Hitchcock é o guia desta inesquecível viagem pela Escócia, num filme que muitos consideram o melhor do seu período britânico e o “gémeo” do NORTH BY NORTHWEST da fase americana. Adaptado de um popular romance de John Buchan, trata-se da história de um homem tomado erradamente por assassino (um tema típico de Hitchcock) e obrigado a percorrer a Escócia algemado a uma rapariga, durante a fuga e a busca do verdadeiro criminoso.

Com JAMAICA INN, MR AND MRS SMITH é o filme mais “atípico” de Hitchcock. Aliás, o realizador referiu-se a ele como um filme de circunstância, declarando que o fizera pela amizade que o ligava a Carole Lombard. É uma comédia clássica (dentro do modelo da sophisticated comedy, a lembrar os filmes de Lubitsch e Cukor) sobre um casal que se crê divorciado mas não o é (devido a um pormenor administrativo), num processo que resulta em reconciliação.

FOREIGN CORRESPONDENT é o segundo filme americano de Hitchcock. Joel McCrea é um repórter desportivo americano, enviado para a Europa para uma série de reportagens “diferentes” sobre a crise política que levou à II Guerra Mundial. É um dos filmes mais espetaculares de Hitchcock, cheio de achados visuais e com o seu humor característico. Numa réplicas da sua personagem, Harry Davenport é lapidar: “I don't want any more economists, sages, or oracles bombinating over our cables. I want a reporter. Somebody who doesn't know the difference between an ism and a kangaroo / Não quero mais economistas, sábios, ou oráculos a bombar nos nossos cabos. Quero um repórter. Alguém que não saiba distinguir uma teoria de um canguru.”

Obra maior de Hitchcock, SUSPICION é um hábil retrato psicológico da suspeita e do medo, com Cary Grant a dar à sua personagem uma ambiguidade em que se apoia praticamente todo o suspense do filme. E Hitch faz com que os seus mais inesperados gestos e comportamentos transmitam uma sensação de inquietação ao espectador, mesmo que, para este, lhe seja inconcebível ver Grant como (possível) vilão, o que justifica o ambíguo happy-end.