CICLO
Manoel de Oliveira Integral – O Visível e o Invisível (II)


Prossegue em janeiro a retrospetiva integral da obra de Manoel de Oliveira, apresentada em detalhe no programa de dezembro passado. Incluindo segundas passagens de obras então programadas, esta segunda parte concentra-se entre 1991, o ano de A DIVINA COMÉDIA, e O VELHO DO RESTELO (2014), o último filme que Oliveira realizou, correspondendo ao período mais prolífico da sua extensa obra. São mais de três décadas em que desenvolve um cinema quase artesanal, conotado com o artificialismo e com a teatralidade, que derivam da sua relação muito particular com a realidade filmada.
Não havia freio para a criatividade e originalidade sem limites do cineasta, pelo que já em 1972, a propósito da estreia de O PASSADO E O PRESENTE, João César Monteiro escrevia: “O país tem um cineasta maior que o próprio país. O que fazer? Ou se encurta o cineasta ou se alarga o país.” Alargou-se o cineasta, que foi o grande responsável pela expansão de uma determinada ideia de cinema de autor muito para lá das nossas fronteiras físicas.
Como aconteceu em dezembro, a retrospetiva abre-se a filmes em que Manoel de Oliveira foi retratado.


TRÊS CONVERSAS EM TORNO DA OBRA DE MANOEL DE OLIVEIRA
 
DA FRAQUEZA, UMA IMENSA FORÇA
Manoel de Oliveira e as condições estruturais de realização de filmes em Portugal. As lições de Oliveira.
Quarta-feira [9] 18:30 | Sala Luís de Pina
 
MANOEL DE OLIVEIRA E OS ATORES
Os corpos, os olhares e as vozes do cinema de Manoel de Oliveira. Ator-câmara-espectador: quem nos olha? Para onde se olha?
Quarta-feira [16] 18:30 | Sala Luís de Pina
 
MANOEL DE OLIVEIRA E PORTUGAL
A relação com a História como tropo da relação com o presente. Como é que Manoel de Oliveira dialogou com o país? O que é a sua verdadeira contribuição para a cultura portuguesa?  
Quarta-feira [30] 18:30 | Sala Luís de Pina
 
 
Participantes convidados a anunciar
entrada gratuita mediante levantamento de ingresso na bilheteira
 
 
25/01/2019, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Manoel de Oliveira Integral – O Visível e o Invisível (II)

Viagem ao Princípio do Mundo
de Manoel de Oliveira
Portugal, França, 1997 - 95 min
 
25/01/2019, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Manoel de Oliveira Integral – O Visível e o Invisível (II)

O Quinto Império – Ontem como Hoje
de Manoel de Oliveira
Portugal, França, 2004 - 127 min | M/12
25/01/2019, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Manoel de Oliveira Integral – O Visível e o Invisível (II)

Do Visível ao Invisível | Belle Toujours
duração total da projeção: 74 min | M/12
26/01/2019, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Manoel de Oliveira Integral – O Visível e o Invisível (II)

Rencontre Unique | Painéis de São Vicente de Fora – Visão Poética | Cristovão Colombo, o Enigma
duração total da projeção: 93 min | M/12
28/01/2019, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Manoel de Oliveira Integral – O Visível e o Invisível (II)

Inquietude
de Manoel de Oliveira
Portugal, França, Espanha, Suíça, 1998 - 114 min | M/12
25/01/2019, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Manoel de Oliveira Integral – O Visível e o Invisível (II)
Viagem ao Princípio do Mundo
de Manoel de Oliveira
com Marcello Mastroianni, Jean-Yves Gautier, Leonor Silveira, Diogo Dória, Isabel de Castro
Portugal, França, 1997 - 95 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Marcello Mastroianni, naquele que foi o seu último trabalho, interpreta a personagem de um realizador, “duplo” do próprio Manoel de Oliveira, numa das mais explícitas incursões autobiográficas da obra do cineasta português. No entanto, nem tudo é autobiografia, nem tudo é explícito: VIAGEM AO PRINCÍPIO DO MUNDO é o filme do mistério do reencontro com as raízes (em duplo sentido literal e metafórico), para o que muito contribui a espantosa participação de Isabel de Castro, no papel de uma velha camponesa incapaz de entender a língua francesa falada pelo seu neto criado em França.
 
25/01/2019, 18h30 | Sala Luís de Pina
Manoel de Oliveira Integral – O Visível e o Invisível (II)
O Quinto Império – Ontem como Hoje
de Manoel de Oliveira
com Ricardo Trêpa, Luis Miguel Cintra, Glória de Matos, Miguel Guilherme
Portugal, França, 2004 - 127 min | M/12
Baseado na peça de José Régio El Rei Sebastião (1949), à volta da figura do Rei, do homem e da mítica personagem do Encoberto, que faz igualmente parte da mitologia muçulmana, na crença de que uma manhã de nevoeiro o verá regressar num cavalo branco. “Contra modos e tempos, silêncios e reservas, Oliveira nunca deixou de o proclamar [a José Régio] primus inter pares, valorização atribuída a Fernando Pessoa. (…) Manoel de Oliveira diz que ‘este é o meu filme mais esperançoso.’ De profundis, não sou eu quem o contradirá” (João Bénard da Costa).
 
25/01/2019, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Manoel de Oliveira Integral – O Visível e o Invisível (II)
Do Visível ao Invisível | Belle Toujours
duração total da projeção: 74 min | M/12
DO VISÍVEL AO INVISÍVEL
de Manoel de Oliveira
com Leon Cakoff, Ricardo Trêpa
Brasil, 2005 – 6 min
BELLE TOUJOURS
de Manoel de Oliveira
com Michel Piccoli, Bulle Ogier, Ricardo Trêpa, Leonor Baldaque
Portugal, França, 2006 – 68 min / legendado em português

Manoel de Oliveira presta tributo a Luis Buñuel, propondo em BELLE TOUJOURS uma continuação de BELLE DE JOUR, juntando os dois protagonistas de Buñuel, em Paris, 39 anos depois do seu encontro. Michel Piccoli volta a interpretar o papel de Henri, guardador do segredo que Séverine (Bulle Ogier no papel interpretado por Catherine Deneuve no primeiro filme) quer descobrir. DO VISÍVEL AO INVISÍVEL, estreado no Festival de Veneza, põe em cena os problemas modernos de comunicação entre as pessoas.
 
26/01/2019, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Manoel de Oliveira Integral – O Visível e o Invisível (II)
Rencontre Unique | Painéis de São Vicente de Fora – Visão Poética | Cristovão Colombo, o Enigma
duração total da projeção: 93 min | M/12
RENCONTRE UNIQUE
de Manoel de Oliveira
com Duarte de Almeida, Michel Piccoli
França, 2007 – 3 min / legendado em português
PAINÉIS DE SÃO VICENTE DE FORA – VISÃO POÉTICA
de Manoel de Oliveira
com Ricardo Trêpa, Diogo Dória, Daniel Punilhas, Ângelo do Carmo, Jorge Trêpa
Portugal, 2010 – 15 min
CRISTOVÃO COLOMBO, O ENIGMA
de Manoel de Oliveira
com Ricardo Trêpa, Manoel de Oliveira, Leonor Baldaque, Maria Isabel de Oliveira, Luis Miguel Cintra, Leonor Silveira
Portugal, 2007 – 75 min

A abrir a sessão, RENCONTRE UNIQUE, realizado por Manoel de Oliveira para o filme coletivo CHACUN SON CINÉMA ou CE PETIT COUP AU COEUR QUAND LA LUMIÈRE S´ETEINT ET QUE LE FILM COMMENCE. Entre os trabalhos encomendados a uma trintena de conhecidos cineastas, que assim comemoram o aniversário do Festival de Cannes, o episódio de Oliveira destaca-se e é o que leva porventura mais longe a ironia, encenando o impossível encontro de Krustchev com o Papa João XXIII, com um fabuloso toque de humor. PAINÉIS DE SÃO VICENTE DE FORA é uma reflexão pessoal de Manoel de Oliveira sobre os Painéis de São Vicente de Fora, uma obra do século XVI atribuída ao pintor Nuno Gonçalves (primeira exibição na Cinemateca). A partir do livro de Manuel Luciano da Silva e Sílvia Jorge da Silva, um casal de cientistas portugueses residente nos Estados Unidos, CRISTOVÃO COLOMBO, O ENIGMA defende a possibilidade do navegador ser português, um alentejano nascido em Cuba (de onde teria derivado o nome da ilha).
 
28/01/2019, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Manoel de Oliveira Integral – O Visível e o Invisível (II)
Inquietude
de Manoel de Oliveira
com José Pinto, Luis Miguel Cintra, Isabel Ruth, Leonor Silveira, Irene Papas, Ricardo Trêpa, Leonor Baldaque
Portugal, França, Espanha, Suíça, 1998 - 114 min | M/12
Aparentemente construído em “sketches”, INQUIETUDE é um filme surpreendente em que os diferentes episódios comunicam entre si de forma original. A peça Os Imortais, de Prista Monteiro, em que José Pinto e Luis Miguel Cintra se enfrentam, revela-se uma encenação a que assiste a personagem de Suzy, na segunda história, adaptada de António Patrício, da qual surge, como um rio, a narrativa lendária da Mãe de um Rio, escrita por Agustina Bessa-Luís e interpretada por Irene Papas. Primeira aparição, na obra de Oliveira, de Ricardo Trêpa e de Leonor Baldaque.