CICLO
Novíssimo Cinema Espanhol


Neste Ciclo reunimos dez filmes realizados nos últimos quatro anos do “outro cinema espanhol que não é outro”, como diz um dos cineastas programados, Javier Rebollo. Não incidindo sobre uma nova geração, pois mais de trinta anos de idade separam o cineasta menos e mais jovem que programamos, trata-se de um Ciclo sobre uma constelação de cineastas e de filmes. No país vizinho, a atividade cinematográfica não convencional continua a ser intensa e há espaços de difusão em diversas regiões. O que une estes dez filmes é o facto de nenhum pertencer ao mainstream e de todos percorrerem formas livres e inventivas em diversos caminhos cinematográficos. Esta programação inclui obras que podem ser genericamente classificadas como documentais, experimentais, outras que abolem as fronteiras entre documentário, ficção e diário íntimo e as puras ficções, afastadas da narrativa linear. Muitas foram apresentadas com êxito em importantes festivais internacionais, como Cannes, Nova Iorque, Marselha, San Sebastian e Locarno. Palavra a Javier Rebollo, cuja colaboração na conceção do programa foi importante: “A História da Arte é uma história de profecias, ensinou-nos Walter Benjamin. A história e o cinema só podem ser descritos do ponto de vista do presente, na opinião de muitos de nós, cineastas presentes neste Ciclo, pois cada época tem a sua nova possibilidade – tão sugestiva quão solitária, programada em Lisboa – obrigando à sua reavaliação constante. Os filmes falam-nos das sociedades que os fabricam e das que os consomem, por isto interessam-me tanto os filmes do (outro) cinema espanhol, tão adultos e solitários. Interessam-me pela sua maneira de vincular a imagem e a história, o popular e o de autor, a cultura alta e a baixa. É preciso repensar a história do cinema espanhol à luz do outro cinema (espanhol). Cada novo sintoma leva-nos de volta à origem. A história do (outro) cinema (espanhol) está sempre por recomeçar.

O programa, cujos filmes são, em todos os casos, primeiras exibições na Cinemateca, conta com as presenças em Lisboa de Lluis Miñarro e Javier Rebollo.
 

 
11/12/2015, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Novíssimo Cinema Espanhol

Stella Cadente
de Lluis Miñarro
Espanha, 2014 - 105 min
 
12/12/2015, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Novíssimo Cinema Espanhol

Los Ilusos
de Jonás Trueba
Espanha, 2013 - 93 min
14/12/2015, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Novíssimo Cinema Espanhol

Vikingland
de Xurxo Chirro
Espanha, 2011 - 99 min
15/12/2015, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Novíssimo Cinema Espanhol

Todos Vos Sodes Capitáns
de Oliver Laxe
Espanha, 2010 - 78 min
17/12/2015, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Novíssimo Cinema Espanhol

El Futuro
de Luis López Carrasco
Espanha, 2013 - 67 min
11/12/2015, 18h30 | Sala Luís de Pina
Novíssimo Cinema Espanhol
Stella Cadente
de Lluis Miñarro
com Alex Brendemühl, Barbara Lennie, Lorenco Balducci
Espanha, 2014 - 105 min
legendada em espanhol | M/12
com a presença de Lluis Miñarro

Lluis Miñarro é uma importante figura do cinema espanhol contemporâneo. Nos últimos dez anos, foi produtor ou coprodutor de mais de trinta filmes, entre os quais O CANTO DOS PÁSSAROS (Albert Serra), LIVERPOOL (Lisandro Alonso) e O ESTRANHO CASO DE ANGÉLICA, de Manoel de Oliveira. STELLA CADENTE é a sua terceira longa-metragem como realizador. Miñarro aborda a figura esquecida de Amadeu da Sabóia, que entre 1870 e 1973 foi rei de Espanha, totalmente cerceado por aqueles que o cercavam e viveu numa gaiola dourada, cercado por intrigas políticas e tensões sexuais. Mas longe de fazer um “filme histórico” convencional, Miñarro mistura os géneros e joga com as referências e as metáforas visuais. O resultado, nas suas palavras, é “um filme de pensamento psicadélico, erótico e republicano, mas de estética monárquica”.

12/12/2015, 18h30 | Sala Luís de Pina
Novíssimo Cinema Espanhol
Los Ilusos
de Jonás Trueba
com Francesco Carril, Aura Garrido, Luis Miguel Madrid
Espanha, 2013 - 93 min
legendado em inglês e eletronicamente em português | M/12

Segunda longa-metragem de Jonás Trueba, LOS ILUSOS foi filmado em 16mm e a preto e branco, durante oito meses, com uma equipa de amigos. É um filme sobre o desejo de fazer cinema, sobre os tempos mortos na vida de um cineasta, entre um filme e outro. Filmado numa Madrid do desemprego e da precariedade, o filme também é uma homenagem a uma forma de fazer cinema herdada da Nouvelle Vague. Os ilusos do título são as pessoas que fazem cinema, vivendo entre a realidade e a fantasia, num filme que é um misto de diário, homenagem a uma cidade, ficção e reflexão sobre o fim de um cinema. A apresentar em cópia digital.

14/12/2015, 18h30 | Sala Luís de Pina
Novíssimo Cinema Espanhol
Vikingland
de Xurxo Chirro
com Luis Lomba
Espanha, 2011 - 99 min
legendada eletronicamente em português | M/12

Grande admirador de Manoel de Oliveira, sobre quem organizou um livro, Xurxo Chirro começou por ser crítico e animador cultural, antes de passar à realização. Estreado no FID Marseille, este filme de Xurxo Chirro reutiliza material previamente filmado, mais precisamente cerca de dezasseis horas filmadas em vídeo vhs, entre outubro de 1993 e março de 1994, por um marinheiro galego que trabalhava no transporte naval na Dinamarca. Oferece este material a um dos seus colegas, pai do realizador. Este conta que esteve “a ponto de deitá-lo fora, mas tive a curiosidade do crítico de cinema. O choque foi enorme”. As imagens registam o barco, a tripulação e as suas tarefas e a paisagem. Agrupadas numa montagem que tem a duração de uma longa-metragem standard, estas imagens conservam o seu sentido imediato e adquirem um segundo sentido subjacente.

15/12/2015, 18h30 | Sala Luís de Pina
Novíssimo Cinema Espanhol
Todos Vos Sodes Capitáns
de Oliver Laxe
com Oliver Laxe, France Aline, Mohamed Blabouh
Espanha, 2010 - 78 min
legendada eletronicamente em português | M/12

Filme se estreia de Oliver Laxe, TODOS VOS SODES CAPITÁNS foi estreado na Quinzena de Realizadores, no Festival de Cannes, onde obteve o prémio FIPRESCI. Num belíssimo preto e branco, mostra-nos um realizador europeu, interpretado pelo próprio Oliver Laxe, que prepara um filme com crianças, num centro social em Tânger. Mas a sua relação com estas degrada-se e o projeto vem parar às mãos de um idiota de aldeia, que quer dar mais poder às crianças. “O filme tem algo de cósmico” (Cahiers du Cinéma).

17/12/2015, 18h30 | Sala Luís de Pina
Novíssimo Cinema Espanhol
El Futuro
de Luis López Carrasco
com Lucia Alonso, Rafael Ayuso Matteo, Marta Bassols
Espanha, 2013 - 67 min
legendada eletronicamente em português | M/12

O filme situa-se numa festa, em 1982, no momento em que o Partido Socialista triunfou nas eleições legislativas em Espanha e o país entrou num longo período de euforia. Apesar da tentativa de golpe de Estado no ano anterior, o franquismo parecia muito distante e o futuro muito risonho. EL FUTURO é uma ficção, porém sem uma narrativa e personagens construídos, nele o tempo flui como numa festa. O realizador define-o como “um olhar crítico sobre os usos e costumes que a classe média espanhola adquiriu com rapidez fulgurante na primeira metade dos anos oitenta”. Os Cahiers du Cinéma definiram-no como um “ofmi” (objeto fílmico não identificado). É o primeiro filme deste membro do coletivo Los Hijos que surpreendeu com LOS MATERIALES.