27/02/2020, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Jean Grémillon – O Outro Gigante
Lumière d’Étè
de Jean Grémillon
com Madeleine Renaud, Pierre Brasseur, Madeleine Robinson, Paul Bernard
França, 1942 - 112 min
legendado eletronicamente em português | M/12
LUMIÈRE D’ÉTÈ foi provavelmente o filme mais ambicioso a ter sido realizado por Grémillon na primeira metade dos anos 40. A narrativa opõe dois mundos totalmente diferentes, o de um castelão decadente (que Georges Sadoul comparou, à época, a personagens de Sade) e da sua amante e o mundo moderno e voltado para o trabalho dos operários e engenheiros que constroem uma barragem na região. A estes acrescenta-se a figura de um pintor alcoólatra, que desencadeia paixões. Como em tantos filmes de Grémillon, a ação chega ao seu paroxismo num grande baile de máscaras, talvez o mais belo de toda a sua obra, seguido por um desenlace dramático. No seu livro sobre Grémillon, Henri Agel observou a propósito deste filme: “O mundo é uma tragicomédia e neste filme todos os personagens representam. Nos momentos mais intensos de LUMIÈRE D’ÉTÈ já não se trata apenas de um drama em particular, há forças afetivas que se afrontam e desafiam o destino”.
27/02/2020, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Jean Grémillon – O Outro Gigante
L’Amour d’une Femme
O Amor de uma Mulher
de Jean Grémillon
com Micheline Presle, Massimo Girotti, Gaby Morlay
França, 1953 - 103 min
legendado eletronicamente em português M/12
Esta última longa-metragem de Jean Grémillon foi uma amarga experiência do ponto de vista profissional. O filme, cujo argumento foi escrito pelo realizador, foi distribuído de modo quase clandestino, um ano depois de concluído, num único cinema, de pequenas dimensões. Foi, por conseguinte, um absoluto fracasso de bilheteira, que enterrou definitivamente a carreira do realizador. Trata-se de uma história feminista avant la lettre, em que uma médica, nomeada para uma pequena aldeia na Bretanha, tem uma ligação sentimental com um engenheiro. Este não quer que ela continue a trabalhar e a mulher vive um conflito entre as suas aspirações profissionais e a sua vida sentimental. Primeira apresentação, em cópia digital, na Cinemateca.
28/02/2020, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Jean Grémillon – O Outro Gigante
Le Ciel Est à Vous
de Jean Grémillon
com Madeleine Renaud, Charles Vanel, Jean Debucourt
França, Itália, 1943 - 105 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Último filme realizado por Grémillon durante a Segunda Guerra Mundial (“a Ocupação”, para os franceses), LE CIEL EST À VOUS é um dos mais amados pelos admiradores do cineasta. Trata-se da história de uma mãe de família, que depois de voar de avião pela primeira vez, decide, com o apoio do marido, bater um recorde aéreo (Grémillon substitui os efeitos especiais espetaculares, de que não dispunha, por uma rica banda sonora). À época, o filme foi visto por muitos como um apelo à resistência e à luta, embora, paradoxalmente alguns admiradores do Marechal Pétain também o tenham apreciado, por outros motivos (a ideia de sacrifício, a união familiar). De certa forma, LE CIEL EST À VOUS contém a essência do cinema de Grémillon, que declarou a propósito deste filme: “A aviação é apenas um pretexto. Trata-se da transformação de um meio humano numa realidade superior”. A apresentar em cópia digital.
28/02/2020, 18h30 | Sala Luís de Pina
Jean Grémillon – O Outro Gigante
L’Étrange Madame X
de Jean Grémillon
com Michèle Morgan, Henri Vidal, Maurice Escande
França, 1951 - 95 min
legendado eletronicamente em português | M/12
A segunda longa-metragem realizada por Grémillon a seguir à Segunda Guerra Mundial foi uma encomenda que o realizador aceitou depois de ver frustrados nada menos do que quatro projetos ambiciosos. O filme marca o seu reencontro com Michèle Morgan, com quem trabalhara em REMORQUES e que retomara a sua posição de vedeta a seguir à guerra, que passara em Hollywood. Morgan, que contracena com Henri Vidal, seu marido na vida real, é uma mulher “com um passado”, casada com um homem rico e tem um amante proletário, que trabalha numa serraria. A mulher compartimenta de tal maneira a sua vida com o marido e a sua relação com o amante, tendo literalmente uma “dupla vida”, que o seu amante pensa que ela é criada de servir na mansão onde vive. Apesar de cenários de qualidade sofrível, o filme mostra a afinidade de Grémillon com o tema da transfiguração dos personagens e a sua capacidade em fazer com que música ritme e comente a ação. Um filme a redescobrir, em primeira apresentação na Cinemateca.
28/02/2020, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Jean Grémillon – O Outro Gigante
Pattes Blanches
de Jean Grémillon
com Paul Bernard, Suzy Delair, Michel Bouquet, Arlette Thomas
França, 1948 - 103 min
legendado eletronicamente em português | M/12
PATTES BLANCHES deveria ter sido realizado por Jean Anouilh, que escreveu o argumento. Mas apenas dez dias antes do início da rodagem, o dramaturgo desistiu da tarefa, que foi confiada a Grémillon. Este realizou algumas alterações no argumento, que transpôs para o presente e a Bretanha, quando a história original se situava no século XIX e num país imaginário. Embora Grémillon só se tenha ligado ao filme ao último momento, este corresponde ao seu universo, pois permite-lhe ao mesmo tempo ilustrar e ultrapassar o realismo. Um castelão que tem a alcunha de “Patas Brancas” devido às polainas que usa, torna-se amante de uma criada do bar da aldeia, que também é amante do seu meio-irmão e inimigo. Paralelamente a estas relações puramente sexuais, uma criada corcunda está apaixonada em segredo pelo aristocrata. Como em outros filmes de Grémillon, é durante uma festa que o drama explode. Como observou à época Georges Sadoul, fiel admirador do realizador, neste filme ele “une perfeitamente tema e estilo, realidade e sonho, fantástico e observação social”.