11/09/2020, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
XALA, que adapta um romance publicado por Ousmane Sembène dois anos antes, é um dos seus filmes mais conseguidos, embora não tenha recebido o reconhecimento crítico que merecia. Sembène realizou com este filme uma sátira feroz e, por vezes, hilariante às classes dominantes senegalesas. Trata-se da história de um homem rico e já maduro, que resolve casar com uma terceira mulher, bem mais jovem do que ele, como é autorizado pelo islão, religião maioritária no Senegal. Mas o homem é vítima de um bruxedo (a
xala do título do filme), que o torna impotente. A narrativa acaba por abandonar o tom bem-humorado e o tema do
xala, que só é retomado já perto do desenlace e mostra os mil problemas que o protagonista cria para si mesmo na gestão, demasiado fraudulenta, do organismo de importação de bens alimentares onde ocupa um alto cargo. O mais alto funcionário deste organismo é tratado por “Senhor Presidente”, numa crítica ferina e transparente a Léopold Senghor, presidente do Senegal e também poeta e intelectual da Negritude. O desenlace adquire quase a forma de um ritual.
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