CICLO
Double Bill


Nas sessões mensais da rubrica “Double Bill” (uma sessão, dois filmes, um bilhete único) de abril, dois filmes de 1929, do seminal cinema alemão da República de Weimar, “chamam” dois outros realizados na década de cinquenta: MENSCHEN AM SONNTAG, assinado por e Curt e Robert Siodmak, Edgar G. Ulmer e Fred Zinnemann, emparelha com LE DÉJEUNER SUR L’HERBE, uma das últimas obras de Jean Renoir; FRÄULEIN ELSE, de Paul Czinner, antecede LA RONDE, de Max Ophuls, numa dupla sob o signo de Schnitzler. O terceiro programa do mês é especial e dá a ver a última obra de Chantal Akerman, NO HOME MOVIE (apresentado pela primeira vez em Portugal na última edição do DocLisboa), numa projeção sucedida pela de PIERROT LE FOU, de Jean-Luc Godard.

 
02/04/2016, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Double Bill

Menschen am Sonntag | Le Déjeuner Sur l’Herbe
duração total da projeção: 166 min | M/12
 
09/04/2016, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Double Bill

Fräulein Else | La Ronde
duração total da projeção: 205 min | M/12
16/04/2016, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Double Bill

No Home Movie | Pierrot le Fou
duração total da projeção: 224 min | M/12
02/04/2016, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Double Bill
Menschen am Sonntag | Le Déjeuner Sur l’Herbe
duração total da projeção: 166 min | M/12
a projeção de MENSCHEN AM SONNTAG tem acompanhamento ao piano por Daniel Schvetz

entre a projeção dos dois filmes há um intervalo de 30 minutos

MENSCHEN AM SONNTAG
“Homens ao Domingo”
de Curt e Robert Siodmak, Edgar G. Ulmer, Fred Zinnemann
com Erwin Splettstosser, Brigitte Borchert, Wolfgang von Waltershausen
Alemanha, 1929 – 74 min / mudo, intertítulos em alemão com legendas em inglês e eletronicamente em português
LE DEJEUNER SUR L’HERBE
de Jean Renoir
com Paul Meurisse, Charles Blavette, André Brunot, Régine Blaess
França, 1959 – 92 min / legendado eletronicamente em português


MENSCHEN AM SONNTAG, "um filme de e para amadores", é o célebre filme cooperativo que revelou uma série de nomes de que a história do cinema iria guardar boa memória – além dos citados como realizadores, ainda Billy Wilder (no argumento) e Eugen Schüftan (na fotografia). Rodado com atores amadores, segue as vidas de um punhado de berlinenses ao longo de uma sucessão de domingos. A despreocupação e o lazer contrastam com as sombras perfiladas no horizonte, num filme que é um extraordinário documento sobre a “vida normal” na Berlim do final da década de vinte, uma obra seminal realizada no espírito da República de Weimar que influenciaria gerações de cineastas em todo o mundo. Em LE DÉJEUNER SUR L’HERBE (como a pintura de Édouard Manet), depois de realizar três obras ambientadas em tempos passados (LE CARROSSE D’OR, FRENCH CANCAN e ELENA ET LES HOMMES), Jean Renoir voltou-se para o presente e mesmo para o futuro, num dos mais livres filmes que realizou. Através da história de um cientista, partidário da fecundação artificial, que é seduzido pela beleza de uma jovem camponesa, fez um filme espantosamente jovem, um canto à vida e à natureza, que progride no ritmo rápido de um bailado.  MENSCHEN AM SONNTAG é apresentado em cópia digital.

 

 

09/04/2016, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Double Bill
Fräulein Else | La Ronde
duração total da projeção: 205 min | M/12
a projeção de FRÄULEIN ELSE tem acompanhamento ao piano por João Paulo Esteves da Silva

entre a projeção dos dois filmes há um intervalo de 30 minutos

FRÄULEIN ELSE
“Menina Else”
de Paul Czinner
com Elisabeth Bergner, Albert Bassermann, Albert Steinrück, Adele Sandrock
Alemanha,1929 – 108 min / mudo, intertítulos em alemão legendados eletronicamente em português
LA RONDE
de Max Ophuls
com Anton Walbrook, Simone Signoret, Gérard Philipe, Simone Simon, Isa Miranda, Daniel Gélin
França, 1950 – 97 min / legendado em inglês e eletronicamente em português

A adaptação da novela de Arthur Schnitzler (1924) por Paul Czinner é uma das raridades do cinema alemão do florescente período artístico da República de Weimar. A protagonista deste FRÄULEIN ELSE é a luminosa Elisabeth Bergner, no seu primeiro grande papel no cinema, composto a partir da personagem que antes, e com grande êxito, criara em palco. Em versão muda, com Karl Freund na direção de fotografia, Czinner filma a vertiginosa história da Menina Else, que se vê confrontada com a possibilidade de “saldar” as dívidas do pai consentindo em aparecer nua perante um hipotético “salvador”. “Fico com a impressão de que você conhece intuitivamente tudo o que eu descobri com laborioso estudo sobre os outros" (Freud sobre Schnitzler, que também considerava um “explorador das profundezas”). É também de uma história de Schnitzler (Reigen, 1897, levada pela primeira vez à cena em 1920), e depois de LIEBELEI, de 1932, que Max Ophuls parte para LA RONDE, um filme sobre a “ronda do amor”, uma dança, com uma série de pares, orquestrada por um demiurgo que comenta, provoca e interrompe os romances distribuídos por vários episódios. Um fabuloso desfile de vedetas num dos filmes mais brilhantes de Ophuls. FRÄULEIN ELSE é uma primeira exibição na Cinemateca.
 

16/04/2016, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Double Bill
No Home Movie | Pierrot le Fou
duração total da projeção: 224 min | M/12
entre a projeção dos dois filmes há um intervalo de 30 minutos

NO HOME MOVIE
de Chantal Akerman
Bélgica, França, 2015 / 115 min – legendado eletronicamente em português
PIERROT LE FOU
Pedro, O Louco
de Jean-Luc Godard
com Jean-Paul Belmondo, Anna Karina, Samuel Fuller
França, 1965 – 109 min / legendado em português

“Este filme é acima de tudo sobre a minha mãe, a minha mãe que já não se encontra entre nós. Sobre essa mulher que chegou à Bélgica em 1938, em fuga da Polónia, dos pogroms e da violência. Essa mulher que é sempre apenas vista dentro do seu apartamento. Um apartamento em Bruxelas. Um filme acerca de um mundo em movimento que a minha mãe não vê.” Belíssimo, NO HOME MOVIE seria o último filme de Chantal Akerman (1950-2015), que afirmou que a mãe, Natalia, era o centro da sua obra. Que começou, disse também repetidas vezes Chantal, pela vontade nela desperta de fazer cinema quando, adolescente, viu PIERROT LE FOU de Jean-Luc Godard. Emblema dos anos sessenta, emblema do cinema moderno, PIERROT LE FOU adquiriu há muito tempo o estatuto de clássico. O mais famoso filme de Godard, de “uma beleza sublime” no dizer de Louis Aragon, continua a entusiasmar as novas gerações que o descobrem. Pierrot e Marianne, deixam subitamente Paris e saem pelas estradas de França, “vivendo perigosamente até ao fim”. Amam-se e matam(-se), mas principalmente recusam a civilização tal como o pequeno-burguês a concebe, vivendo o instante e o dia a dia. A fotografia a cores de Raoul Coutard é um verdadeiro compêndio de muitas tendências estéticas dos anos sessenta. E é aqui que Godard filma Fuller a afirmar que “o cinema é como um campo de batalha. Amor. Ódio. Ação. Violência. Morte. Numa palavra: emoção”. NO HOME MOVIE é uma primeira exibição na Cinemateca.