CICLO
A Cinemateca com o Queer Lisboa: John Waters | Queer Focus – On Africa


A Cinemateca associa-se ao Queer Lisboa 18 num duplo programa que propõe a revisitação dos filmes de John Waters e a descoberta do cinema africano em foco na edição deste ano do festival. Trata-se da habitual secção “Queer Focus”, que em 2014 resulta de uma parceria do Queer Lisboa com a plataforma Africa.Cont reunindo um conjunto de filmes realizados nas últimas décadas que traduzem o modo como o cinema tem lidado com as questões ligadas à sexualidade e ao género. Entre os títulos mais emblemáticos estão TOUKI BOUKI, de Djibril Diop Mambety, apresentado numa nova cópia, APPUNTI PER UNA ORESTIADE AFRICANA, de Pasolini, ou DAKAN, de Mohamed Camara. Dos muitos documentários e ficções produzidos nos últimos anos em vários países africanos estão títulos como WOUBI CHÉRI ou TWO MEN AND A WEDDING, a exibir em primeiras apresentações na Cinemateca. O programa prolonga-se em duas instalações vídeo (100 CONVERSATIONS de Amanda Kerdahi e COLLAGE de Kader Attia), a apresentar na Sala 6x2 e na Sala dos Cupidos entre 20 e 27 de setembro, a inaugurar às 17h30 de dia 20, tendo prevista uma performance de Amanda Kerdahi, às 18h de dia 26 na sala dos Cupidos: SHARING AS A PERFORMANCE. Inclui ainda um debate em torno da “Queerização do Cinema Africano”, com as participações de Martin P. Botha, Laurent Bocahut, Ato Malinda e Beverley Ditsie, a decorrer no Espaço 39 Degraus a 22, às 17h.
Há muito tempo que tanto a Cinemateca como o Queer Lisboa queriam homenagear John Waters, mas foram vários os percalços que impossibilitaram um tributo ao mestre de Baltimore, o rei do cinema camp e trash e um dos grande cineastas cómicos da sua geração. E embora a homenagem que lhe prestamos seja muito parcial, permite-nos ter uma ideia de conjunto do seu trabalho, pois poderemos rever três filmes do seu período mais trash (DESPERATE LIVING, FEMALE TROUBLE e PINK FLAMINGOS) além de dois filmes do início do seu período mainstream, POLYESTER e HAIRSPRAY, menos “porcos” mas não menos delirantes do que os anteriores. Nascido em 1946 na provincianíssima Baltimore (estado do Maryland), que foi a fonte de inspiração das suas loucuras (“faço documentários”, chegou a declarar Waters), aliado a um amigo de adolescência que se transformou no obeso travesti Divine e foi a musa deste cinema, assim como a outras figuras extravagantes, John Waters fez-se notar pelos espectadores mais atentos por volta de 1970, com dois filmes cujos títulos eram significativos: MONDO TRASHO e MULTIPLE MANIACS. Logo a seguir, a cena de coprofagia zoófila em PINK FLAMINGOS ficou célebre e Divine (que só era travesti em palco ou em filmes, não na chamada vida real) ganhou o título de glória de “a mulher mais porca do mundo”, roubando, matando e sendo violada. O êxito cada vez menos marginal do cinema de Waters acabou por levá-lo ao mainstream com POLYESTER e HAIRSPRAY. Astutamente, o realizador “limpou” um pouco o seu cinema (“não se pode fazer aos quarenta anos o que se fazia aos vinte”) e, num achado brilhante, Divine transformou-se na mais pacata das mães de família americanas, ainda que cercada por familiares bastante tarados. A morte de Divine em 1988 (“a mais trágica separação de um cineasta e da sua musa desde que Marlene Dietrich e Josef von Sternberg foram proibidos de trabalhar juntos por volta de 1935”, segundo um entusiasta de Waters) privou o realizador de um(a) intérprete incomparável, mas a sua imaginação de argumentista e realizador continuou fértil. Embora não realize nenhum filme desde 2004 e a sua obra possa estar já concluída, Waters tem o seu lugar garantido na história do cinema. Herdeiro de Frank Tashlin e modelo do jovem Pedro Almodóvar, tem, como observou um crítico, “o raro talento de fazer rir com cenas que normalmente só divertiriam as pessoas que vão atrás das ambulâncias”.
 

 
24/09/2014, 15h30 | Sala Dr. Félix Ribeiro
Ciclo A Cinemateca com o Queer Lisboa: John Waters | Queer Focus – On Africa

Films4peace 2013: Zanele Muholi | Difficult Love | Thokozani Football Club: Team Spirit
duração total da sessão: 74 minutos | M/16
 
24/09/2014, 19h00 | Sala Dr. Félix Ribeiro
Ciclo A Cinemateca com o Queer Lisboa: John Waters | Queer Focus – On Africa

Dakan / Destiny
de Mohamed Camara
Guiné, França,, 1997 - 97 min
24/09/2014, 19h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo A Cinemateca com o Queer Lisboa: John Waters | Queer Focus – On Africa

Marcides / Mercedes
de Yousry Nasrallah
Egito, França, 1993 - 108 min
24/09/2014, 21h30 | Sala Dr. Félix Ribeiro
Ciclo A Cinemateca com o Queer Lisboa: John Waters | Queer Focus – On Africa

Hairspray
Laca
de John Waters
Estados Unidos, 1988 - 90 min
24/09/2014, 22h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo A Cinemateca com o Queer Lisboa: John Waters | Queer Focus – On Africa

Female Trouble
de John Waters
Estados Unidos, 1974 - 92 min
24/09/2014, 15h30 | Sala Dr. Félix Ribeiro
A Cinemateca com o Queer Lisboa: John Waters | Queer Focus – On Africa

Em colaboração com o Queer Lisboa 18 – Festival Internacional de Cinema Queer
Films4peace 2013: Zanele Muholi | Difficult Love | Thokozani Football Club: Team Spirit
duração total da sessão: 74 minutos | M/16
Queer Focus – On Africa

FILMS4PEACE 2013: ZANELE MUHOLI
de Zanele Muholi
África do Sul, 2013 – 3 min / sem diálogos
DIFFICULT LOVE
de Zanele Muholi
África do Sul, 2010 – 48 min
THOKOZANI FOOTBALL CLUB: TEAM SPIRIT
de Thembela Dick
África do Sul, França, 2014 – 22 min / legendado eletronicamente em português

Zanele Muholi nasceu na África do Sul em 1972. Sobre o primeiro filme da sessão, escreveu: "O meu projeto para FILMS4PEACE explora uma parte perturbadora da paisagem social da África do Sul, onde não só a minha vida, mas a de mulheres lésbicas e transsexuais negras são constantemente expostas ao perigo. O meu projeto tenta recuperar a cidadania e reclamar o fim do “Queercídio” – um termo que cunhei para as atrocidades sistemáticas e crimes de ódio contra lésbicas, gays e transsexuais no meu país.” DIFFICULT LOVE é um retrato da vida e do trabalho desta “ativista visual” e fotógrafa que, através do filme, aborda o grau de liberdade das diversas minorias no seu país. THOKOZANI FOOTBALL CLUB documenta o quotidiano de uma equipa de futebol feminino da cidade de Umlazi (Durban) fundada por Zanele Muholi. A câmara de Thembela Dick, também ela jogadora de futebol, segue os passos desta equipa e procura simultaneamente combater os preconceitos e partilhar a sua alegria em campo.
 

24/09/2014, 19h00 | Sala Dr. Félix Ribeiro
A Cinemateca com o Queer Lisboa: John Waters | Queer Focus – On Africa

Em colaboração com o Queer Lisboa 18 – Festival Internacional de Cinema Queer
Dakan / Destiny
de Mohamed Camara
com Cécile Bois, Mamady Mory Camara, Koumba Diakite, Aboucar Touré
Guiné, França,, 1997 - 97 min
legendado eletronicamente em português | M/16
Queer Focus – On Africa

Mohamed Camara nasceu em 1959 em Conacri e é um dos mais importantes realizadores de origem guineense. DAKAN é um dos primeiros filmes africanos que trata abertamente a questão da homossexualidade. Estreado em Cannes em 1997, retrata a história de dois homens que lutam pelo seu amor numa grande metrópole africana, revelando o conflito estabelecido com as suas famílias numa sociedade onde a homossexualidade é tabu. De Mohamed Camara a Cinemateca já mostrou DENKO (1992) que, à semelhança de DAKAN, aborda outro tema controverso.
 

24/09/2014, 19h30 | Sala Luís de Pina
A Cinemateca com o Queer Lisboa: John Waters | Queer Focus – On Africa

Em colaboração com o Queer Lisboa 18 – Festival Internacional de Cinema Queer
Marcides / Mercedes
de Yousry Nasrallah
com Zaki Abdel Wahab, Taheya Cariocca, Seif El Dine, Ahmad Kamal
Egito, França, 1993 - 108 min
legendado eletronicamente em português | M/16
Queer Focus – On Africa

Nascido no Cairo em 1952, Yousry Nasrallah foi jornalista antes de se dedicar ao cinema em 1980. Conhecido como um “cineasta dos outsiders”, a sua primeira longa-metragem, SUMMER THEFTS (1988), revigorou o cinema egípcio com o retrato devastador de um país em plena década de sessenta. MARCIDES é um filme corrosivo e satírico que devolve uma imagem do moderno Egito. Depois de ser internado pela mãe por tentar doar a sua fortuna ao partido comunista, o jovem Noubi sai do hospital deparando-se com uma cidade do Cairo diferente da que conhecera. Quando o tio lhe pede ajuda para procurar o seu primo gay, Noubi imerge num submundo urbano de escuridão e corrupção que contudo o leva ao encontro de uma outra “família”.

 

24/09/2014, 21h30 | Sala Dr. Félix Ribeiro
A Cinemateca com o Queer Lisboa: John Waters | Queer Focus – On Africa

Em colaboração com o Queer Lisboa 18 – Festival Internacional de Cinema Queer
Hairspray
Laca
de John Waters
com Ricki Lake, Bono, Leslie Ann Powers, Divine
Estados Unidos, 1988 - 90 min
legendado eletronicamente em português | M/12
John Waters

O divertidíssimo HAIRSPRAY marca uma etapa no cinema de John Waters, pois foi o seu último filme com Divine, que morreria nesse mesmo ano de uma crise cardíaca, fazendo com que algo se quebrasse no cinema de Waters. Em HAIRSPRAY, duas adolescentes estão dispostas a tudo para serem escolhidas num programa de música na passagem dos anos cinquenta para os sessenta, em Baltimore, naturalmente. Waters talvez nunca tenha levado tão longe como neste filme a sua deliberada estética de banda-desenhada. A apresentar em cópia digital.

 

24/09/2014, 22h00 | Sala Luís de Pina
A Cinemateca com o Queer Lisboa: John Waters | Queer Focus – On Africa

Em colaboração com o Queer Lisboa 18 – Festival Internacional de Cinema Queer
Female Trouble
de John Waters
com Divine, Edith Massey, Mink Stole
Estados Unidos, 1974 - 92 min
legendado eletronicamente em português | M/16
John Waters

Último filme da tresloucada fase inicial (os anos setenta) do mestre de Baltimore. Protagonizado por Divine, FEMALE TROUBLE conta-nos a história de uma adolescente que foge de casa, engravida de um homem a quem pede boleia, torna-se protegida de duas mulheres que têm um salão de beleza e gostam de vê-la cometer crimes. Acaba por se tornar uma estrela e uma assassina de massa. John Waters no seu melhor. Primeira exibição na Cinemateca.