18/04/2015, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Aqueles que nunca tinham levado Leone a sério ficaram impressionados quando viram este filme no Festival de Cannes. Sob a aparência de um filme de gangsters, Sergio Leone fez um monumento cinematográfico: não um filme épico, mas um filme sobre a memória, um dos mais ambiciosos e mais belos filmes de sempre sobre o tempo, as lembranças e a amizade. Esta longa meditação elegíaca, esta dilacerante história de necessidade mútua, é também um filme sobre os mitos americanos, como só um europeu poderia vê-los, despidos do prosaísmo e da banalidade da realidade americana. Esta é uma América mitológica (era uma vez...), num filme que é uma aposta do imaginário, em que tudo aquilo que vemos talvez nunca tenha existido, talvez tenha sido a alucinação de um comedor de ópio. Esta versão, distribuída à época na Europa e em outros territórios, mas não nos Estados Unidos, é o author’s cut. Mas em 2012 foi feita uma nova montagem, com vinte minutos a mais.