CICLO
Ir ao Cinema em 1974


Naqueles dois anos, 1974 e 1975, em que Portugal esteve profundamente embrenhado no processo revolucionário, que filmes estavam nas salas de cinema? Que entorno, que moldura, que contexto, deu o cinema mundial aos anos da Revolução portuguesa? A curiosidade perante as respostas a estas perguntas conduziu-nos a este par de ciclos dedicados ao cinema desses anos – depois de irmos em abril ao cinema de 1974, vamos em maio ao cinema de 1975. Como uma viagem no tempo, a ideia é que nos embrenhemos e tentemos viver (ou reviver, no caso de uma determinada geração de espectadores) a experiência de ser um espectador de cinema em 1974. Convém explicitar isto: um espectador não necessariamente português (muitos destes filmes chegaram mais tarde a Portugal, outros nunca entraram no nosso circuito comercial), mas um espectador ideal que navegasse por entre países e continentes. O par de ciclos pode ser visto como uma proposta de seleção do melhor que se fazia naqueles anos, sem distinção entre objetos oriundos da grande indústria e artefactos produzidos num regime de produção a outra escala – até porque todos eles dialogavam uns com os outros nas salas de cinema, numa época em que os rótulos (o cinema da "indústria", o cinema "de autor") ainda não ditavam uma compartimentação, nem a uma condenação a nichos de mercado, com a mesma força que se veio a manifestar mais tarde.
A ideia é que, para o espectador de 2024, o Ciclo ofereça um percurso livre e diverso, entre filmes muito diferentes, portadores de propostas de cinema muito diferentes, mas unidas pela pertença a esse oceano de diversidade que sempre foi o cinema. Entre as coisas únicas que o cinema de meados dos anos 1970 oferecia, vale a pena registar o facto de se tratar de uma época (com muito de único, de facto) em que muitos dos velhos e consagrados mestres ainda estavam ativos, e a geração dos seus filhos ou netos começava a dar os primeiros passos – e um filme de Buñuel coexistia com um filme de Chantal Akerman, um filme de Bresson com um filme de Steven Spielberg. Era isto, o cinema em 1974.
 
 
05/04/2024, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Ir ao Cinema em 1974

Lenny
Lenny
de Bob Fosse
Estados Unidos, 1974 - 111 min
 
05/04/2024, 19h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Ir ao Cinema em 1974

Femmes Femmes
de Paul Vecchiali
França, 1974 - 116 min
06/04/2024, 17h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Ir ao Cinema em 1974

The Conversation
O Vigilante
de Francis Ford Coppola
Estados Unidos, 1974 - 113 min
08/04/2024, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Ir ao Cinema em 1974

The Sugarland Express
Asfalto Quente
de Steven Spielberg
Estados Unidos, 1974 - 110 min
08/04/2024, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Ir ao Cinema em 1974

Les Hautes Solitudes
de Philippe Garrel
França, 1974 - 82 min
05/04/2024, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ir ao Cinema em 1974
Lenny
Lenny
de Bob Fosse
com Dustin Hoffman, Valerie Perrine, Jan Miner
Estados Unidos, 1974 - 111 min
legendado eletronicamente em português | M/16
No auge da fama depois do sucesso de CABARET, Bob Fosse atirou-se aqui a um biopic, construído com procedimentos (entrevistas e depoimentos encenados) que se tornaram típicos do “falso documentário”, do lendário cómico americano Lenny Bruce, conhecido pelo seu humor violento, depressivo e frequentemente atentatório dos “bons costumes”. Dustin Hoffman tem um dos papéis da sua vida ao encarnar este homem neurótico e complexo, de hábitos excessivos e pouco católicos (morreu aos 40 anos, com uma overdose); e o preto e branco coçado e fumarento da fotografia de Bruce Surtees, a captar na perfeição o ambiente dos night clubs onde Lenny se exibe, é absolutamente notável.

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05/04/2024, 19h30 | Sala Luís de Pina
Ir ao Cinema em 1974
Femmes Femmes
de Paul Vecchiali
com Michel Delahaye, Hélène Surgère, Noël Simsolo, Sonia Saviange
França, 1974 - 116 min
legendado eletronicamente em português | M/16
“Um realizador no desemprego e duas atrizes no desemprego que fazem um filme, eis um ato revolucionário”, disse Vecchiali sobre FEMMES FEMMES, um dos filmes mais celebrados e mais artesanais do realizador de quem François Truffaut disse, nos anos 60, ser “o único herdeiro de Jean Renoir”. FEMMES FEMMES é uma “comédia musical” que reúne duas atrizes fracassadas num teatro muito particular (um apartamento), num jogo entre o “teatro” e a “vida” sobre fundo evocativo do cinema francês dos anos 30. Em 1974 Pasolini foi um dos grandes admiradores do filme, tendo mostrado cenas dele aos atores de SALÓ, que então preparava. A exibir em cópia digital.

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06/04/2024, 17h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ir ao Cinema em 1974
The Conversation
O Vigilante
de Francis Ford Coppola
com Gene Hackman, John Cazale, Allen Garfield, Frederic Forrest
Estados Unidos, 1974 - 113 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Francis Ford Coppola às voltas com a paranoia da perseguição, com a história de um especialista em vigilância eletrónica que é contratado pelo diretor de uma grande companhia para fazer escutas a um casal que ali trabalha. A pouco e pouco, descobre que talvez isso vá provocar uma morte, como acontecera anos antes noutra operação.

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08/04/2024, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ir ao Cinema em 1974
The Sugarland Express
Asfalto Quente
de Steven Spielberg
com Goldie Hawn, Ben Johnson, Michael Sacks
Estados Unidos, 1974 - 110 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Spielberg antes dos blockbusters (a seguir veio JAWS). THE SUGARLAND EXPRESS podia ser um par para o BADLANDS de Malick: história de um casal em fuga, com a polícia à perna, pelo Texas adentro. De destacar a presença da muito jovem Goldie Hawn e do “fordiano” Ben Johnson. A exibir em cópia digital.

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08/04/2024, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ir ao Cinema em 1974
Les Hautes Solitudes
de Philippe Garrel
com Jean Seberg, Nico, Tina Aumont
França, 1974 - 82 min
mudo | M/12
É um filme da luz, como disse Garrel. LES HAUTES SOLITUDES corresponde, na sua obra, ao encontro com Jean Seberg. Rodado “pelo preço de um 2 cavalos”, é mesmo, assumidamente, um retrato de Seberg, filmado ao improviso. Quando Garrel mostrou a montagem à atriz, ainda sem banda sonora, ela respondeu que “ficava contente se o filme acabasse assim”. E assim, mudo, o filme ficou. A exibir em cópia digital.

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