CICLO
As Cinematecas Hoje: Cinemateca Sueca (Svenska Filminstitutet)


Em início dos anos trinta, com a instalação definitiva do cinema sonoro e a consequente destruição de milhares de cópias de filmes mudos para a confeção de pentes e outros objetos, surgiu a consciência da necessidade de preservar a arte cinematográfica. Nasceram então as cinematecas. Embora a mais célebre e influente de todas tenha sido a Cinemateca Francesa, nascida em 1936, a primeira cinemateca do mundo foi fundada na Suécia, em 1933, por Bengt Idestam-Almquist, que também escrevia argumentos, com o pseudónimo de Robin Hood e que, como todos os pioneiros das cinematecas, era uma personalidade pouco banal. Ao longo dos anos, a Cinemateca Sueca adquiriu uma posição de grande relevo entre as cinematecas europeias e os seus diretores no período que vai dos anos cinquenta aos noventa, Anna-Lena Wibom e Rolf Lindfors foram personalidades marcantes na vida da FIAF, a Federação Internacional de Arquivos de Filmes. Os laços entre a Cinemateca Sueca e a Cinemateca Portuguesa são antigos e próximos e por este motivo esta é uma das cinematecas que homenageamos neste ano em que festejamos o nosso septuagésimo aniversário. Jon Wengström, Diretor do Arquivo Fílmico no seio do Instituto de Cinema Sueco, concebeu o programa deste Ciclo como um percurso histórico pelo cinema sueco, dos anos dez aos anos noventa, o que também é uma maneira de contar a história da cinemateca que manteve vivos estes filmes, preservando-os e divulgando-os. Poderemos percorrer oitenta anos de uma das mais importantes cinematografias do mundo, através de cópias restauradas, a maioria das quais em suporte analógico original. Durante o período mudo, o cinema sueco atingiu alturas excecionais e poderemos rever um dos grandes clássicos deste período, OS PROSCRITOS, além de podermos finalmente ver na sua versão integral A LENDA DE GÖSTA BERLING, que fez nascer o mito de Greta Garbo. Além de filmes de cineastas tão importantes e conhecidos como Gustaf Molander (num dos filmes feitos por Ingrid Bergman antes da sua ida para Hollywood) e Alf Sjöberg, poderemos descobrir ou rever obras de realizadores menos célebres fora do seu país natal ou um pouco esquecidos em outros territórios, como Hasse Ekman, Mai Zetterling, Arne Sucksdorff, Bo Widerberg e Jan Troell. Do mais célebre cineasta sueco de sempre, Ingmar Bergman, cujo centenário de nascimento decorre este ano, poderemos ver aspetos contrastantes da sua obra, além de uma série de raridades: filmes publicitários, o prólogo e o epílogo inseridos na versão original de A HORA DO LOBO, o trailer de EM BUSCA DA VERDADE, que é uma verdadeira curta-metragem autónoma, e imagens da rodagem de MORANGOS SILVESTRES. Jon Wengström estará presente em Lisboa para a abertura do ciclo e fará uma conferência no dia 9.
 
com a presença de Jon Wengström, Diretor do Arquivo Fílmico Sueco
 
 
15/11/2018, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo As Cinematecas Hoje: Cinemateca Sueca (Svenska Filminstitutet)

Bris Reklamfilmer | En Lektion i Kärlek
duração total da projeção: 101 minutos | M/12
 
19/11/2018, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo As Cinematecas Hoje: Cinemateca Sueca (Svenska Filminstitutet)

Mitt Hem är Copacabana
“Meu Lar em Copacabana”
de Arne Sucksdorff
Suécia, 1965 - 88 min
20/11/2018, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo As Cinematecas Hoje: Cinemateca Sueca (Svenska Filminstitutet)

Säsom i en Spegel
Em Busca da Verdade
de Ingmar Bergman
Suécia, 1961 - 92 min
21/11/2018, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo As Cinematecas Hoje: Cinemateca Sueca (Svenska Filminstitutet)

Älskande Par
Amor em Tons Eróticos
de Mai Zetterling
Suécia, 1964 - 118 min
22/11/2018, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo As Cinematecas Hoje: Cinemateca Sueca (Svenska Filminstitutet)

Flicka och Hyacinter
“A Rapariga dos Jacintos”
de Hasse Ekman
Suécia, 1951 - 89 min
15/11/2018, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
As Cinematecas Hoje: Cinemateca Sueca (Svenska Filminstitutet)
Bris Reklamfilmer | En Lektion i Kärlek
duração total da projeção: 101 minutos | M/12
BRIS REKLAMFILMER
“Anúncios de BRIS”
de Ingmar Bergman
Suécia, 1950-53 – 11 min / legendado em inglês e eletronicamente em português
EN LEKTION I KÄRLEK
Uma Lição de Amor
de Ingmar Bergman
com Gunnar Björnstrand, Harriet Andersson, Åke Grönberg
Suécia, 1954 – 90 min / legendado em inglês e eletronicamente em português

De UMA LIÇÃO DE AMOR, uma das suas raras comédias, disse Bergman tratar-se de um filme “feito para o momento que passa”. Ao analisar o filme e citar esta frase de Bergman, João Bénard da Costa observou: “Para um filme do «momento que passa» muito há nele que não passa mesmo e recapitula ou anuncia outros filmes”. Na obra de Bergman, UMA LIÇÃO DE AMOR é um título que se associa a um momento de felicidade pessoal e foi, ao que constam os relatos, rodado num ambiente particularmente descontraído. É considerado “o mais frívolo filme de Bergman”, com um argumento que anda à volta de cenas conjugais. A abrir a sessão, uma compilação de nove filmes publicitários realizados por Bergman para uma marca de lixívia, sobre os quais informa-nos Jon Wengström: “São muito divertidos e foram feitos em grande parte com os atores e técnicos com os quais Bergman trabalhava e há uma história interessante por detrás deles: a indústria cinematográfica sueca esteve em greve durante onze meses, em 1950-51 e só se podia fazer filmes em cenários naturais ou filmes publicitários”. Primeira exibição na Cinemateca de BRIS REKLAMFILMER, em cópia digital.
 
19/11/2018, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
As Cinematecas Hoje: Cinemateca Sueca (Svenska Filminstitutet)
Mitt Hem är Copacabana
“Meu Lar em Copacabana”
de Arne Sucksdorff
com Cosme dos Santos, Toninho Carlos de Lima, Leila Santos de Sousa
Suécia, 1965 - 88 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Arne Sucksdorff (1917-2001) celebrizou-se por documentários sobre a Natureza, como “A GRANDE AVENTURA” e “O ARCO E A FLECHA”. Em 1965, foi convidado a dar um curso de cinema no Rio de Janeiro (ao regressar a Estocolmo, ofereceu o seu gravador Nagra aos seus alunos) e durante esta estadia realizou este filme. Trata-se de uma ficção sobre um grupo de crianças e adolescentes que vivem numa favela, de onde “descem” para as ruas e a praia de Copacabana, numa narrativa de grupo. A apresentar em cópia digital. Primeira exibição na Cinemateca.
 
20/11/2018, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
As Cinematecas Hoje: Cinemateca Sueca (Svenska Filminstitutet)
Säsom i en Spegel
Em Busca da Verdade
de Ingmar Bergman
com Harriet Andersson, Max Von Sydow, Gunnar Björnstrand, Lars Pasogaard
Suécia, 1961 - 92 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Este “filme de câmara”, segundo o próprio Bergman (“o filme sinfonia deixou de me interessar”), o primeiro que filmou na “sua” ilha de Farö, é um dos mais pungentes e sombrios do realizador. Uma busca desesperada de Deus por uma mulher que sofre de perturbações mentais, num percurso que a leva ao hospício e à beira da loucura. Este filme marca o começo de uma trilogia sob o tema comum do “Silêncio de Deus”, que se prolongou com LUZ DE INVERNO e O SILÊNCIO. A propósito de SÄSOM I EN SPEGEL, João Bénard da Costa escreveu que “nunca um filme tocou tanto o vazio (pelo menos até PERSONA) como EM BUSCA DA VERDADE. Só que esse vazio é especular e reenvia à obscuridade que, nas palavras do Apóstolo, é o único lote que, por agora e por enquanto nos cabe”. A apresentar numa cópia nova em 35 mm, tirada no corrente ano.
 
21/11/2018, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
As Cinematecas Hoje: Cinemateca Sueca (Svenska Filminstitutet)
Älskande Par
Amor em Tons Eróticos
de Mai Zetterling
com Harriet Andersson, Gunnel Lindblom, Gio Petri
Suécia, 1964 - 118 min
legendado em inglês e eletronicamente em português | M/16
Mai Zetterling (1925-94) formou-se no Conservatório de Teatro de Estocolmo e fez uma dupla carreira como atriz e realizadora, tendo realizado nada menos de dezoito longas-metragens. Em ÄLSKANDE PAR, três mulheres grávidas rememoram as suas vidas sexuais. Jon Wengström considera-o “o melhor filme da melhor realizadora sueca”, ao passo que o escritor Claude Ollier opinou: “É uma obra cerrada mas nada confusa, pródiga sem dilapidação, elegante sem maneirismo. A realizadora sueca exprime-se num registo que se situa entre a austeridade desconfortável de Bergman e o barroquismo melodramático de Sjöberg”. Primeira exibição na Cinemateca, a apresentar em cópia digital.
 
22/11/2018, 18h30 | Sala Luís de Pina
As Cinematecas Hoje: Cinemateca Sueca (Svenska Filminstitutet)
Flicka och Hyacinter
“A Rapariga dos Jacintos”
de Hasse Ekman
com Eva Henning, Ulf Palme, Birgit Tengroth
Suécia, 1951 - 89 min
legendado em inglês e eletronicamente em português | M/12
Quase desconhecido fora da Suécia, Hasse Ekman (1915-2004) realizou mais de quarenta filmes e telefilmes e foi ator em outros tantos, como INTERMEZZO, de Gustav Molander, em que contracena com Ingrid Bergman. FLICKA OCH HYACINTER costuma ser considerado o seu melhor filme e era um dos preferidos do grande programador Peter von Bagh, que programou-o na Cinemateca Portuguesa, na carta branca que lhe oferecemos em 2003. Trata-se da história de uma jovem que se suicida; o caseiro da casa onde ela morreu, que não a conhecia, fica com os pertences dela e procura várias pessoas que a tinham conhecido, para tentar explicar as razões do seu gesto. Manuel Cintra Ferreira, que viu no filme uma variação de CITIZEN KANE, delirou de entusiasmo: “Em verdade vos digo que quem tiver a fortuna de estar presente nesta sessão vai encontrar uma daquelas grandes surpresas que, uma vez por outra, nos aparecem em filmes antigos e esquecidos”.