16/12/2019, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
As Variações de Hong Sang-Soo
Ok-Hiu-Ui Yeonghwa
“O filme de Oki”
de Hong Sang-soo
com Lee Sun-kyun, Jung Yu-mi, Mun Seong-kun
República da Coreia, 2010 - 80 min
legendado em inglês e eletronicamente em português | M/12
Composto em quatro capítulos que correspondem a segmentos passados em diferentes momentos temporais e cronologicamente desalinhados, o décimo primeiro filme de Hong Sang-soo leva mais longe a complexidade da estrutura narrativa na segmentação e na multiplicidade das perspetivas. “A forma levar-te-á à verdade. Contá-la tal como se apresenta não te permitirá atingi-la”, ouve-se no filme como argumento pedagógico. Cumprindo papeis que implicam diferenças e justaposições, as três personagens principais mantêm-se, formando um triângulo amoroso: um realizador veterano agora professor, um realizador mais novo e uma atraente estudante de cinema. No final do primeiro capítulo, um debate que se segue a uma projeção dá para o torto numa sequência particularmente divertida. No último capítulo, que dá o título ao filme – OKI’S MOVIE, na versão internacional –, a rapariga, Oki, monta ela própria o filme em que retrata as relações que manteve com os dois homens, com quem visitou a mesma montanha em Invernos consecutivos. Primeira exibição na Cinemateca, em cópia digital.
17/12/2019, 18h30 | Sala Luís de Pina
As Variações de Hong Sang-Soo
Geuk Jang Jeon
“Conto de Cinema”
de Hong Sang-soo
com Kim Sang-kyung, Uhm Ji-won, Lee Ki-woo, Lee Kyung-jin, Kim Myoeng-su
República da Coreia, 2005 - 89 min
legendado em inglês e eletronicamente em português | M/14
Obra charneira no trabalho de representação da experiência humana via o quotidiano, e de experimentação visual e narrativa de Hong Sang-soo, que convoca explicitamente o mundo do cinema em que muitos dos seus filmes posteriores se movem. É o filme em que usa pela primeira vez o zoom, a partir de então um elemento identificativo do seu cinema como procedimento disruptivo ou de reenquadramento brusco, jogando com a escala no interior do plano. É o último em que filma a sexualidade e a nudez, que a partir de então existem preferencialmente fora de campo nos seus filmes. Este “conto de cinema” de Seul (na versão internacional, TALE OF CINEMA) é composto em duas partes numa estrutura autorreflexiva – a projeção de um filme é o motor narrativo para o andamento seguinte, que acompanha um espectador convencido de que o argumento lhe foi “roubado” pelo realizador seu amigo, e a atriz do filme por cuja imagem fica obcecado. O “filme no filme” é uma suicidária história de amor juvenil. Primeira exibição na Cinemateca, em cópia digital.
17/12/2019, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
As Variações de Hong Sang-Soo
Book Chon Bang Hyang
“O Dia em que ele Chega”
de Hong Sang-soo
com Yoo Joon-Sang, Kim Sang-Jung, Kim Bo-kyeong
República da Coreia, 2011 - 79 min
legendado em inglês e eletronicamente em português | M/12
Num preto e branco invernal, o filme segue um realizador de cinema “em sabática” ao cabo de quatro filmes, que vive no campo, no momento em que vem a Seul visitar um amigo, crítico de cinema, residente na zona de Bukchon, conhecida pela arquitetura tradicional das suas casas. É nela que o realizador vagueia, elege um restaurante e um bar, se cruza repetidamente com um grupo de pessoas, encontra o amigo. No bar chamado “Novela” em que conversam e bebem, a dona é estranhamente parecida com a ex-namorada do “ex”-realizador (personagens interpretadas pela mesma atriz). A repetição de situações e cenários com pequenas variantes aponta para o comportamento padronizado do protagonista, incapaz de se libertar do passado e privilegiar o presente. Complexa e ambígua, a construção de THE DAY HE ARRIVES (versão internacional do título) deixa em aberto a hipótese de se tratar de uma sucessão de acontecimentos repetitivos ou alternativos. Primeira exibição na Cinemateca.
19/12/2019, 18h30 | Sala Luís de Pina
As Variações de Hong Sang-Soo
Haebeyonui Yeoin
“Mulher na Praia”
de Hong Sang-soo
com Kim Seung-woo, Go Hyun-Jung, Song Seon-mi, Kim Tae-woo
República da Coreia, 2006 - 127 min
legendado em inglês e eletronicamente em português | M/12
Um argumentista, um realizador e uma aspirante a cantora viajam juntos de Seul até à estância balnear de Shinduri para uns dias de trabalho no argumento de um filme “Sobre Milagres” quotidianos nesse momento encalhado. É o arranque do enredo em que a personagem do realizador confronta bloqueios emocionais e eróticos, além de resolver o impasse criativo. Em dois regressos a Shinduri e Seul, reencontram-se os elementos repetitivos, variantes, em eco, característicos do cinema de Hong Sang-soo, com acento tónico na identidade coreana e, em particular, na psicologia masculina coreana. O uso do zoom, experimentado no filme anterior, ganha consistência. A paisagem central (lembrando “O PODER DA PROVÍNCIA DE KANGWON”) é invernal e deserta, nublada (como no posterior “NA PRAIA À NOITE SOZINHA”). O título internacional (WOMAN ON THE BEACH), que quase mima o de um filme americano de Jean Renoir (THE WOMAN ON THE BEACH, 1947), foi atribuído por Hong Sang-soo a uma canção popular coreana. Primeira exibição na Cinemateca.
20/12/2019, 18h30 | Sala Luís de Pina
As Variações de Hong Sang-Soo
Jal Al-Ji-Do Mot-Ha-Myein-Seo
“Como se Soubesses Tudo”
de Hong Sang-soo
com Kim Tae-woo, Uhm Ji-won, Go Hyung-Jung, Kong Hyeong-jin
República da Coreia, 2009 - 126 min
legendado em inglês e eletronicamente em português | M/12
À nona longa-metragem, Hong Sang-soo mantém o eixo da composição binária, mas também uma arquitetura de recorrências, o protagonismo de uma personagem masculina de profissão artística (de novo um cineasta) e o arranque narrativo em coincidência com a chegada de uma personagem algures. Desta feita, um realizador faz-se viajante em duas incursões muito semelhantes: na viagem a Jecheon, é jurado de um festival local de cinema; na ida a Jeju é conferencista convidado numa universidade; em ambas as ocasiões, encontra e reencontra novos e velhos amigos, participa em noitadas, confronta o presente quotidiano com as intromissões da memória ou da fantasia. O cómico de algumas cenas convive com a complexidade subterrânea do mundo visível e invisível das personagens. LIKE YOU KNOW IT ALL, reza o título internacional. Apresentado pela primeira vez na Cinemateca em 2011. Em cópia digital.