06/12/2019, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
As Variações de Hong Sang-Soo
Saenghwalui Balgyeon
“Recordando a Porta Giratória”
de Hong Sang-soo
com Choo Sang-mi, Ye Ji-won, Ahn Kil-kang, George Georgiou, Kim Choo-wol
República da Coreia, 2002 - 115 min
legendado eletronicamente em português | M/16
Em sete capítulos numerados, de duração irregular e alinhamento cortado, mas na rota da linearidade narrativa, ON THE OCCASION OF REMEMBERING THE TURNING GATE – título internacional pelo qual é comumente conhecido o filme que em coreano se intitulará “Descobertas da Vida” – é o primeiro filme em que Hong Sang-soo se concentra preferencialmente num protagonista masculino: um ator de teatro desgostado com uma experiência no cinema segue de Seul para a região de Kangwon onde visita um templo budista chamado “porta giratória”, cuja lenda reza ter sido outrora sítio em que uma princesa se desembaraçou de um amante plebeu reincarnado em serpente, deixando-o à mercê de uma tempestade. A imagem da frustração adequa-se ao protagonista, que em encontros sucessivos com duas mulheres expõe uma narcísica incompetência emocional cuja perspetiva humana alia o patético e o cómico. A representação de cenas sexuais que participa dos filmes de Hong Sang-soo até “CONTO DE CINEMA” (2005) é particularmente explícita, favorecendo o retrato angustiado e inepto da personagem principal. Foi o primeiro filme em que as cenas foram escritas e entregues à equipa e atores a cada dia de rodagem, um método prosseguido por Hong Sang-soo desde então. Primeira exibição na Cinemateca.
09/12/2019, 18h30 | Sala Luís de Pina
As Variações de Hong Sang-Soo
Kangwon-do Ui Him
“O Poder da Província de Kangwon”
de Hong Sang-soo
com Baek Jong-hak, Chun Jaehyun, Kim Yoosuk, Oh Yun-hong, Park Hyunyoung
República da Coreia, 1998 - 110 min
legendado em inglês e eletronicamente em português | M/16
A história de dois grupos de viajantes que se deslocam à província montanhosa e costeira de Kangwon (de fronteira entre as duas Coreias), numa peregrinação mais interior que geográfica. Os protagonistas de THE POWER OF KANGWON PROVINCE (título internacional do filme) são um homem e uma mulher cuja separação recente leva a uns dias de pausa na região turística que Hong Sang-soo filma como um espaço de desolação à medida do estado interior das personagens, que procuram o mesmo destino de “evasão” sem o saberem e sem se cruzarem pessoalmente. A experiência do par desfeito é peculiarmente construída em dois andamentos individuais, num paralelismo que revela desfasamentos, e numa montagem seca, despojada de sentimentalismo. Uma obra poderosa, apresentada pela primeira vez na Cinemateca em 2006 como um título de culto do novo cinema coreano.
09/12/2019, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
As Variações de Hong Sang-Soo
Yeojaneun Namjaui Miraeda
“A Mulher É o Futuro do Homem”
de Hong Sang-soo
com Yu Ji-tae, Kim Tae-woo, Kim Ho-jung, Bae Yun-beom, Eom Su-Jeong
República da Coreia, 2004 - 88 min
legendado em inglês e eletronicamente em português | M/14
A história põe em cena dois amigos de um realizador recém-chegado sem proveito dos EUA e um professor de arte, que no passado, em momentos consecutivos, tiveram um relacionamento com a mesma mulher, pintora, que decidem visitar em conjunto depois de um reencontro regado com o teor alcoólico do soju e aberto a flashbacks elucidativos. O movimento entre o passado e o presente corresponde ao momento vivido pelo trio, cujos desgostos e modos de encarar a vida vão sendo expostos sem picos melodramáticos. É um filme em que Hong Sang-soo leva longe o recurso ao plano-sequência, e favorece os movimentos horizontais no interior dos planos, invernais e nevados. O título – na versão internacional, Woman Is the Future of Man, vem de um poema de Louis Aragon, cujo “sentimento de estranheza e confusão” agradou ao realizador. “Há dois processos nos meus filmes: um processo de negação que não se transforma num sistema, e a expressão do conflito entre estar emocionalmente abalado e a busca impossível da verdade.” Primeira exibição na Cinemateca, em cópia digital.
10/12/2019, 18h30 | Sala Luís de Pina
As Variações de Hong Sang-Soo
Oh! Soo-Jung
“A Virgem Desnudada pelos seus Pretendentes”
de Hong Sang-soo
com Lee Eun-ju, Mun Seong-kun, Cho Won-hee, Han Myeong-gu, Ho-Bong Jeong
República da Coreia, 2000 - 126 min
legendado eletronicamente em português | M/16
É o primeiro Hong Sang-soo a preto e branco, cromatismo a que os seus filmes só regressaram em 2011 (“O DIA EM QUE ELE CHEGA”) e em 2017/18, numa fiada de três. O título internacional – VIRGIN STRIPPED BARE BY HER BACHELORS – lembra o da obra de Marcel Duchamp, A Noiva Desnudada pelos seus Celibatários, Mesmo, referência a que Hong Sang-soo diz preferir a mera ressonância da frase. Seguindo a história triangular de uma mulher e dois homens, seus pretendentes, o filme é construído em duas partes numeradas em capítulos que podem ser versões distintas, consecutivas, ou um reflexo digressivo da memória (“Porventura Acidente” e “Porventura Intenção”). Prosseguindo um trabalho sobre elementos recorrentes, Hong filma repetições e episódios semelhantes, ou paralelos, adotando pontos de vista distintos na narrativa e na mise-en-scène. Primeira exibição na Cinemateca, em cópia digital.
10/12/2019, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
As Variações de Hong Sang-Soo
Haebeyonui Yeoin
“Mulher na Praia”
de Hong Sang-soo
com Kim Seung-woo, Go Hyun-Jung, Song Seon-mi, Kim Tae-woo
República da Coreia, 2006 - 127 min
legendado em inglês e eletronicamente em português | M/12
Um argumentista, um realizador e uma aspirante a cantora viajam juntos de Seul até à estância balnear de Shinduri para uns dias de trabalho no argumento de um filme “Sobre Milagres” quotidianos nesse momento encalhado. É o arranque do enredo em que a personagem do realizador confronta bloqueios emocionais e eróticos, além de resolver o impasse criativo. Em dois regressos a Shinduri e Seul, reencontram-se os elementos repetitivos, variantes, em eco, característicos do cinema de Hong Sang-soo, com acento tónico na identidade coreana e, em particular, na psicologia masculina coreana. O uso do zoom, experimentado no filme anterior, ganha consistência. A paisagem central (lembrando “O PODER DA PROVÍNCIA DE KANGWON”) é invernal e deserta, nublada (como no posterior “NA PRAIA À NOITE SOZINHA”). O título internacional (WOMAN ON THE BEACH), que quase mima o de um filme americano de Jean Renoir (THE WOMAN ON THE BEACH, 1947), foi atribuído por Hong Sang-soo a uma canção popular coreana. Primeira exibição na Cinemateca.