CICLO
A Experiência Afro-Brasileira na Tela


A Cinemateca acolhe um Ciclo de onze programas organizados pelo Queer Lisboa, por ocasião do festival AfricaCont, “de modo a trabalhar o tema de África e das suas diásporas, a partir da nossa perspetiva de programadores de cinema Queer”, como especifica João Ferreira, diretor do Queer Lisboa. O território escolhido este ano foi o Brasil e a ideia da programação, continuando a citar João Ferreira, foi “fazer uma leitura Queer da representação cinematográfica da diáspora africana no Brasil, e não uma mera listagem de filmes. (…) O programa que aqui propomos sugere um olhar e uma leitura à trajetória específica da representação e da representatividade da comunidade afro-brasileira no cinema do Brasil. Com uma intensa história de escravatura e de criação de espaços de resistência e expressão, esta é uma comunidade que ainda hoje luta por um lugar de igualdade e visibilidade, um espaço de representação e expressão da sua cultura”. A programação inclui dois clássicos do cinema brasileiro, BARRAVENTO, o primeiro filme de Glauber Rocha, e A RAINHA DIABA, de Antonio Carlos Fontoura, um dos filmes marcantes dos anos setenta, e inclui variadas obras de longa e curta-metragem, de ficção ou documental, a maioria das quais de produção recente, em cujo cerne está a questão fundamental: como foram e como são representados os negros no cinema brasileiro. Muitos destes filmes são percorridos pelo tema do quilombo (as comunidades onde se refugiavam os escravos que fugiam à sua condição), “como lugar de fuga e marginalização (…), como espaço de surpreendentes alianças entre identidades desprivilegiadas, como experiência histórica, mas também como metáfora política”. Com as exceções de BARRAVENTO, É A MINHA CARA e A NEGAÇÃO DO BRASIL, a projetar em cópias 35 mm, todos os filmes são apresentados em suporte digital e – salvo BARRAVENTO e A RAINHA DIABA – em primeiras exibições na Cinemateca.
A retrospetiva é completada pela instalação A MINA DOS VAGALUMES, na Sala dos Cupidos. No dia 14, às 19 horas, na Sala Luís de Pina, há um debate no qual se pretendem discutir questões relacionadas com a forma como a comunidade afro-brasileira foi historicamente representada no cinema do Brasil, assim como na cultura popular.

Instalação vídeo A MINA DOS VAGALUMES
Sala dos Cupidos – 10 a 15 de dezembro | 13:30-22:00
Realização e guião: Raphaël Grisey Som: Raphaël Grisey, Laylla Caroline Braz, Julio Cruz, Bruno Vasconcelos Produção: Raphaël Grisey Interpretação: Miriam Aprigio Pereira, Maria Luzia Sidônio, Victor “Pantera” |Brasil, 2015, 86 minutos | V.O. portuguesa, legendada em inglês

Um quilombo, uma comunidade de descendentes de antigos escravos, está prestes a nascer, ou melhor, a readquirir visibilidade num vale ameaçado por uma empresa multinacional mineira. Na cidade, a especulação imobiliária invade outro Quilombo, enquanto as mulheres lutam valentemente para preservar o que resta e recuperar terras que foram roubadas. A Mina dos Vagalumes é uma instalação vídeo sobre as lutas territoriais e ambientais dos quilombolas (os descendentes dos antigos habitantes dos quilombos), a sua história, os seus ecossistemas e a sua metafísica da libertação na região de Minas Gerais, no Brasil.

 
 
15/12/2016, 18h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo A Experiência Afro-Brasileira na Tela

Inside the Mind of Favela Funk
de Eise Roodenburg
Holanda, 2016 - 68 min
 
15/12/2016, 21h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo A Experiência Afro-Brasileira na Tela

A Rainha Diaba
de Antonio Carlos Fontoura
Brasil, 1974 - 100 min | M/16
15/12/2016, 18h00 | Sala Luís de Pina
A Experiência Afro-Brasileira na Tela

Em colaboração com o Queer Lisboa
Inside the Mind of Favela Funk
de Eise Roodenburg
Holanda, 2016 - 68 min
legendado em inglês | M/16
INSIDE THE MIND OF FAVELA FUNK é um documentário sobre amor e relacionamentos no mundo do muito popular “favela funk”: música pornográfica e machista das favelas do Rio de Janeiro. O documentário revela a perspetiva da juventude das favelas e visa encontrar a relação entre as letras de “favela funk” e as suas vidas diárias, dominadas por uma subcultura de gangues de droga sem lei, pela violência e pelo sexo. O filme dá uma visão da atual música “underground” brasileira e dos seus valores sexuais, mas também mostra uma busca pela fé, esperança e amor.
15/12/2016, 21h00 | Sala Luís de Pina
A Experiência Afro-Brasileira na Tela

Em colaboração com o Queer Lisboa
A Rainha Diaba
de Antonio Carlos Fontoura
com Milton Gonçalves, Stepan Nercessian, Odete Lara
Brasil, 1974 - 100 min | M/16
Segunda longa-metragem do seu autor, depois de COPACABANA ME ENGANA (1968), realizado num momento em que a pressão da censura afrouxava, A RAINHA DIABA é ambientado nos “bas fonds” do Rio de Janeiro e narra a clássica história de uma luta de poder entre um traficante de drogas e um jovem ambicioso, que procura ocupar o seu lugar. O primeiro, um negro, é extremamente violento, mas também é um homossexual “flamejante”, cognominado Diaba, que se comporta como uma autêntica rainha no meio da sua corte de criminosos, da qual fazem parte vários travestis. A apresentar em cópia digital.