Vindo da redação dos Cahiers du Cinéma, onde se estreou na escrita em meados da década de 1960 ao lado de nomes como Serge Daney ou Louis Skorecki, Jean-Claude Biette (1942-2003) foi um dos vários críticos que saíram das páginas da célebre revista francesa para a cadeira de realizador. Em janeiro a Cinemateca exibe a totalidade da sua obra no formato de longa-metragem (sete filmes), acompanhada de um retrato do cineasta assinado por Pierre Léon, um dos seus mais regulares colaboradores.
Autor do primeiro filme da Diagonale não realizado por Paul Vecchiali, o responsável por essa que foi uma das mais secretas aventuras do cinema francês, Biette mostrou logo no primeiro filme (LE THÉÂTRE DES MATIÈRES) os eixos da sua futura obra: a relação com o teatro, do palco e dos bastidores, e as suas continuidades fora dos palcos e dos bastidores, assim como narrativas labirínticas paredes meias com uma aura de “mistério” que criam um parentesco com o cinema de Jacques Rivette. Um universo muito próprio que também reflete uma relação de cumplicidade com atores e grupos de atores de várias gerações, de Sonia Saviange e Jean-Christophe Bouvet a Mathieu Amalric e Jeanne Balibar, passando por Howard Vernon, o seu “ator-fétiche”.
Dos sete filmes a exibir nesta retrospetiva, apenas um teve estreia comercial em Portugal (TRÊS PONTES SOBRE O RIO, uma produção de Paulo Branco parcialmente filmada no nosso país), havendo ainda duas estreias absolutas na Cinemateca: CHASSE GARDÉE e LE COMPLEXE DE TOULON.
A retrospetiva Jean-Claude Biette – O Teatro Das Matérias antecipa um último mergulho na obra de Paul Vecchiali e no universo da Diagonale marcado para o próximo mês de fevereiro, em que serão também exibidas as curtas-metragens assinadas por Biette.
Programa completo
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