – “Manoel de Oliveira: a Poetics of Dissent”

Realizado no início dos anos oitenta para ser visto como filme póstumo, VISITA OU MEMÓRIAS E CONFISSÕES levou Manoel de Oliveira a filmar a casa da Rua Vilarinha, no Porto, projetada pelo arquiteto José Porto, que fez construir e foi a sua casa de família desde que se casou em 1940 e durante cerca de quatro décadas mas foi forçado a vender (a “casa da Vilarinha” foi recentemente classificada imóvel de interesse público, também pela sua histórica ligação ao modernismo português e pela sua singularidade como obra arquitetónica, a que estiveram ligados, para além de José Porto, os arquitetos Viana de Lima e Cassiano Branco). Entre os momentos associados à vida nessa casa está a reconstituição da detenção de Oliveira pela PIDE, em 1963, altura em que conheceu o escritor Urbano Tavares Rodrigues. Na obra de Oliveira, é o filme seguinte a FRANCISCA, a partir de um argumento próprio com texto de Agustina Bessa-Luís, fotografia de Elso Roque, som de Joaquim Pinto e montagem coassinada com Ana Luísa Guimarães. VISITA OU MEMÓRIAS E CONFISSÕES é um filme autobiográfico, de “memórias e confissões”, facto que esteve na origem da vontade do realizador em mantê-lo inédito durante o seu tempo de vida. “Uma casa é uma relação íntima, pessoal, onde se encontram as raízes”, “a meu pedido, a Agustina fez um texto, muito bonito, a que chamou Visita. E eu acrescentei-lhe algumas reflexões sobre a casa e sobre a minha vida” (Manoel de Oliveira).