CICLO
Abril 50 - Programa Especial


Em anteriores aniversários redondos (nos 10, 25 e 40 anos) a Cinemateca levou a cabo importantes iniciativas de celebração no exato dia 25 de Abril. Aos 50 anos, a imensidade de memórias, reflexões e interrogações que a data nos sugeria no próprio território do cinema, exigiu outra escala de tempo, invadindo um ano inteiro de programação desde janeiro até dezembro. Se todo o ano de 2024 tem sido assim contaminado por esta evocação, seja de forma direta seja de forma indireta, nomeadamente através do Ciclo “O que Farei Eu com Esta Espada?”, reservámos para abril a componente mais festiva e intensa desta celebração. Para além dos Ciclos “Ir ao Cinema em 1974”, “O Outro 25 de Abril” (em colaboração com a Festa do Cinema Italiano) e do panorama dedicado ao cinema moçambicano desde a independência até à atualidade, vamos de forma muito intensa nos dias 25, 26 e 27 voltar a exibir as “imagens de Abril”, seja nas obras de referência da época, em filmes posteriores que a evocam, ou até em alguns documentos inéditos entretanto recuperados. No feriado de 25 de abril, voltaremos a abrir as portas da Sede, de manhã à noite e com acesso gratuito, para uma maratona de imagens dessas várias tipologias. Logo na manhã do mesmo dia 25 de abril, às 11h, será inaugurada a instalação Sempre – A palavra, o sonho e a poesia na rua da realizadora e artista visual Luciana Fina, convidada pela Cinemateca para uma evocação livre do tema. Na tarde de dia 27 apresentaremos de novo (repetindo e renovando a experiência feita nos 70 anos da Cinemateca) uma longa sessão de homenagem ao cinema português, numa “montagem crua de bobines” de filmes de múltiplos géneros, em diálogo com a nossa História contemporânea.
 
 
26/04/2024, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Abril 50 - Programa Especial

As Desventuras do Drácula Von Barreto nas Terras da Reforma Agrária | Le Fantôme de la Liberté
duração total da projeção: 113 min | M/12
 
26/04/2024, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Abril 50 - Programa Especial

Os “restos” de As Armas e o Povo | As imagens do Conservatório de Cinema
duração aproximada da projeção: 185 min | M/12
26/04/2024, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Abril 50 - Programa Especial

Assim Começa uma Cooperativa | Gestos & Fragmentos
Duração total da projeção: 106 min | M/12
27/04/2024, 17h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Abril 50 - Programa Especial

O Acto do Cinema
duração total prevista: 210 min | M/12
27/04/2024, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Abril 50 - Programa Especial

Torre Bela
de Thomas Harlan
Portugal, Itália, RFA, 1977 - 136 min | M/12
26/04/2024, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Abril 50 - Programa Especial
As Desventuras do Drácula Von Barreto nas Terras da Reforma Agrária | Le Fantôme de la Liberté
duração total da projeção: 113 min | M/12
AS DESVENTURAS DO DRÁCULA VON BARRETO NAS TERRAS DA REFORMA AGRÁRIA
de Célula de Cinema do PCP
com Henrique Espírito Santo, Artur Semedo
Portugal, 1977 – 9 min

LE FANTÔME DE LA LIBERTÉ
O Fantasma da Liberdade
de Luis Buñuel
com Jean-Claude Brialy, Monica Vitti, Milena Vukotic, Michel Piccoli, Adriana Asti, Adolfo Celi, Paul Frankeur, Michel Londsdale
França, 1974 – 104 min / legendado em português

Penúltimo filme de Buñuel, LE FANTÔME DE LA LIBERTÉ faz – tão admirável quanto subtilmente – uma síntese de toda a carreira deste cineasta único e ímpar. Paradoxalmente foi, e provavelmente ainda é, um dos filmes menos amados de Buñuel. Realizado no âmbito de sessões de divulgação e esclarecimento sobre o trabalho do cinema desenvolvidas pela Célula de Cinema do PCP, AS DESVENTURAS... é uma sátira ao modo como era encarada a Reforma Agrária. O produtor Henrique Espírito Santo interpreta o próprio “Drácula Von Barreto”.

consulte a FOLHA DA CINEMATECA de AS DESVENTURAS DO DRÁCULA VON BARRTO EM TERRAS DA REFORMA AGRÁRIA aqui


consulte a FOLHA DA CINEMATECA de LE FANTÔME DE LA LIBERTÉ aqui
26/04/2024, 18h30 | Sala Luís de Pina
Abril 50 - Programa Especial
Os “restos” de As Armas e o Povo | As imagens do Conservatório de Cinema
duração aproximada da projeção: 185 min | M/12
Imagens em Bruto da Revolução

Sessão com apresentação

Entrada livre mediante levantamento de bilhete 30 minutos antes da sessão
Apresentamos uma seleção de bobines que contêm imagens a cores e a preto e branco registadas a quente nos primeiros dias da Revolução (entre o 25 de Abril e o 1º de Maio de 1974). São imagens filmadas por realizadores, diretores de fotografia ou operadores que acompanharam o despontar da Revolução, saindo para a rua com as suas próprias câmaras, ou reunindo as câmaras e a película existente em vários pontos do país, com o intuito de captar a evolução dos importantes acontecimentos em curso. Entre aqueles que participaram nesta aventura encontramos Fernando Matos Silva, Fernando Lopes, João Matos Silva, António de Macedo, Ricardo Costa, Acácio de Almeida, António da Cunha Telles, Henrique Espírito Santo, José de Sá Caetano, Moedas Miguel, Glauber Rocha, Artur Semedo, Eduardo Geada, António Escudeiro, Manuel Costa e Silva, Monique Rutler, Amílcar Lyra, Leonel Brito, Óscar Cruz, Elso Roque, José Fonseca e Costa e Luís Galvão Teles. Trata-se de um cinema de urgência, que mostramos em cristalinas imagens em 35mm, sem som, e não sujeitas a qualquer montagem. Serão os “restos” não utilizados no filme coletivo AS ARMAS E O POVO. Imagens que fazem parte da coleção da Cinemateca, conservando a rugosidade própria da sua qualidade de “brutos” e um valor documental inestimável. A estas seguem-se outras imagens em bruto da Revolução desta feita relacionadas com a história do Conservatório de Cinema (que em setembro de 1973 tinha iniciado o primeiro ano enquanto Escola Piloto). De entre as várias dezenas de candidaturas formou-se uma primeira turma onde se incluíam futuras figuras do cinema português como João Botelho, Monique Rutler, Jorge Alves da Silva, Paola Porru, Jorge Loureiro, entre outros. Depois de um primeiro semestre experimental, os jovens cineastas foram apanhados pela Revolução. Assim, na manhã de 25 de Abril, vários deles entram nas instalações da Escola de Cinema, agarram nas câmaras de 16mm e na película que lá havia, e lançam-se para as ruas. Pouco depois o Conservatório entra numa fase de reestruturação, reabrindo só em 1975, já noutros moldes, e as imagens que os alunos filmaram ficaram esquecidas. No âmbito do recente depósito que a ESTC (Escola Superior de Teatro e Cinema) fez dos seus arquivos analógicos, o ANIM identificou vários rolos de película não montada e sem som, num total de 108 minutos de material, que correspondem à integralidade do que os estudantes filmaram naquele dia. 50 anos depois a Cinemateca apresenta a totalidade desse material (agora em suporte digital).

consulte a FOLHA DA CINEMATECA aqui
26/04/2024, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Abril 50 - Programa Especial
Assim Começa uma Cooperativa | Gestos & Fragmentos
Duração total da projeção: 106 min | M/12
ASSIM COMEÇA UMA COOPERATIVA
de Grupo Zero
Portugal, 1977 – 16 min

GESTOS & FRAGMENTOS
de Alberto Seixas Santos
com Otelo Saraiva de Carvalho, Eduardo Lourenço, Robert Kramer
Portugal, 1982 – 90 min / legendado em português

“Ensaio sobre os militares e o poder”, frase que também pertence ao título de GESTOS & FRAGMENTOS, resume o espírito do filme, assente em três pontos de vista sobre o mesmo tema: os de Otelo Saraiva de Carvalho e de Eduardo Lourenço, nos seus próprios papéis, e o protagonizado por Robert Kramer, como um jornalista americano embrenhado na procura de explicações para o processo tomado pela Revolução portuguesa. “Certeiro e mortífero”. Um dos mais impressionantes olhares cinematográficos sobre a Revolução de Abril. O argumento é de Seixas Santos, que coassina o comentário do filme com Nuno Júdice, Eduardo Lourenço, Robert Kramer e Otelo Saraiva de Carvalho. Produzido e realizado pelo coletivo Grupo Zero, demonstrativo do desenvolvimento de uma produção cinematográfica que acompanhava de perto as lutas camponesas e operárias do período pós-revolucionário, ASSIM COMEÇA UMA COOPERATIVA acompanha os esforços de um grupo de pequenos agricultores de Barcouço, na zona de Coimbra, cuja ideia de formar uma cooperativa nasceu na banda de música que a maior parte integrava.

consulte a FOLHA DA CINEMATECA aqui

 
27/04/2024, 17h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Abril 50 - Programa Especial
O Acto do Cinema
duração total prevista: 210 min | M/12
Homenagem ao Cinema Português anterior e posterior à fronteira de Abril

Projeção non-stop de bobines e fragmentos de filmes

Entrada livre mediante levantamento de bilhete 30 minutos antes da sessão
Retomando e reinventando o dispositivo de uma “jornada especial de homenagem ao Cinema Português” que aqui organizámos em novembro de 2018 por ocasião dos 70 anos da Cinemateca, nesta outra efeméride do cinquentenário de Abril voltamos a prestar tributo ao cinema que aqui se fez antes e após essa data, desta vez buscando particularmente o modo como este representou formas de estar e de sentir coletivas, mais ou menos exteriorizadas, em torno dessa fronteira. De novo, trata-se duma montagem livre de cenas de filmes de vários géneros, não necessariamente mostrados na sua sequência cronológica, correspondentes a bobines inteiras ou fragmentos de obras, sem interrupção.
 
27/04/2024, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Abril 50 - Programa Especial
Torre Bela
de Thomas Harlan
Portugal, Itália, RFA, 1977 - 136 min | M/12
Um dos mais míticos filmes da “filmografia de abril”, que segue os acontecimentos da ocupação da herdade ribatejana pertencente ao Duque de Lafões por camponeses pobres das regiões circundantes. Não deixando de intervir na sequência dos factos, mas não lhes sobrepondo qualquer comentário “off”, Harlan, com a importante colaboração do montador Roberto Perpignani, dá-nos a curva histórica do movimento de ocupação e da sua relação com os militares do MFA, desde os gestos iniciais de revolta até ao declínio, passando pela organização da cooperativa e pelos primeiros sinais de contradições internas. Após uma montagem muito mais longa que não chegou a ter verdadeira divulgação pública, o filme foi estreado em Cannes em 1977 com duração equivalente à que é agora apresentada, e foi depois objeto de sucessivas remontagens feitas pelo próprio Harlan, algumas com duração bastante inferior a esta. Primeira apresentação da cópia digital da versão que, no final da vida, foi caucionada pelo realizador, e que irá ser editada em DVD pela Cinemateca Portuguesa e pelo Filmmuseum de Munique.

consulte a FOLHA DA CINEMATECA aqui