CICLO
Censura: Os Cortes e os Filmes


Em abril, apresentamos um Ciclo sobre a censura, regressando à coleção da Cinemateca de cortes realizados durante o Estado Novo. Desta vez pretendemos dar a ver e colocar em diálogo cortes feitos pela Comissão de Censura (desde 1945, data da sua integração no SNI, até 1974) e os respetivos filmes. Estes cortes, agora exibidos individualmente em complemento a cada um dos filmes, refletem alguns dos temas objeto de proibição e/ou alguns dos condicionalismos e particularidades do processo de censura ao cinema que determinaram a aprovação de filmes com cortes: a posição face ao nazismo alemão (THIS LAND IS MINE, 1943, só estreado em 1954), ao fascismo italiano (CENTO ANNI D’AMORE, 1954) e ao comunismo (A KING IN NEW YORK, 1957); a classificação etária (SIAMO DONNE, 1953 e PINOCCHIO, 1940); questões morais (THE STRANGE WOMAN, 1946; ROCCO E I SUOI FRATELLI, 1960; THE HUSTLER, 1961; CLÉO DE 5 À 7, 1962); e as difíceis relações entre censores e distribuidores (LE REPOS DU GUERRIER, 1962). Não apresentaremos os muitos títulos cuja exibição foi proibida até à Revolução, concentramo-nos antes num conjunto de filmes estrangeiros que, tendo estreado antes de abril de 1974, foram sujeitos a prévias amputações, contextualizando os respetivos processos de censura mediante notas acrescentadas às “folhas” que acompanham habitualmente as sessões. Regressamos também aos filmes de montagem de cortes existentes na coleção da Cinemateca realizados por Manuel Mozos, CINEMA – ALGUNS CORTES: CENSURA (o I de 1999, o II e III de 2014), que, pelo modo como articulam esses mesmos elementos, convidam a um outro olhar sobre o que a censura não deixou ver.

 

As sessões incluem as projecções dos filmes e a apresentação dos respetivos cortes de censura.

28/04/2015, 19h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Censura: Os Cortes e os Filmes

A KING IN NEW YORK
Um Rei em Nova Iorque
de Charles Chaplin
Reino Unido, 1957 - 105 min
29/04/2015, 19h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Censura: Os Cortes e os Filmes

ENCONTRO – CENSURA: OS CORTES E OS FILMES
30/04/2015, 19h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Censura: Os Cortes e os Filmes

THE STRANGE WOMAN
Uma Mulher Estranha
de Edgar G. Ulmer
Estados Unidos, 1946 - 100 min
28/04/2015, 19h30 | Sala Luís de Pina
Censura: Os Cortes e os Filmes
A KING IN NEW YORK
Um Rei em Nova Iorque
de Charles Chaplin
com Charles Chaplin, Dawn Addams, Oliver Johnston, Michael Chaplin
Reino Unido, 1957 - 105 min
legendado em espanhol | M/6
A sessão inclui a projecções do filme e a apresentação dos respetivos cortes de censura

Longe da personagem de Charlot, abandonada em 1936 em MODERN TIMES, Chaplin, em A KING IN NEW YORK, ajusta contas com os Estados Unidos, cinco anos depois de ter sido praticamente expulso do país. Na sequência de um golpe de Estado, o rei de um país fictício da Europa Central foge para Nova Iorque com boa parte do tesouro do seu país. Uma vez chegado, vê-se envolvido em aspectos da cultura americana com os quais não contava, como o culto do dinheiro e da forma física. Durante uma visita a uma escola, tem um diálogo socrático com uma criança, que é uma crítica aberta à intolerância, que se manifestara durante a "caça as bruxas" do macarthysmo, de que o próprio Chaplin foi vítima.

29/04/2015, 19h30 | Sala Luís de Pina
Censura: Os Cortes e os Filmes
ENCONTRO – CENSURA: OS CORTES E OS FILMES
Conversa moderada por Tiago Baptista com a presença de Lauro António e António da Cunha Telles

Um encontro em que se discutirá o modo como se exerceu a censura cinematográfica durante o Estado Novo em Portugal partindo de várias das questões convocadas por este Programa realizado ao longo do mês de abril.

30/04/2015, 19h30 | Sala Luís de Pina
Censura: Os Cortes e os Filmes
THE STRANGE WOMAN
Uma Mulher Estranha
de Edgar G. Ulmer
com Hedy Lamarr, Louis Hayward, George Sanders, Gene Lockart, Hillary Brooke
Estados Unidos, 1946 - 100 min
legendado eletronicamente em português | M/12
A sessão inclui a projeção do filme e a apresentação dos respetivos cortes de censura

THE STRANGE WOMAN não é um filme de “série B”, como todos os que Edgar G. Ulmer realizou até esse ano, mas é decididamente um grande filme de Ulmer. Se Hedy Lamarr, “anjo por fora e veneno por dentro”, como dizia a crítica da época, é descendente de tantos e tantas personagens femininas como Scarlet O’Hara, de GONE WITH THE WIND, ou Gene Tierney, de LEAVE HER TO HEAVEN, também há nela uma sexualidade mais explícita que a faz herdeira de Vera de DETOUR.