CICLO
Nicolas Rey | Realizador Convidado


Um Ciclo que nos permitirá descobrir o cinema de Nicolas Rey, realizador nascido em França em 1968 e cujo nome não constitui qualquer pseudónimo. Autor de uma filmografia que apresenta uma densidade e um rigor invulgares, que não mostraremos na sua integralidade por vontade do próprio Rey, o programa associa os seus três últimos filmes a uma constelação de obras muito importantes para o seu trabalho enquanto cineasta. Entre elas encontramos filmes de Nathalie Nambot, Maki Berchache ou Alexandr Balagura, realizadores e amigos que lhe são muito próximos, e que não só colaboram mutuamente nos filmes uns dos outros, como partilham com Rey um modo muito particular de fazer, ou seja, a persistência de um trabalho em película cinematográfica no momento da sua obsolescência enquanto suporte e um trabalho coletivo no curioso laboratório cinematográfico criado por realizadores e artistas designado “L’Abominable”, de que Rey é um dos fundadores. Todos eles partilham ainda um cinema atravessado por uma explícita dimensão política, mas também por uma ideia de viagem e uma rara poesia. Trata-se assim de um programa em que o trabalho da matéria das imagens e dos sons e das originais relações que se estabelecem entre estas duas entidades é indissociável do real filmado e de um olhar extremamente comprometido com o que se filma, perspetiva que se estende dos filmes mais obscuros aos títulos mais conhecidos.
Como o próprio Rey escreveu “A viagem e o exílio, a Rússia e a história, a poesia e a política atravessam este conjunto compósito que não responde a uma lógica estrita. Também, neste jogo de ecos e de cumplicidades, frequentemente atravessado pela questão das relações possíveis entre o texto dito – a ‘banda da palavra’ como lhe poderemos chamar –, a banda de som e a banda de imagem, veremos vários filmes realizados por cineastas com os meios colocados à disposição pelo L’Abominable, o laboratório partilhado no qual participo.”

 

Entre 9 e 21 de março, Nicolas Rey está presente nas sessões, bem como nos dois encontros em que se discutirão questões relacionadas com o trabalho em película fílmica na atualidade e as virtudes e os condicionalismos associados à sua projeção. As sessões designadas como “Encontros” são de entrada livre mediante o levantamento de ingressos na bilheteira.
 

 
20/03/2015, 22h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo Nicolas Rey | Realizador Convidado

ANTIGONE ou DIE ANTIGONE DES SOPHOKLES NACH DER HÖLDERLINSCHEN ÜBERTRAGUNG FÜR DIE BÜHNE BEARBEITET VON BRECHT 1948
“A ‘Antígona’ de Sófocles na Tradução de Hölderlin tal como foi Encenada por Brecht em 1948”
de Jean-Marie Straub, Danièle Huillet
Alemanha, 1992 - 100 min
 
21/03/2015, 15h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo Nicolas Rey | Realizador Convidado

PAUSA ITALIANA
de Aleksandr Balagura
Itália, 2004 - 238 min
21/03/2015, 22h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo Nicolas Rey | Realizador Convidado

AUTREMENT, LA MOLUSSIE
de Nicolas Rey
França, 2012 - 81 min
20/03/2015, 22h00 | Sala Luís de Pina
Nicolas Rey | Realizador Convidado
ANTIGONE ou DIE ANTIGONE DES SOPHOKLES NACH DER HÖLDERLINSCHEN ÜBERTRAGUNG FÜR DIE BÜHNE BEARBEITET VON BRECHT 1948
“A ‘Antígona’ de Sófocles na Tradução de Hölderlin tal como foi Encenada por Brecht em 1948”
de Jean-Marie Straub, Danièle Huillet
com Astrid Ofner, Werner Rehm, Ursula Ofner
Alemanha, 1992 - 100 min
legendado em português | M/12
com a presença de Nicolas Rey

Um diálogo, ou uma continuidade, que vai do fundamental texto de Sófocles a Hölderlin, de Hölderlin a Brecht, e de Brecht a Straub-Huillet. “Um filme sensual, além de ser simultaneamente um filme político. É aí que reside a sua graça, como se, com a personagem de Antígona, o cinema dos Straub tivesse encontrado a sua imagem secreta, a sua única heroína” (Laurence Giavarini, Cahiers du Cinéma).

21/03/2015, 15h00 | Sala Luís de Pina
Nicolas Rey | Realizador Convidado
PAUSA ITALIANA
de Aleksandr Balagura
Itália, 2004 - 238 min
legendado em francês e eletronicamente em português | M/12
com a presença de Nicolas Rey

Como descreveu o próprio Rey, em 1998 parecia impossível a Balagura continuar a fazer filmes na Ucrânia sem se tornar escravo da televisão. Terá então partido para Itália, “o país da cultura”. Com uma mulher e dois filhos e sem papéis, depressa se terá confrontado com realidades menos agradáveis tendo então pedido emprestada uma câmara mini-dv a um amigo, com a qual observou a realidade que o envolvia. Como tão bem esclarece Rey, “permitindo-se trabalhar uma temporalidade bastante invulgar, Balagura alia a precisão das suas gravações com uma narrativa fragmentária portadora de uma grande qualidade literária.” Primeira exibição na Cinemateca.

21/03/2015, 22h00 | Sala Luís de Pina
Nicolas Rey | Realizador Convidado
AUTREMENT, LA MOLUSSIE
de Nicolas Rey
com Peter Hoffmann
França, 2012 - 81 min
legendado eletronicamente em português | M/12
com a presença de Nicolas Rey

Entre 1932 e 1936 Günther Anders escreveu um romance político-filosófico e uma alegoria antifascista com o título Die Molussische Katakombe. Instigado por amigos conhecedores da língua alemã, que lhe traduziram fragmentos do livro, Rey acabou por selecionar um conjunto de passagens com um importante significado para os dias de hoje, que combinou com a beleza extrema de um conjunto de paisagens. AUTREMENT, LA MOLUSSIE é um poderosíssimo filme que, como muitos outros de Rey, assenta numa relação complexa que se estabelece entre o som e a imagem. Filmado em película 16mm fora de prazo, apresenta um modo de projeção invulgar que consiste na exibição aleatória das suas nove bobines, pelo que cada visionamento se apresenta como um acontecimento único. Grande Prémio do Festival Cinéma du Réel de 2012 e mostrado no Festival DocLisboa. Primeira exibição na Cinemateca.