CICLO
Histórias do Cinema: Rui Nogueira / Howard Hawks


Nas “Histórias do Cinema” de maio, Rui Nogueira vem à Cinemateca apresentar uma seleção de cinco filmes de Howard Hawks, propondo uma visita à obra de um dos grandes mestres do cinema clássico. Americano puro, contrariamente a tantos mestres do cinema de Hollywood da sua geração, que tinham emigrado da Europa, Hawks esteve ativo entre o período final do cinema mudo e meados dos anos sessenta, embora os seus anos de ouro cubram o período que vai de 1930 a 1960 e que corresponde precisamente à idade clássica do cinema. De todos os cineastas ativos em Hollywood neste período, Hawks talvez tenha sido o único que realizou obras-primas em todos os géneros principais do cinema americano: o filme de gangsters (SCARFACE), a comédia screwball (BRINGING UP BABY; TWENTIETH CENTURY) e a de costumes (BALL OF FIRE; MAN’S FAVORITE SPORT), filmes de guerra (CEILING ZERO), o western (RIO BRAVO; RED RIVER), o filme “negro” (THE BIG SLEEP) ou a comédia musical (GENTLEMEN PREFER BLONDES). Dirigiu atores como Cary Grant, Gary Cooper, Barbara Stanwyck, Humphrey Bogart, John Wayne, Lauren Bacall, que “inventou”, e Marilyn Monroe, que dizia ser talhada para comédias. Como tantos mestres do cinema clássico americano, Hawks só foi reconhecido como o grande cineasta que é e como um autor, a partir dos anos cinquenta e da revisão crítica que os críticos europeus, sobretudo franceses, fizeram do cinema americano. Este mestre do estilo não era amigo da ênfase: “Parto de uma grande situação e ponho-a em surdina”. Os seus grandes filmes são clássicos de sempre.
Rui Nogueira pertence à categoria dos “cinéfilos à antiga”, formados pela paixão pelo cinema. Mas contrariamente a outros “cinéfilos à antiga”, Rui Nogueira sabe “que o cinema não é a vida, se fosse eu não ia ao cinema”. Nascido no Porto, viveu toda a vida longe de Portugal. Dos quatro aos 23 anos viveu em Moçambique e depois de uma brevíssima passagem por Portugal (foi detido numa manifestação no mesmo dia em que chegou) instalou-se em Paris. Na capital francesa, foi crítico free lance em diversas publicações, para as quais entrevistou nomes como Orson Welles, Alfred Hitchcock, Gloria Swanson, Frank Capra, Samuel Fuller e o seu realizador preferido, Howard Hawks. Na primeira metade da década de setenta, foi colaborador do mítico Henri Langlois, na Cinemateca Francesa. Entre 1978 e 2010, foi diretor e programador do CAC (Centre d’Animation Cinématographique), em Genebra. Desde 2010, colabora com a Cinemateca Suíça, baseada em Lausanne. É autor de um clássico livro-entrevista, Le Cinema Selon Melville (1971), traduzido em várias línguas.
Como rubrica regular de programação as “Histórias do Cinema” assentam na ideia de um binómio, para cinco tardes e em torno de cinco filmes (ou em cinco sessões, com número variável de obras projetadas): dum lado, um investigador de cinema – historiador, crítico, ensaísta, podendo também tratar-se de realizador ou técnico, por exemplo; de outro, um autor ou um tema histórico abordado pelo primeiro. O investigador discorre e conversa sobre o tema numa sequência de encontros que são antes de mais pensados como uma experiência cumulativa.

 

sessões-conferência | apresentadas e comentadas por Rui Nogueira

INFORMAÇÃO SOBRE AS SESSÕES E VENDA ANTECIPADA DE BILHETES
Para esta rubrica, a Cinemateca propõe um regime de venda de bilhetes específico, fazendo um preço especial e dando prioridade a quem deseje seguir o conjunto das sessões. Assim, quem deseje seguir todas as sessões (venda exclusiva para a totalidade das sessões, máximo de duas coleções por pessoa) poderá comprar antecipadamente a sua entrada pelo preço global de € 22 (Estudantes, Cartão Jovem, Maiores de 65 anos, Reformados: € 12 – Amigos da Cinemateca, Estudantes Cinema, Desempregados: € 10) entre 8 e 12 de junho. Os lugares que não tenham sido vendidos serão depois disponibilizados através do normal sistema de venda no próprio dia de cada sessão, no horário de bilheteira habitual e de acordo com o preço específico destas sessões, € 5 (Estudantes, Cartão Jovem, Maiores de 65 anos, Reformados: € 3 – Amigos da Cinemateca, Estudantes Cinema, Desempregados: € 2,60).
 

 
15/06/2015, 18h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo Histórias do Cinema: Rui Nogueira / Howard Hawks

SCARFACE
Scarface, o Homem da Cicatriz
de Howard Hawks
Estados Unidos, 1932 - 93 min
 
16/06/2015, 18h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo Histórias do Cinema: Rui Nogueira / Howard Hawks

BRINGING UP BABY
Duas Feras
de Howard Hawks
Estados Unidos, 1939 - 101 min
17/06/2015, 18h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo Histórias do Cinema: Rui Nogueira / Howard Hawks

ONLY ANGELS HAVE WINGS
Paraíso Infernal
de Howard Hawks
Estados Unidos, 1939 - 117 min
18/06/2015, 18h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo Histórias do Cinema: Rui Nogueira / Howard Hawks

RIO BRAVO
Rio Bravo
de Howard Hawks
Estados Unidos, 1959 - 141 min
19/06/2015, 18h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo Histórias do Cinema: Rui Nogueira / Howard Hawks

HATARI!
Hatari!
de Howard Hawks
Estados Unidos, 1962 - 157 min
15/06/2015, 18h00 | Sala Luís de Pina
Histórias do Cinema: Rui Nogueira / Howard Hawks
SCARFACE
Scarface, o Homem da Cicatriz
de Howard Hawks
com Paul Muni, Ann Dvorak, George Raft, Boris Karloff
Estados Unidos, 1932 - 93 min
legendado eletronicamente em português | M/12
sessão-conferência | apresentada e comentada por Rui Nogueira

Era um filme favorito de Hawks, revelou George Raft e é o filme definitivo do “género gangster”. Inspirado na “carreira” de Al Capone, chefe do crime de Chicago, é uma das obras máximas de Howard Hawks, uma verdadeira sinfonia para metralhadora. Mas é também a história de uma obsessão sexual incestuosa de Tony Camonte/Scarface pela irmã. “SCARFACE [pode] ser incluído, com toda a lógica, entre as comédias mais ferozes de Hawks, em que tudo é levado ao excesso e à desmesura” (Manuel Cintra Ferreira).

16/06/2015, 18h00 | Sala Luís de Pina
Histórias do Cinema: Rui Nogueira / Howard Hawks
BRINGING UP BABY
Duas Feras
de Howard Hawks
com Cary Grant, Katharine Hepburn, Charlie Ruggles, May Robson, Barry Fitzgerald
Estados Unidos, 1939 - 101 min
legendado em português | M/12
sessão-conferência | apresentada e comentada por Rui Nogueira

É uma das comédias mais geniais de toda a história do cinema. BRINGING UP BABY poderia suscitar volumes de análise, de tal maneira há sentidos escondidos por detrás das aparências. Entre o osso que falta a um dinossáurio e um par de leopardos, entre uma rica herdeira e um professor aluado, o filme é uma sucessão de armadilhas e de situações burlescas. Simplesmente irresistível. “A noite da caçada – noite final do filme – é um dos momentos mais prodigiosos do cinema de Hawks” (João Bénard da Costa).

17/06/2015, 18h00 | Sala Luís de Pina
Histórias do Cinema: Rui Nogueira / Howard Hawks
ONLY ANGELS HAVE WINGS
Paraíso Infernal
de Howard Hawks
com Cary Grant, Jean Arthur, Richard Barthelmess, Thomas Mitchell, Rita Hayworth
Estados Unidos, 1939 - 117 min
legendado em francês e eletronicamente em português | M/12
sessão-conferência | apresentada e comentada por Rui Nogueira

Howard Hawks realizou obras-primas em quase todos os géneros do cinema de Hollywood e também em filmes de aviação, de que ONLY ANGELS HAVE WINGS é exemplo. Protagonista do filme, Cary Grant, explicava assim o segredo da sua atração: “I play myself”. Em ONLY ANGELS HAVE WINGS, ele é o homem que nunca tem lume e atira sempre uma moeda (sem coroa) ao ar perante uma dúvida. A quintessência do cinema de Howard Hawks: um filme de aviadores, de sacrifício por amor e de heróis suicidários. Um dos mais belos filmes do mundo. “Porquê que os homens voam? / Ando nisto há vinte e dois anos, Miss Lee. Não posso dar-lhe uma resposta que faça sentido”.

18/06/2015, 18h00 | Sala Luís de Pina
Histórias do Cinema: Rui Nogueira / Howard Hawks
RIO BRAVO
Rio Bravo
de Howard Hawks
com John Wayne, Dean Martin, Ricky Nelson, Angie Dickinson, Walter Brennan
Estados Unidos, 1959 - 141 min
legendado em espanhol | M/12
sessão-conferência | apresentada e comentada por Rui Nogueira

Um dos mais famosos westerns de sempre e a obra-prima de Howard Hawks no género, realizado “em resposta” a HIGH NOON de Zinnemann. Um grupo de homens com uma missão a cumprir é o tema geral dos filmes de aventuras de Hawks, neste caso a de manter a ordem numa pequena cidade e levar a julgamento um assassino. Mas é também, como todos os filmes do realizador, uma fabulosa variação sobre a “guerra dos sexos”, entre John Wayne e Angie Dickinson. “À pena que [a personagem de Dean Martin] tem de si próprio substitui-se, como em ONLY ANGELS HAVE WINGS, a perceção fulminante que ninguém terá pena dele. Nem dos outros. Sem uma palavra (a não ser o breve pedido de Martin a Brennan), só com música, tudo está dito sobre mercy e sobre loosers” (João Bénard da Costa).

19/06/2015, 18h00 | Sala Luís de Pina
Histórias do Cinema: Rui Nogueira / Howard Hawks
HATARI!
Hatari!
de Howard Hawks
com John Wayne, Elsa Martinelli, Red Buttons, Hardy Kruger, Bruce Cabot
Estados Unidos, 1962 - 157 min
legendado eletronicamente em português | M/12
sessão-conferência | apresentada e comentada por Rui Nogueira

Um dos maiores filmes de Howard Hawks e uma obra-prima do cinema de aventuras. Praticamente sem história (a atividade de um grupo de homens que se dedicam a apanhar animais selvagens, em África, para os zoos), HATARI! é quase um filme de balanço da obra de Hawks, com os seus temas e situações clássicas e a eterna guerra dos sexos. “Tanto quanto um filme sobre o grupo, tanto quanto um filme sobre a amizade e o amor, esta é a obra em que Hawks levou mais longe as suas metáforas animalísticas. Cada animal introduz uma personagem ou lhe dá grande plano” (João Bénard da Costa).