CICLO
HISTÓRIAS DO CINEMA EISENSCHITZ / CHAPLIN – CHAPLIN REALIZADOR


HISTÓRIAS DO CINEMA é uma nova rubrica de programação explicitamente concebida e anunciada como um binómio: dum lado, um investigador de cinema – historiador, crítico, ensaísta, podendo também tratar-se de realizador ou técnico, por exemplo; de outro, um autor ou um tema histórico abordado pelo primeiro. Ao longo de cinco tardes e em torno de cinco filmes (ou em cinco sessões, com número variável de obras projectadas), o investigador discorrerá e conversará sobre o tema, numa sequência de encontros que são antes de mais pensados como experiência cumulativa. Para além desta invariância – a relação entre um convidado e um tema – nada mais desta rubrica será fixado ou formatado, pretendendo-se que cada programa exprima, no âmbito como no modo, o que pode justamente ser único na relação em causa. Sendo uma alternativa à tradicional “carta branca”, não é uma soma de conferências nem um “curso livre”, podendo livremente ser visto como tal. É um programa de filmes e é também um convite a uma das possíveis leituras ou contextualizações dele. Remete para a História sem que tenha de ser sempre um acto de historiador. E, se não deixa de evocar Godard e o seu hoje famoso “Histoire(s) du Cinéma”, é apresentado como experiência de trabalho, ostensivamente efémera e parcelar, que a ausência do parêntesis (em relação àquele título) também quer acentuar. Para abrir a rubrica, Bernard Eisenschitz apresentará cinco programas dedicados a Chaplin. Um dos maiores historiadores actuais fala-nos de um dos maiores realizadores de cinema de sempre, abordando-o exactamente por esse ângulo, ou seja, como realizador. Se a grandeza de Chaplin é uma evidência, é provável que essa dimensão o seja afinal muito menos do que se espera ou do que muitas vezes se faz crer. O homem que corporiza o burlesco cinematográfico, o actor genial, o ícone cinematográfico supremo ou aquele que fez da sua relação com a América um caso político, não é sempre ou necessariamente reconhecido nessa primeira dimensão. O tema central deste programa é a “mise en scène” chapliana. Bernard Eisenschitz marcou a história do cinema feita nos últimos quarenta anos, sendo um dos raros que fez mesmo ponte entre a historiografia clássica e a renovação deste campo após a década de oitenta. Estabeleceu a edição definitiva da Histoire Générale du Cinéma de Sadoul, antes de se tornar ele mesmo um dos grandes historiadores do cinema mundial. É um especialista (da história do cinema soviético, do cinema alemão, de Fritz Lang ou, por exemplo, também de Nicholas Ray) e é um dos raros generalistas contemporâneos, capaz de abordar com familiaridade e densidade o cinema dos primórdios e autores mais recentes, ficção e documentário, cinema europeu, asiático ou americano. Foi sempre um homem da escrita, com publicações monográficas sobre, entre outros, Bogart, Lubitsch, Cinema Alemão, Cinema Soviético, Nicholas Ray, Chris Marker…, e com fortíssima presença no mundo das revistas de cinema (Positif em 1964-67, Cahiers du Cinéma em 1967-71, La Nouvelle Critique em 1970-76, L’Humanité em 1972-79, Cinémathèque, Cinématographe, Révolution, Screen, L’Avant Scène Cinéma, Trafic…, criando em 2001 a sua própria revista Cinéma). É programador, tradutor, legendador, e tem sido pontualmente distribuidor, realizador e actor. Esteve no Conselho de administração da Cinemateca Francesa (entre 1982 e 1990) e foi responsável pelos quatro volumes de Restaurations et Tirages dessa cinemateca nessa mesma década. Trabalhou directamente na área do restauro (por exemplo, no caso de L’ATALANTE, de Vigo) e realizou curtas metragens em torno de Vigo, Lang ou, precisamente, Chaplin (CHAPLIN HOJE: MONSIEUR VERDOUX, de 2003). Eisenschitz regressa à Cinemateca nesta nova rubrica, depois de várias outras presenças, das quais a última ocorreu no ano passado no contexto da nossa associação ao festival Temps d’Images.
Não existem filmes para o ciclo selecionado
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