A esta data última longa-metragem de David Lynch, e a primeira que o cineasta americano filmou inteiramente em digital, INLAND EMPIRE despertou reações extremadas quando estreou, “baralhando” os dados mas em consonância com o universo lynchiano. Uma viagem mental, um sonho, uma alucinação, foram termos aplicados pelos que gostaram muito e pelos que não gostaram nada. Para o realizador, a experiência da rodagem, que na altura considerou arriscada, foi essencialmente diferente porque aconteceu sem guião. “A contemplação é indissociável da sua própria experiência, e esta tem tanto de intelectual como de sensorial. […] E esses extremos, num certo sentido, são o ponto mais aproximado a que Lynch chegou (provavelmente desde ERASERHEAD) daquela que é a sua natureza, o seu ADN de cineasta: a liberdade visionária e associativa dos surrealistas e vanguardistas doutras décadas, a rudeza labirinticamente material e conceptual dalgum experimentalismo ‘underground’, o gosto pelo dispositivo paradoxal e interpelador de algumas artes plásticas (mormente videográficas) modernas” (Luís Miguel Oliveira, Ípsilon). A sessão assinala o lançamento do livro de Fátima Chinita O Espectador (In)visível Reflexividade na Óptica do Espectador em Inland Empire, de David Lynch, editado pela Livros Labcom.