13/03/2020, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Carta Branca 2020 a Jorge Silva Melo
Namay-e Nazdik / Close-Up
de Abbas Kiarostami
com Hossain Sabzian, Abolfazl Ahankhah, Abbas Kiarostami, Mohsen Makhmalbaf
Irão, 1990 - 90 min
legendado em inglês e eletronicamente em português | M/12
CLOSE-UP é uma das obras-primas de Abbas Kiarostami, um filme extraordinariamente livre, complexo, mas simples à superfície. Construindo-se nos registos documental e da ficção, e refletindo sobre a natureza da imagem, o real e o cinema, segue a história de um homem desempregado que finge ser o realizador Mohsen Makhmalbaf. Num testemunho filmado para acompanhar a sua edição portuguesa em dvd, Jorge Silva Melo defendo-o como um filme que coloca as questões fundamentais do cinema com simplicidade, nitidez, problematização: “Depois deste filme não é possível fazer cinema da mesma maneira. Ficamos a duvidar de tudo.” A apresentar em cópia digital.
13/03/2020, 18h30 | Sala Luís de Pina
Carta Branca 2020 a Jorge Silva Melo
Battle Cry
Antes do Furacão
de Raoul Walsh
com Van Heflin, Aldo Ray, James Whitmore, Mona Freeman
Estados Unidos, 1955 - 149 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Com argumento de Leon Uris a partir do seu best-seller homónimo, BATTLE CRY é o filme em que Raoul Walsh volta aos palcos da Segunda Guerra Mundial, com uma visão mais distanciada e crítica sobre o conflito e os homens. Singularmente, este notável filme de guerra destaca-se menos pelas características épicas das acções dos Marines, bastante reduzidas, do que pelos retratos individuais dos militares e das mulheres que os acompanham. Na Cinemateca, não é apresentado desde 2001.
13/03/2020, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Carta Branca 2020 a Jorge Silva Melo
Vanitas ou O Outro Mundo
de Paulo Rocha
com Isabel Ruth, Joana Bárcia, Filipe Cochofel, Pedro Miguel Silva, João Pedro Bénard
Portugal, 2014 - 100 min | M/12
sessão apresentada por Jorge Silva Melo
Lúgubre, insano, demente, desmesurado, cheirando a incenso e óleos, crepuscular, tétrico, fantomático, desgarrado, este filme desequilibrado, rasgado, filme roto, filme nu, filme irredutível, dorido e cantável, imensa melodia da passagem decrescente dos dias, será o filme mais amaldiçoado do mais amaldiçoado dos grandes cineastas modernos, Paulo Rocha. A ele se aplica o que Duras dizia de Montgomery Clift: “Só espero que haja cada vez mais homens que tremem como ele.” A “folha” da Cinemateca é de Jorge Silva Melo e lá se lê: “O que me inquieta neste filme é a ansiedade, indizível ansiedade”, ou “Raríssimas vezes o cinema nos deu este negrume, este abismo no coração gelado das personagens.”
16/03/2020, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Carta Branca 2020 a Jorge Silva Melo
Adieu Philippine
de Jacques Rozier
com Jean-Claude Aimini, Yveline Cery, Stefania Sabatini
França, 1962 - 106 min
legendado eletronicamente em português | M/12
O mais amado dos filmes desconhecidos (a sua carreira foi atribulada, em Portugal nunca estreou) do mais raro dos cineastas da Nouvelle Vague, Jacques Rozier, cujo percurso fulgurante nunca mais terá tido sossego, filmando desde então os mais livres dos filmes. Nunca ninguém filmou tão perto a errância da gente nova, a hesitação, os dias inseguros, os adeuses, os acasos, o peso da guerra – aqui, a da Argélia. Tudo é fresco e novo neste documento único em que a Graça visita os corpos 24 vezes por segundo. Sobre ele escreveu Jorge Silva Melo que remata assim: “é que ADIEU PHILIPPINE é um filme de coração nas mãos, tão lindo.” A apresentar em cópia digital.
17/03/2020, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Carta Branca 2020 a Jorge Silva Melo
Abismos de Pasión
O Monte dos Vendavais
de Luis Buñuel
com Jorge Mistral, Irasema Dilian, Lilia Prado, Ernesto Alonso
México, 1953 - 90 min
legendado em português | M/12
ABISMOS DE PASIÓN ou CUMBRES BORRASCOSAS é, sem a menor dúvida, um dos pontos mais fortes do período mexicano de Buñuel. Guillermo Cabrera Infante disse deste filme que era “um mau Brontë, mas um bom Breton”, destacando a sua dimensão surrealista. Note-se que no título da versão buñueliana de Wuthering Heights passamos do “monte” aos “abismos”, o que inverte todas as conotações. Apesar disso (ou por causa disso), esta adaptação do romance de Emily Brontë é fiel ao espírito da obra, acentuando a “possessão” de Heathcliff/Alejandro na siderante cena final no cemitério (a preferida de Buñuel), nec plus ultra do amour fou no cinema. A apresentar em cópia digital.