CICLO
Era uma vez Sergio Leone


O itinerário profissional de Sergio Leone (1929-89) foi bastante singular. Filho de um realizador e de uma antiga atriz, Leone nasceu no meio do cinema. Mas a partir de 1930 a carreira do seu pai ficou praticamente paralisada e as condições financeiras da família eram muito precárias. Parcialmente por este motivo, além da sua paixão pelo cinema, Leone tornou-se aos 17 anos o mais jovem assistente de realização de Itália. Aos 19, fez parte da equipa de LADRÕES DE BICICLETA, de De Sica. Foi depois sucessivamente assistente de realização, argumentista e diretor de segunda equipa, o que o levou a colaborar com nomes como Mervyn LeRoy (QUO VADIS?), William Wyler (BEN HUR), Robert Wise (HELEN OF TROY), Fred Zinnemann (THE NUN’S STORY), Robert Aldrich (SODOMA E GOMORRA), Orson Welles (um filme que não se fez e que acabou por ser CONFIDENTIAL REPORT). Leone dizia que tinha sido o verdadeiro realizador de alguns destes filmes como OS ÚLTIMOS DIAS DE POMPEIA, de Mario Bonnard. Isto deu-lhe uma formação mais variada e mais técnica do que a de muitos realizadores. Lançando-se na realização, Leone não se posiciona de todo como um “artista” e escolhe um dos géneros mais populares de então e menos apreciados pela crítica e pelo público mais sofisticados, o peplum, com O COLOSSO DE RODES. Mas depois fica quatro anos quase inativo, até que resolve adaptar YOJIMBO de Akira Kurosawa em ambiente western, na esteira de outras adaptações do mestre japonês ao Oeste. O resultado foi PER UN PUGNO DI DOLLARI, em 1964, um dos maiores e mais inesperados triunfos comerciais dos anos sessenta (quando Kurosawa o processou por infração de direitos de autor, Leone propôs-lhe os direitos do filme na Ásia e a questão resolveu-se). Embora este não seja o primeiro western europeu moderno, foi o filme que lançou o género, que logo recebeu a alcunha irónica de western spaghetti. O papel principal era encarnado por um ator muito pouco conhecido chamado Clint Eastwood. O western spaghetti tornou-se um género em si, com quase quinhentos filmes produzidos entre 1964 e 1978, todos derivados dos filmes de Leone e não poucos imitando o seu estilo, quando não plagiando-o. Desprezado pela crítica e pelos cinéfilos de ponta, que continuavam a preferir os pequenos westerns de série B aos seus filmes, Leone triunfava nas bilheteiras e tinha inegavelmente um estilo pessoal, com enquadramentos rebuscados e um ritmo narrativo relativamente lento. Embora a crítica europeia mais erudita se tenha tornado mais favorável nos anos setenta, foi só com a apresentação de ONCE UPON A TIME IN AMERICA no Festival de Cannes de 1984 que Leone teria o pleno reconhecimento crítico. Mas este viria a ser o seu último filme. Leone preparava um filme sobre o cerco de Leninegrado quando morreu subitamente em casa, de um enfarte, depois de assistir na televisão a um filme de Robert Wise. Grande admirador dos mitos cinematográficos americanos, Leone declarou um dia que “os americanos têm o mau hábito de diluir o vinho das suas ideias míticas na água do american way of life”. Um dos seus grandes admiradores, o crítico Noël Simsolo, autor de um livro de entrevistas com ele, definiu o seu trabalho numa fórmula magnífica: “ele nunca deixou de trabalhar, com a vontade de fazer filmes populares, sem deixar de interrogar o imaginário europeu diante da imaginação americana”. Nesta retrospetiva, além da pouco vasta porém substancial e elaborada obra completa de Leone, poderemos rever alguns filmes de outros realizadores com quem ele colaborou e uma série de peplums e westerns spaghettis de outros realizadores italianos.

 
13/04/2015, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Era uma vez Sergio Leone

PER QUALCHE DOLLARO IN PIÙ / FOR A FEW DOLLARS MORE
Por Mais Alguns Dólares
de Sergio Leone
Itália, 1965 - 132 min
 
13/04/2015, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Era uma vez Sergio Leone

IL BUONO, IL BRUTTO, IL CATTIVO / THE GOOD, THE BAD AND THE UGLY
O Bom, o Mau e o Vilão
de Sergio Leone
Itália, 1966 - 180 min
14/04/2015, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Era uma vez Sergio Leone

IL BUONO, IL BRUTTO, IL CATTIVO / THE GOOD, THE BAD AND THE UGLY
O Bom, o Mau e o Vilão
de Sergio Leone
Itália, 1966 - 180 min
14/04/2015, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Era uma vez Sergio Leone

C’ERA UNA VOLTA IL WEST / ONCE UPON A TIME IN THE WEST
Aconteceu no Oeste
de Sergio Leone
Itália, 1968 - 166 min
15/04/2015, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Era uma vez Sergio Leone

C’ERA UNA VOLTA IL WEST / ONCE UPON A TIME IN THE WEST
Aconteceu no Oeste
de Sergio Leone
Itália, 1968 - 166 min
13/04/2015, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Era uma vez Sergio Leone

Em colaboração com a 8 ½ Festa do Cinema Italiano
PER QUALCHE DOLLARO IN PIÙ / FOR A FEW DOLLARS MORE
Por Mais Alguns Dólares
de Sergio Leone
com Clint Eastwood, Gian Maria Volonté, Lee Van Cleef
Itália, 1965 - 132 min
versão inglesa, legendada eletronicamente em português | M/12

Em PER QUALCHE DOLLARO IN PIÙ continua a saga do “homem sem nome” do filme anterior, que agora responde por Monco (“manco”, porque só dispara com uma mão, embora tenha duas). Desta vez, a trama envolve dois homens, um jovem e um velho, um militar e um caçador de recompensas, que estão atrás do mesmo criminoso, um por vingança pessoal, o outro apenas por interesse pecuniário. O militar é encarnado por um grande secundário dos westerns clássicos, Lee Van Cleef. O bandido, um mexicano dito El Indio, além de sádico é viciado em marijuana… O filme é considerado a obra-prima do western europeu, pela sua construção, a caracterização dos personagens, a inconfundível música de Ennio Morricone e a utilização magnífica das paisagens da região de Almeria. A exibir na versão internacional, falada em inglês.
 

13/04/2015, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Era uma vez Sergio Leone

Em colaboração com a 8 ½ Festa do Cinema Italiano
IL BUONO, IL BRUTTO, IL CATTIVO / THE GOOD, THE BAD AND THE UGLY
O Bom, o Mau e o Vilão
de Sergio Leone
com Clint Eastwood, Eli Wallach, Lee Van Cleef, Rada Rassimov
Itália, 1966 - 180 min
legendado em espanhol | M/12

O último filme da trilogia dos dólares e do “homem sem nome”. O filme foi realizado com um orçamento mais confortável do que os anteriores e o seu argumento conta uma caça ao tesouro enterrado num remoto cemitério, com rivalidades e traições. A ação tem como pano de fundo a Guerra de Secessão. A magistral sequência final, um duelo a três, é das mais célebres da obra de Leone. Como observou Rafael de España: “A trama é menos importante do que a maneira como está contada, o gosto pelos pormenores, as sarcásticas mudanças de tom, a evolução semelhante a de um road movie e, o que é mais importante, as referências aos dois filmes anteriores”. O filme foi lançado nos Estados Unidos ao mesmo tempo que os dois anteriores, transformando Clint Eastwood em vedeta no seu país e pondo fim à sua colaboração com Sergio Leone. A exibir na versão internacional, falada em inglês.

14/04/2015, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Era uma vez Sergio Leone

Em colaboração com a 8 ½ Festa do Cinema Italiano
IL BUONO, IL BRUTTO, IL CATTIVO / THE GOOD, THE BAD AND THE UGLY
O Bom, o Mau e o Vilão
de Sergio Leone
com Clint Eastwood, Eli Wallach, Lee Van Cleef, Rada Rassimov
Itália, 1966 - 180 min
legendado em espanhol | M/12

O último filme da trilogia dos dólares e do “homem sem nome”. O filme foi realizado com um orçamento mais confortável do que os anteriores e o seu argumento conta uma caça ao tesouro enterrado num remoto cemitério, com rivalidades e traições. A ação tem como pano de fundo a Guerra de Secessão. A magistral sequência final, um duelo a três, é das mais célebres da obra de Leone. Como observou Rafael de España: “A trama é menos importante do que a maneira como está contada, o gosto pelos pormenores, as sarcásticas mudanças de tom, a evolução semelhante a de um road movie e, o que é mais importante, as referências aos dois filmes anteriores”. O filme foi lançado nos Estados Unidos ao mesmo tempo que os dois anteriores, transformando Clint Eastwood em vedeta no seu país e pondo fim à sua colaboração com Sergio Leone. A exibir na versão internacional, falada em inglês.

14/04/2015, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Era uma vez Sergio Leone

Em colaboração com a 8 ½ Festa do Cinema Italiano
C’ERA UNA VOLTA IL WEST / ONCE UPON A TIME IN THE WEST
Aconteceu no Oeste
de Sergio Leone
com Henry Fonda, Charles Bronson, Claudia Cardinale, Jason Robards
Itália, 1968 - 166 min
legendado em espanhol | M/12

Para a produção do seu quarto western spaghetti, Leone teve finalmente meios suficientes para contratar um dos seus ídolos, Henry Fonda. E como Fonda sempre fez papéis de heróis “positivos”, Leone fez dele um vilão total. Como indica o título do filme (“era uma vez no Oeste”), Leone assume totalmente o aspecto mítico do género, através da epopeia da construção dos caminhos de ferro. Claudia Cardinale chega a uma cidade para se juntar ao homem com quem casara por procuração, mas ao chegar descobre que ele foi morto por um assassino por contrato. Passa a ser protegida por um inimigo deste, chamado Armonica (Charles Bronson, que começava a transformar-se em vedeta, já perto dos 50 anos). Bernardo Bertolucci e Dario Argento colaboraram no argumento. Neste filme, Leone acentuou ainda mais o “abrandamento” do ritmo narrativo, que era uma das marcas do seu cinema. A exibir na versão internacional, falada em inglês. Primeira exibição na Cinemateca.

15/04/2015, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Era uma vez Sergio Leone

Em colaboração com a 8 ½ Festa do Cinema Italiano
C’ERA UNA VOLTA IL WEST / ONCE UPON A TIME IN THE WEST
Aconteceu no Oeste
de Sergio Leone
com Henry Fonda, Charles Bronson, Claudia Cardinale, Jason Robards
Itália, 1968 - 166 min
legendado em espanhol | M/12

Para a produção do seu quarto western spaghetti, Leone teve finalmente meios suficientes para contratar um dos seus ídolos, Henry Fonda. E como Fonda sempre fez papéis de heróis “positivos”, Leone fez dele um vilão total. Como indica o título do filme (“era uma vez no Oeste”), Leone assume totalmente o aspecto mítico do género, através da epopeia da construção dos caminhos de ferro. Claudia Cardinale chega a uma cidade para se juntar ao homem com quem casara por procuração, mas ao chegar descobre que ele foi morto por um assassino por contrato. Passa a ser protegida por um inimigo deste, chamado Armonica (Charles Bronson, que começava a transformar-se em vedeta, já perto dos 50 anos). Bernardo Bertolucci e Dario Argento colaboraram no argumento. Neste filme, Leone acentuou ainda mais o “abrandamento” do ritmo narrativo, que era uma das marcas do seu cinema. A exibir na versão internacional, falada em inglês. Primeira exibição na Cinemateca.